Sábado 4 de Maio de 2024

Movimento Operário

1º DE MAIO

Um balanço do 1º de Maio para a esquerda

14 May 2008   |   comentários

Lamentavelmente, longe da efusividade e das vitórias históricas que o PSTU esta vendo por todo lado, os atos da esquerda neste 1o de Maio mostraram seu isolamento e a falta de perspectivas de uma verdadeira alternativa classista para a vanguarda operária e popular antigovernista.

Desde a LER-QI, travamos uma batalha no Encontro de Mulheres da Conlutas e junto ao Sintusp para que o 1º de Maio na Praça da Sé ajudasse a impulsionar uma campanha salarial unificada que combatesse o aumento da inflação dos alimentos. Fizemos esse chamado à Conlutas e ao PSTU, contra o rotineirismo das datas-base que limitam cada categoria a lutar separadamente uma vez por ano. Colocamos que era necessário lutar pela independência política dos trabalhadores, e que essa tarefa exige um combate ao programa, à estratégia e à prática política de conciliação de classes do PSOL.

Entretanto, o PSTU não só privilegiou seus acordos com o PSOL e a Igreja, como saíu a proclamar o caráter “classista e vitorioso” dos atos de 1o de Maio organizados pela “Frente de Esquerda” .

É uma irresponsabilidade frente à vanguarda, pois o fato de que o PSTU e o PSOL tenham reunido algumas centenas de pessoas em poucas cidades num país de mais de 40 milhões de assalariados urbanos é uma demonstração da força do governo e não da esquerda anti-governista. E é uma falsidade afirmar que sejam classistas atos que começam com uma missa e seguem com o PSOL à cabeça propagando seu reformismo “neo-petista” e pedindo a “benção de Deus” . Atos que não tiveram nenhum eixo programático nem politico claro, só palavras de ordem isoladas para os dias de festa.

O fato de que Heloísa Helena tenha discursado para 200 pessoas nas praias de Rio de Janeiro é mais uma demonstração cabal de que os 20% de intenções de voto que esta recebe em algumas pesquisas para as eleições presidenciais de 2010 não é mais que um espaço eleitoral completamente descolado de qualquer tipo de relação orgânica com setores reais da classe trabalhadora e do povo.

O fato de que o PSTU tenha reunido não mais que 400 ativistas na coluna que formou no ato da Praça da Sé e que em São José dos Campos o conflito dos trabalhadores da GM não tenha conseguido reunir mais que 300 pessoas é uma demonstração lamentável de que a influência sindical da Conlutas em muitas categorias importantes do país está distante de uma real capacidade de mobilização política ao redor dos problemas que envolvem os trabalhadores.

Se por um lado é certo que a alta popularidade do governo contribua para o isolamento da Conlutas em relação às massas, isso não isenta o PSTU de sua responsabilidade perante a vanguarda. Foi sua opção política privilegiar os acordos da “Frente de Esquerda” eleitoral com o PSOL, e a consequência disso foi a ausência de uma proposta programática e organizativa capaz de entusiasmar os setores operários e populares antigovernistas e avançar no agrupamento da vanguarda para intervir na luta de classes.

Neste cenário, em que se mostrou os limites da esquerda, desde a LER-QI participamos impulsionado junto com independentes um Bloco Classista e Internacionalista reunindo cerca de 200 trabalhadores e estudantes, delimitando no 1º de Maio da Praça da Sé uma luta pela independência política dos trabalhadores, pelo internacionalismo proletário e por um plano emergencial para responder à inflação no preço dos alimentos. Este Bloco deu continuidade à luta política que já havíamos começado a travar no Encontro de Mulheres da Conlutas e nos preparamos para lutar pelas mesmas bandeiras classistas no I Congresso da Conlutas que se realizará em julho.

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