Sábado 4 de Maio de 2024

Movimento Operário

1º DE MAIO

Declaração da Liga Estratégia Revolucionária frente ao 1º de maio

01 May 2008   |   comentários

Inflação cada vez maior, epidemia de dengue no Rio de Janeiro, violência policial contra o povo pobre e negro todos os dias, desemprego, trabalhos precários, superexploração. Essas são somente algumas das questões que têm sido parte do cotidiano dos trabalhadores e da juventude nesse país.

Em vários outros países do mundo a situação não é diferente. A fome se alastra em pleno século XXI e tem levado à revoltas, amedrontando a burguesia com o “fantasma” da luta de classes. Já houve revoltas no Haiti, México, Egito, Costa do Marfim, Marrocos, Moçambique, Senegal, Uzbequistão, Bolívia, Malásia, Filipinas, Indonésia e outros. Em Camarões (Ã frica), a repressão às marchas contra os aumentos de preços custou 40 vidas. E ainda temos que conviver com ocupações militares como no Iraque liderada por Bush e no Haiti liderada por Lula que reprimiu os protestos deixando quatro mortos.

É nesse marco que a CUT e a Força Sindical estão organizando grandes festas neste 1° de maio. A verdade é que nós, trabalhadores e jovens temos muito pouco a comemorar. Mas esses burocratas sindicais têm muito. Afinal, nunca tiveram tantos privilégios como no governo Lula. Esse é o motivo que faz com que sejam um enorme obstáculo para as lutas surgirem e se desenvolverem no sentido da independência da classe trabalhadora frente ao governo e a patronal. Em troca, e para comemorar seus lucros recordes no governo Lula, a patronal financia diretamente essas festas. Essa aliança é que tem permitido a eles descarregarem sobre as costas dos trabalhadores a inflação (só o feijão subiu 168%) e os ataques, enquanto eles tem lucros recordes, em especial as grandes empresas do agro-negócio.

É por isso que, junto a diversos trabalhadores e estudantes independentes, conformamos um Bloco de Luta Classista e Internacionalista no ato da Praça da Sé. Este ato é convocado pela Conlutas, PSTU, Intersindical, PSOL, PCB e outras organizações. Travamos uma luta para que este fosse um ato classista e combativo, que respondesse às necessidades reais dos trabalhadores, superando a tradição petista de fazer atos cheios de discursos (alguns deles falando até do socialismo e da revolução), mas que não servem para organizar a luta. Foi essa batalha que demos nas reuniões de preparação do ato, no Encontro de Mulheres da Conlutas e em todas as categorias onde atuamos, principalmente em trabalhadores da USP. Por isso, saudamos a iniciativa do Sintusp que aprovou em sua assembléia trazer para este ato a proposta de uma campanha salarial de emergência unificada frente ao aumento dos alimentos, chamando a romper com o rotineirismo das datas-base que só dividem a classe trabalhadora e favorecem a patronal. No movimento estudantil, também lutamos para reunir os estudantes anti-burocráticos que querem se aliar aos trabalhadores para vir a este ato para avançar na coordenação do movimento estudantil paulista.

CHEGA DE FESTAS E DATABASE! Para enfrentar o aumento nos preços dos alimentos: CAMPANHA SALARIAL NACIONAL DE EMERGÊNCIA UNIFICADA!

Não podemos esperar as datas base enquanto os preços comem nossos salários a cada dia, e os patrões enchem os bolsos com essa perda salarial. Os sindicatos da Conlutas e da Intersindical devem romper a acomodação às campanhas salariais isoladas e submetidas às datas base impostas pela legislação trabalhista ’ com o objetivo de manter os salários defasados enquanto os lucros patronais crescem. Todos os trabalhadores, de todas as categorias, incluindo os desempregados, terceirizados e precários são afetados pelo aumento dos preços. Continuar lutando cada um por si, como fazem os sindicatos da CUT, da Força Sindical e da pelegada que apóiam o governo divide e enfraquece a luta da classe trabalhadora e favorece os interesses dos patrões. Basta de lutar por salários uma vez por ano enquanto os preços aumentam todos os dias!

