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Nacional

CAMPANHA SALARIAL METALURGIA BH/CONTAGEM

Unidade operária para derrotar a chantagem da patronal

09 Dec 2013   |   comentários

A campanha salarial na metalurgia foi fechada na grande maioria do país com acordos em media de 2% de aumento real. Para conquistar esse aumento os trabalhadores fizeram paralisações. A mais importante foi a greve dos trabalhadores da SCANIA, em São Bernardo/SP, que paralisaram apesar da vontade da burocracia sindical da CUT. Agora é a vez dos trabalhadores de Minas Gerais, com a greve na construção civil e paralisações na metalurgia numa dura (...)

A campanha salarial na metalurgia foi fechada na grande maioria do país com acordos em media de 2% de aumento real. Para conquistar esse aumento os trabalhadores fizeram paralisações. A mais importante foi a greve dos trabalhadores da SCANIA, em São Bernardo/SP, que paralisaram apesar da vontade da burocracia sindical da CUT. Agora é a vez dos trabalhadores de Minas Gerais, com a greve na construção civil e paralisações na metalurgia numa dura campanha salarial em que a patronal e a FIEMG chantageiam: aumento real com imposição do banco de horas ou reajuste de 5,9%.

Com forte peso na mineração e siderurgia, a patronal mineira terá que atacar ainda mais os trabalhadores para responder às defasagens do setor siderúrgico, que teve certa recuperação pós 2008, porém que ainda encontra cerca de 40% de seus fornos parados. O governo federal no último período implementou uma política de isenção fiscal e investimentos (como foi a isenção do IPI). Isso mostra como a indústria nos momentos de crise é salva e custeada pelo governo, que tira dinheiro de outras áreas pra salvar os investimentos privados. Porém as empresas na hora da negociação não repassam esse "ganho" aos trabalhadores. O governo federal mostra como governa para a burguesia, que utiliza o Estado e o governo como patrocinadores de seus negócios privados.

Ainda como forma de responder à sede de lucro da burguesia, a patronal subiu o preço do aço no início do semestre. Porém esse aumento deixa a produção nacional ainda mais desfavorecida frente à competitividade da indústria chinesa. E para a burguesia a maneira mais lucrativa de responder a esse problema é aumentando a sua exploração sobre os trabalhadores. Entende-se então por que a patronal com apoio da FIEMG diz aceitar a negociação para um aumento salarial acima de 5,9% com a imposição do banco de horas.

A burocracia sindical da CUT que está na direção do Sindicato dos Metalúrgicos de BH/Contagem, com apoio da CTB, deveria ter preparado os trabalhadores para uma luta dura. Porém, privilegiaram as negociações a portas fechadas e frente a intransigência da patronal se viram com a corda no pescoço. Em meados de novembro, depois de cerca de 10 reuniões, passaram a chamar paralisações parciais e cortes de rodovias. Como apontava o revolucionário León Trotsky em luta política contra a direção stalinista na década de 1930: “a aliança com os reformistas, no momento em que as circunstâncias os obriga a dar um passo ou meio passo adiante, pode ser inevitável. [...] Porém, é necessário saber de antemão que os comunistas romperão implacavelmente com os reformistas tão logo estes deem um salto para trás. ” [1] E mais cedo do que o imaginado os reformistas da direção do sindicato dos metalúrgicos de BH/Contagem estão dando um salto pra trás. Já no início de dezembro, essa direção encaminha as negociações com a patronal por fábricas, enfraquecendo a luta dos trabalhadores, que frente a uma campanha dura precisa da unidade operária nas distintas empresas e não sua divisão. A direção sindical da CUT mostra que mesmo com a corda no pescoço segue sendo uma direção conveniente à patronal.

A frente única não é apenas a unidade das direções das grandes centrais contra uma intransigência da patronal. É antes de mais nada a unidade dos trabalhadores contra um inimigo em comum. Os trabalhadores tem que ter claro que a burocracia sindical é o braço da burguesia no seio da classe operária. Os revolucionários tem que mostrar aos trabalhadores que não é possível depositar confiança numa direção como essa. E até agora não foi esse o papel cumprido por setores da esquerda como o PSTU, que está na direção da CSP-CONLUTAS e da Federação Sindical e Democrática dos Metalúrgicos de Minas Gerais. Em nome da frente única, corretamente compuseram os cortes de rodovias e as paralisações nas empresas, porém não ofereceram até agora um plano distinto da burocracia sindical para mostrar qual o papel nefasto que cumpre essa direção. Diferente dessa ação sindicalista, fruto de anos de adaptação do PSTU ao regime sindical brasileiro, a atuação dos revolucionários deve ser outra.

Contra a chantagem da patronal e independente da burocracia sindical que divide as fileiras operárias é necessário uma alternativa combativa, classista e revolucionária dos trabalhadores. É vital a unidade dos trabalhadores pela base, tomando os sindicatos das mãos das direções atreladas à patronal e colocando-os a serviço da unidade das fileiras operárias. E essa unidade só pode ser efetiva a partir da luta para que as decisões sejam tomadas desde a base dos trabalhadores, com organização para que os trabalhadores consigam coordenar sua luta entre as distintas empresas, resgatando a tradição da classe operária mineira como comissões de fábrica independentes da patronal. Apenas a unidade dos trabalhadores pode tirar a campanha salarial do impasse em que se encontra para derrotar o banco de horas e conquistar o aumento de 9%. Essa seria uma conquista para fortalecer os trabalhadores para poder lutar por demandas que busquem unir a classe, como a derrubada do PL4330 e a contratação imediata de todos os trabalhadores terceirizados, com iguais direitos e salário, assim como avançar na luta por um salário mínimo para uma família viver com dignidade, que é o salário mínimo do DIEESE (R$ 2.761,58).

[1O terceiro período dos erros da Internacional Comunista”. Leon Trotsky. 22 de fevereiro de 1930.

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