Quarta 24 de Abril de 2024

Nacional

Debate da TV Bandeirantes

Dilma e Aécio ofendem a inteligência da população

15 Oct 2014   |   comentários

O debate entre Dilma e Aécio televisionado pela TV Bandeirantes na noite de 14/10 mostrou bem para que servem as eleições e quem são os candidatos. As palavras que mais sobressaíram foram “mentira” e “leviandade” e sobraram autoelogios.

O debate entre Dilma e Aécio televisionado pela TV Bandeirantes na noite de 14/10 mostrou bem para que servem as eleições e quem são os candidatos. As palavras que mais sobressaíram foram “mentira” e “leviandade” e sobraram autoelogios.

Autoelogios

Em suas considerações iniciais, Dilma declara: “Tiramos 36 milhões de pessoas da pobreza extrema, da miséria, e elevamos 42 milhões de pessoas à classe média”. Obviamente, não diz que isso foi muito pouco perto dos lucros historicamente inéditos que tiveram os banqueiros e empresários.

Aécio, por sua vez, inicia reivindicando a estabilidade da moeda alcançada no governo FHC. Por suposto, não diz que isso foi ao custo da maior desvalorização da renda do trabalhador e das maiores taxas de desemprego da história do país.

Quando falta saúde, o ataque passa a ser a única defesa

Em sua primeira pergunta, Dilma aborda a saúde e denuncia que o governo de Aécio no estado de Minas Gerais não investiu em saúde o valor exigido pela Constituição. Aparentemente, não morrem pessoas todos os dias nas filas dos hospitais, e caso isso ocorra o PT, há 12 anos no poder, não tem nada haver com isso.

Alegando “desinformação” de sua adversária, Aécio, diz que o Ministério da Saúde de Dilma atribuiu a Minas Gerais a melhor saúde do sudeste. Logo, lança a bola para a adversária dizendo que nos três mandatos do PT, a participação do governo federal nos investimentos em saúde reduziu de 56% para 45%. Por suposto, Aécio não diz que no governo FHC os gastos com saúde foram drasticamente reduzidos ao mesmo tempo em que boa parte do sistema foi privatizado.

Dilma volta a contra-atacar dizendo quem em Minas Gerais o Samu (sistema de transporte de urgência de pessoas que são feridas nas ruas) existe em apenas 28% dos municípios, e 45% da população está desprovida desse serviço.

Depois de alegar novamente “falta de informação” e “oposição desqualificada”, Aécio promete aumentar o programa “Saúde da Família” e não mais descriminar os médicos cubanos que vieram para o Brasil e recebem cerca de um terço do que os demais médicos do país.

Troca de carícias

Na sua vez de perguntar, Aécio expõe o profundo conteúdo da disputa presidencial: “Candidata, desde o primeiro turno, a sua campanha tem sido marcada pelos ataques, pelas ofensas, pelas mentiras. (...) A senhora não se arrepende, candidata, de ter feito uma campanha com ataques tão violentos e tão cruéis no primeiro turno contra seus adversários?”.

E Dilma responde, também com a profundidade que lhe cabe ao cargo: “Candidato, eu acho que quem faz ataques cruéis é o senhor, e acho que o senhor distorce todos os fatos e realidades”.

Frente às tendências recessivas da economia: demagogia e o ajuste

Apelando para o crescente descontento por causa da inflação, Aécio questiona a propaganda do governo que a desconsidera. Dilma responde alegando que seu adversário propõe para a alta dos preços é de ajuste contra os trabalhadores, como teria dito o já indicado futuro ministro da economia de um eventual governo do PSDB, Armínio Fraga.

Obviamente, a candidata não diz que seu próprio ministro da economia, Guido Mantega, já anunciou que logo após as eleições ajustes terão que ser feitos. Não diz que seu próprio governo já tem em mãos um projeto de lei que facilita e amplia o mecanismo de suspenção dos contratos de trabalho como forma de flexibilização da CLT.

Aécio nega planos draconianos e alega que sua mágica será fazer a economia crescer com mais “eficiência” e “transparência”. Essas são palavras obliquas no linguajar mais popular dos tucanos significa: privatização, corte de empregos, redução de salários e corte nos gastos sociais.

O país das maravilhas na educação

A certa altura do debate Dilma aborda o tema da educação: “Se considerar eu e o Presidente Lula, nós triplicamos o valor gasto na educação”. Por suposto não diz que está contabilizado, como parte desse orçamento, os recursos destinados a subsidiar os capitalistas do ensino privado através do programa “Prouni”. Aqui, assim como no caso da saúde, o autoelogio é tamanho que não se entende porque as pessoas foram às ruas em junho do ano passado protestando pelas péssimas qualidades da educação.

Indagado sobre o programa de ensino técnico do PT chamado “Pronatec”, Aécio Neves, tratou de elogiar a educação em Minas Gerais como a melhor do país e atribuiu a paternidade deste programa social do PT às experiências de ensino técnico do governo do PSDB em São Paulo. Claro que Aécio não contabiliza entre esses “avanços” a grande onda de privatização do ensino sob os governo de FHC; nem tampouco as pesquisas que colocam São Paulo entre os piores indicadores do ensino fundamental.

O sujo falando do mal lavado

Apoiando-se nos escândalos de corrupção da Petrobras que nos últimos dias trouxeram novas evidências de participação do PT, Aécio ataca: “Todos nós, brasileiros, acordamos a cada dia surpresos com novas denúncias. Em relação à Petrobras, é algo absolutamente inacreditável”.

Depois de se postular como a combatente anticorrupção, Dilma parte para o contra-ataque enumerando es escândalos envolvendo o PSDB: “Além disso, candidato, eu me pergunto, aonde estão todos os envolvidos com o caso Sivam? Todos soltos. Onde estão todos os envolvidos na compra de votos durante a reeleição? Todos soltos. Onde estão os envolvidos na Pasta Rosa? Todos soltos. Aonde estão aqueles envolvidos no mensalão tucano, mineiro? Todos soltos. Onde estão os envolvidos nos metrôs e na compra de trens de São Paulo? Todos soltos”.

O jeito é votar nulo

É por essas e por outras que o debate terminou com sabor amargo de empate. A única forma de ser fiel ao sentimento que emergiu das ruas nas manifestações de junho, de não legitimar as medidas de ajustes que virão pelas mãos de Dilma ou de Aécio, é votar nulo e apostar na mobilização independente dos trabalhadores e da juventude.

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