Sexta 26 de Abril de 2024

Nacional

ELEIÇÕES 2014

Intenção de votos em Aécio e a crise do projeto tucano

02 Oct 2014   |   comentários

O que antes era apostado como uma candidatura forte encabeçada por frações da burguesia paulista e mineira, agora está voltada para novas configurações e crises no PSDB e suas relações com outros partidos do regime.

O que antes era apostado como uma candidatura forte encabeçada por frações da burguesia paulista e mineira, agora está voltada para novas configurações e crises no PSDB e suas relações com outros partidos do regime.

A última pesquisa de intenção de votos manteve a disputa acirrada entre Dilma com 39% das intenções de votos e Marina com 31%. Já no segundo turno as projeções apontam para 41% e 43%, respectivamente. A diferença principal em relação à última pesquisa, porém, se deu com o aumento de 4 pontos percentuais na candidatura de Aécio Neves, que subiu de 15% para 19%.

Os tucanos comemoram esse respiro na corrida eleitoral e apostam num novo momento que chamam de “onda da razão”. Esta “onda” para os tucanos poderia ser o motor de superar a comoção devido à morte de Eduardo Campos que disparou Marina Silva na disputa eleitoral. Aécio tenta então aparecer com cara própria frente à “novidade” burguesa de Marina Silva. Bate em Marina dizendo que o PSDB não muda suas propostas de governo segundo as conveniências do momento. E tenta criar o discurso de que sua candidatura é a “única realmente de oposiçao”. A campanha de Aécio aposta na rejeição da imagem do PT enquanto partido, explorando o mais novo caso de corrupção da Petrobrás. E, priorizando a estratégia de apostar no “desgaste do PT” tenta atacar Marina ligando a imagem da candidata ao cargo que ocupou como ministra do Meio Ambiente no governo Lula, dizendo que um governo de Marina dependeria de muitas figuras do escalão petista.

Porém, muitos jornais burgueses e analistas colocam que seria hora de Aécio voltar a atenção para seu estado natal e seu conhecido nicho de votos, Minas Gerais. Em Minas Gerais, as coisas não vão bem para Aécio nem para os tucanos. Isso porque no Estado seu apadrinhado, Pimenta da Veiga, está 20 pontos percentuais atrás do petista Fernando Pimentel, que lidera para governador com 43%.

Aponta-se a possibilidade do PSDB e Aécio sofrerem uma derrota nacional e regional. E isso pode levar a novas configurações no regime de partidos. Isso pode se dar pois apesar de Aécio questionar os vínculos de Marina com o PT, ele foi o protagonista, junto com Fernando Pimentel, da aliança dos tucanos na candidatura de Márcio Lacerda, do PSB, junto com o PT, que foi eleito prefeito de Belo Horizonte, capital do Estado, primeiro em 2008. Apenas em 2012 Lacerda rompeu com os petistas, que seguiram com candidatura própria de Patrus Ananias. E então seguiu com apoio de Anastasia, então governador tucano, e de Aécio. Agora, Marina Silva no PSB embaralha de novo as cartas deste partido, colocando em jogo as alianças do PSDB também no Estado uma vez que está em jogo sua gestão do estado burguês desde 2003.

Mas o que acontecerá com uma derrota nacional e regional ao projeto do PSDB? Como hipótese mais elementar, mais troca-troca entre partidos, fisiologismos de todo tipo, também entre os petistas e tucanos no Estado. Essas variações podem apontar para maiores elementos de crise de representatividade dos partidos. Porém, a hipótese de novas configurações no regime de partidos e alianças pode abrir espaço para uma alternativa de esquerda e classista dos trabalhadores, que apareça contra todo esse jogo de negócios da burguesia e seus representantes.

Como essa alternativa classista dos trabalhadores segue sem existir nessas eleições, a candidatura petista de Fernando Pimentel aparece como possível “renovação” depois de mais de 10 anos de governo tucano e do modelo de “Choque de Gestão”. Porém, essa aparência cai por terra quando Pimentel tem em seu histórico as alianças estaduais com o PSDB e o histórico de ser o prefeito que menos teve abertura de diálogo com greves de trabalhadores. Esse é, inclusive, o histórico do PT nas prefeituras de Belo Horizonte, como com Patrus Ananias em 1994 que impôs 0% de aumento e desconto dos dias parados em uma das maiores greves de professores da rede municipal da cidade.

Isso mostra como Fernando Pimentel, o tucano entre os petistas, pode estar à beira de conseguir dirigir uma nova configuração regional entre os partidos a partir de uma possível derrota do PSDB. Ou seja, um PT que tende a ser eleito usando o discurso de priorizar o social, porém na prática sendo uma alternativa burguesa para futuros ajustes a serem descarregados nas costas dos trabalhadores e do povo. E para isso quanto mais setores da burguesia a seu redor, melhor.

20/09/2014

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