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Último debate televisivo confirma a dúvida entre Marina e Aécio para o segundo turno

05 Oct 2014   |   comentários

O último debate antes das eleições de domingo reafirmou a tendência dos últimos dias de queda de Marina Silva e de retomada de Aécio Neves na disputa pelo segundo turno. Marina assume postura derrotada não soube contra-atacar os adversários. E debate recoloca a corrupção no centro das polemicas entre os candidatos e as questões democráticas fundamentais direito ao aborto, legalização das drogas e homofobia. Também trouxe o uso demagógico de políticas (...)

O debate na globo, o último e mais tenso debate destas eleições, reafirmou a manutenção de Dilma em primeiro lugar apesar das denúncias de corrupção nos escândalos da Petrobras e o recente escândalo nos Correios. A corrupção, um problema estrutural do regime político burguês, não afeta os números de Dilma: a candidata continua no primeiro lugar com 40% das intenções de voto segundo a última pesquisa Ibope. O fato evidencia que para a grande maioria da população a garantia da manutenção de programas sociais como o Bolsa Família e a garantia de que o Brasil não voltará ao anos neoliberais da década de 1990 sob o governo de Fernando Henrique Cardoso (FHC) pesa mais que estas denúnicas.

O PSDB de Aécio apostou em ser ofensivo dentro da estratégia de deslocar Marina Silva e chegar ao segundo turno com Dilma. Hoje, o PSDB está tecnicamente empatado com Marina em segundo lugar com 21% dos votos na pesquisa Datafolha. O projeto neoliberal apresentado por Aécio é mais coerente e convence os setores anti-petistas da classe média mais do que o de Marina.

O candidato enalteceu a privatização “necessária”, pedindo aplausos a FHC para a plateia (apesar da resposta de Dilma, o PT nos últimos 12 anos privatizou aeroportos, rodovias e o Pré-sal por meio dos leilões e concessões ao setor privado que a agradece com financiamentos milionários campanha petista). A estratégia de Aécio buscou golpear Marina Silva colocando-a como uma “ex-petista”, cujo discurso da “nova política” é falacioso pois sua campanha ressuscitou “velhos” políticos.

Marina, com uma postura de candidata derrotada, não emplacou em sua tentativa de discurso ofensivo para responder aos ataques de Dilma e Aécio. O debate consolidou sua tendência de queda livre perdendo espaço para Aécio. Ficou nítido para o telespectador que Marina não superou a posição de vitimização, se afundou em suas contradições. A “nova política” significa de fato, a velha política econômica neoliberal.

A candidata do PSB, terminou ofuscada por seu próprio discurso que repetiu a exaustão que era a única a ter apresentado um “programa de governo” como único diferencial. Há cerca de 20 dias, Marina era imbatível, abalou o PT, mas diante dos golpes do PT e de suas contradições da velha política neoliberal que sempre escondeu, não soube resistir, o cansaço a venceu.

Marina e Aécio confluíram em apresentarem propostas de cunho eleitoral e demagógico, para atraírem votos “populistas” a todo custo. Aécio agradeceu apoio de seu companheiro Paulinho da Força Sindical e aproveitou para anunciar a proposta de fim do fator previdenciário. Marina, propôs o 13 salário as famílias beneficiadas pelo Bolsa Família. Dois candidatos com orientação neoliberal sem qualquer comprometimento com as demandas da população, não diferente de Dilma. Os três candidatos tentaram esconder ao longo de todo o debate que preparam ajustes na economia para “controlarem” a inflação (do ponto de vista dos lucros dos empresários e não do custo de vida dos mais pobres) e a crise às custas dos direitos, dos salários e dos empregos dos trabalhadores.

Luciana Genro do PSOL se posicionou na linha de frente dos “outsiders” das eleições junto com Eduardo Jorge do PV, impactou setores da juventude e de classe média. Sua atitude foi ofensiva de denúncia dura, ao contrário do último debate, frente as posições de reacionarismo monstruoso de Levy Fidélix (PRTB) que saiu destruído deste debate.

O PSOL demonstrou que sua preocupação é superar o número de votos de Pastor Everaldo do PSC, sem o objetivo de desmascarar Dilma e o PT. As considerações finais de Luciana Genro, reafirmaram a estratégia eleitoreira do partido de “preencher os espaços do regime político”, com seus candidatos para que eles continuem por mais 4 anos a levantarem por dentro da Câmara e do Senado as demandas da juventude. E não o uso do parlamento para fortalecer as lutas da juventude nas ruas, as greves. O contrário, os “movimentos sociais” são instrumentais aos parlamentares nesta lógica.

De conjunto, o debate reforçou a tendência de todo o processo eleitoral de que os direitos democráticos são varridos para debaixo do tapete, como já é típico do regime político brasileiro. A ausência de temas fundamentais que tocam a vida real dos trabalhadores e do povo pobre tais como: educação, saúde, salário mínimo do DIEESE e leis trabalhistas, os rumos da economia do país, além das campanhas salariais em curso (Correios, bancários e metalúrgicos) e das lutas na educação como a recente greve de 116 dias das universidade estaduais paulistas.

Esta é uma amostra de que a forma de ocupação dos espaços eleitorais não pode trazer respostas as demandas da juventude, dos trabalhadores e do povo pobre, como prometeu o PT quando de sua criação nos anos 1980. A única resposta coerente é a construção de uma força política real que se baseie na mobilização apoiada na maior onda de greves no país desde os anos1980 e na juventude de junho de 2013.

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