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Bancada evangélica garante 40 deputados e Igreja Universal triplica seu espaço

09 Oct 2014   |   comentários

Nas eleições, o candidato Celso Russomano teve 1.524.361 votos, ou 7,26% dos sufrágios válidos em São Paulo. Com isso, garantiu além da própria eleição mais quatro deputados para seu atual partido, o Partido Republicano Brasileiro (PRB), ligado à Igreja Universal do Reino de Deus, de Edir Macedo, também proprietário da Rede Record de televisão.

Nas eleições, o candidato Celso Russomano teve 1.524.361 votos, ou 7,26% dos sufrágios válidos em São Paulo. Com isso, garantiu além da própria eleição mais quatro deputados para seu atual partido, o Partido Republicano Brasileiro (PRB), ligado à Igreja Universal do Reino de Deus, de Edir Macedo, também proprietário da Rede Record de televisão. Isso garantiu à legenda oito deputados no estado de São Paulo e vinte e um em todo o país, triplicando a bancada da sigla e garantindo maio influência em um possível futuro mandato de Dilma.

Russomano aparece como figura política após ser apresentador de um quadro de “defesa do consumidor” na mesma rede Record de Edir Macedo. Lançando candidatura a deputado federal em 2006 pelo Partido Progressista (PP) de Paulo Maluf, ex-governador biônico da ditadura e atualmente procurado pela Interpol pelos seus esquemas de corrupção quando prefeito de São Paulo, Russomano se elegeu com 573 mil votos. Em 2012 foi a surpresa da corrida eleitoral à prefeitura de São Paulo chegando a 21,6% dos votos (1,3 milhões).

Nestas eleições, Russomano trocou o partido de Maluf pelo de Edir Macedo, ambos pertencentes à base aliada do governo do PT. Atualmente, além de seu espaço na câmara, o PRB controla o Ministério da Pesca.

Russomano foi o deputado mais votado em São Paulo, e sua eleição é expressão do crescente poder das Igrejas Evangélicas na política brasileira que, nestas eleições conquistou um total de 40 cadeiras na Câmara dos Deputados a partir de diferentes legendas. Suas votações mais expressivas foram as de Irmão Lázaro (eleito em terceiro lugar na Bahia com 161.438 votos) e Marco Feliciano (também terceiro lugar em São Paulo, com 398.087), ambos ligados ao PSC de Pastor Everaldo, que concorreu à presidência.

Após ser indicado pelo governo Dilma para presidenciar a Comissão de Direitos Humanos da Câmara pelo governo do PT no ano passado e propor a criação do projeto homofóbico e reacionário que ficou conhecido como “cura gay” e despertar protestos da comunidade LGBTT e organizações de esquerda em todo o país, nessas eleições o deputado Marco Feliciano ampliou sua votação em 186 mil votos, mostrando que deve muito à projeção garantida pelos seus aliados do PT.

Em Pernambuco e Amazonas, representantes da bancada evangélica garantiram o segundo lugar entre os deputados, obtidos respectivamente por Pastor Eurico (PSB, mesmo partido da também evangélica Marina Silva) com 233.792 votos e Silas Câmara (PSD), com 166.281 votos.

A enorme expressividade da bancada evangélica, tendo como eixo de seus mandatos a defesa de projetos homofóbicos, machistas e corporativistas para as Igrejas, demonstra como no Brasil, a despeito do que diga a Constituição, o Estado está muito longe de ser laico. Da mesma forma, a expressiva representação dessa bancada na base aliada do governo do PT e sua imposição sobre pontos do programa, como o posicionamento contrário de Dilma em relação à legalização do aborto, desmascara a suposta posição petista de “defesa dos direitos humanos”, mostrando que o que vale é o pragmatismo eleitoral, no qual se negociam os direitos das mulheres e LGBTT em troca do apoio dos setores mais reacionários.

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