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Nacional

Aprovação do governo Dilma despenca, mas do Congresso também

19 Mar 2015   |   comentários

Três dias após as manifestações massivas contra a corrupção e contra o governo Dilma, saiu uma nova pesquisa de avaliação da reprovação do governo Dilma e do Congresso.

Três dias após as manifestações massivas contra a corrupção e contra o governo Dilma, saiu uma nova pesquisa de avaliação da reprovação do governo Dilma e do Congresso. Com uma politização que engloba todas as classes, a direita canalizou descontentamento nas ruas nos protestos de 15 de março. Porém o descontentamento vai muito além do que esta consegue organizar e capitalizar, porque toca em questões econômicas e sociais que ela não oferece respostas. O descontentamento atinge também o regime e segue aprofundando a crise de representatividade, que atinge em primeiro plano o governo, mas também o Congresso.

Dos entrevistados pelo instituto Datafolha, 62% reprovam o governo e apenas 13% disseram aprovar o governo petista. Ironia do número da porcentagem ou não, esta é a maior reprovação de um governo no início de mandato desde que foi reinstaurado o regime democrático no país. Assim como é a pior avaliação desde setembro de 1992, véspera do impeachment de Fernando Collor. Quando perguntados sobre o Congresso, apenas 9% aprovam o desempenho os parlamentares.

Segundo faixas de reprovação por região do país, a maior foi no centro oeste, com 75% de reprovação, seguida de 66% no sudeste, 64% no sul, 55% no nordeste e 51 % no norte. Isso mostra que mesmo nas regiões onde há forte base governista, como norte e nordeste, a desaprovação está em alta.

Segundo faixas de reprovação por renda, mostra-se uma disputa pelo maior índice de reprovação do governo. Os trabalhadores precários que recebem entre 2 e 5 salários mínimos (chamados de “nova classe média”), lideram a insatisfação, com 66% de reprovação. Na renda onde estariam os trabalhadores de setores bem remunerados da classe operária (entre 5 e 10 salários) a reprovação é de 65%, junto com os que recebem mais de 10 salários.

Frente essa situação há limites para a oposição burguesa institucional canalizar esse descontentamento visto que ela é parte do mesmo regime e do Congresso corruptos. Também está envolvida em grandes esquemas de corrupção, como o mensalão tucano e também é do PSDB uma das figuras envolvidas na lista Janot, Anastasia, ex- governador de Minas Gerais e homem de confiança de Aécio Neves. Por outro lado, os defensores de impeachment ou de "intervenção militar", diferente do alardeado pelo petismo, são muito minoritárias, como se mostrou nos protestos de domingo.

Mantêm-se um cenário de crise que por agora fortalece institucionalmente o PMDB, um dos partidos mais fisiologistas do regime, que conseguiu com sua última barganha a queda do ministro da Educação, Cid Gomes. Cid Gomes virou alvo do PMDB após suas declarações contrárias à boa parte do parlamento, e por esta via atingindo quem preside o parlamento, o PMDB.

Assim, nenhum partido, muito menos o Congresso, consegue hoje aparecer como alternativa a tamanha insatisfação que atravessa todas as classes sociais. Apenas uma saída que responda pela raiz essa situação pode ser algo que atenda às demandas da maioria da população trabalhadora, pobre e da juventude. E essa saída só pode ser independente do governo e da oposição de direita, ambas a serviço dos interesses dos empresários e capitalistas que hoje jogam nas costas dos trabalhadores os efeitos da crise financeira e da crise de representatividade do país.

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