A Conlutas e a Intersindical devem organizar imediatamente uma Campanha Salarial Nacional de Emergência Unificada pela recomposição do poder de compra dos salários, preparando um plano de lutas, com assembléias em todos os sindicatos para unificar os trabalhadores e exigir que as outras centrais sindicais deixem de apoiar o governo e os patrões e se somem a essa campanha, lutando por:

â— Aumento Geral dos Salários. Reajuste Mensal de acordo ao aumento do custo de vida. Salário mínimo do Dieese (R$ 1.881,32).

â— Nenhuma demissão ou PDV.

â— Salários e Direitos iguais para os terceirizados.

â— Reforma agrária radical e crédito barato para atender as demandas dos sem-terras.

â— Mais verbas para saúde e educação. Não pagamento das dívidas interna e externa.

Pela independência política dos trabalhadores diante de todos os governos latino-americanos! Viva o Internacionalismo proletário!

A perspectiva da crise económica que vai atacar os trabalhadores em todo o mundo coloca como ainda mais urgente e necessário um programa de independência de classe para a ação e a organização política dos trabalhadores. Necessitamos independência política diante de todos os governos, não apenas em relação aos mais abertamente neoliberais como Lula, mas também aos “antineoliberais” como Chávez (Venezuela), Evo Morales (Bolívia) e Correa (Equador). Os trabalhadores só podem confiar em suas próprias forças e numa aliança com os camponeses e o povo pobre!

A luta dos operários da siderúrgica Sidor, na Venezuela, é um ótimo exemplo de por que os trabalhadores devem manter sua independência política. Só depois de nove greves e de serem reprimidos pela Guarda Nacional, quando começaram a receber uma ampla solidariedade a nível nacional, o governo Chávez anunciou a estatização da empresa. E fez isso, justamente, em função da força da mobilização operária independente. Mas os trabalhadores têm que estar em alerta já que Chávez quando teve que retomar o controle das empresas privatizadas o fez com indenizações milionárias, como no caso da CANTV e estabeleceu empresas mistas com as transnacionais como na indústria petroleira da Faixa do Orinoco.

Por sua vez, Evo Morales se esforça para conciliar com a direita oposicionista na Bolívia, ao invés de se apoiar na força dos trabalhadores e dos povos indígenas camponeses, que seriam capazes de derrotar nas ruas a burguesia, como já fizeram em outubro de 2003 com o ex-presidente Goni. Com essa política, só fortalece a direita. Por último, Lugo do Paraguai, além de ter pedido ao presidente Lula uma bênção à sua candidatura, já disse que tem como exemplo o governo de Tabaré Vasquez do Uruguai, um governo “socialista” burguês.

As organizações que se reivindicam classistas têm o dever, neste 1° de maio, de chamar os trabalhadores a não confiar nestes governos de conciliação de classes, que não têm interesse em romper de fato com o imperialismo e que levarão a luta dos trabalhadores à derrota. Para isso, temos que combater dentro do próprio ato setores como o PSOL e o PCB, que apóiam abertamente os governos burgueses de Chávez, Evo Morales e Correa. O PSOL, inclusive, se apressou a soltar uma declaração em apoio ao recém-eleito presidente do Paraguai, o ex-bispo Fernando Lugo. O panfleto de convocação do 1° de maio na Praça da Sé, não à toa, se abstém de sequer citar os governos da América Latina.

A Conlutas e a Intersindical, para se forjarem no internacionalismo proletário, precisam se colocar lado a lado dos trabalhadores e do povo oprimido dos países latino-americanos, e não ao lado de seus governos capitalistas como faz o PSOL.

CUBA:

Defender as conquistas da Revolução Cubana!

Contra o bloqueio imperialista à Ilha!

Abaixo os privilégios da burocracia castrista!

Contra a restauração capitalista implementada por Fidel (Raul) Castro e o PC Cubano!

Liberdade e legalidade dos partidos que defendem a revolução!

FORA OS EUA DA AMÉRICA LATINA, DO IRAQUE E DO ORIENTE MÉDIO!

RETIRADA DAS TROPAS DE LULA QUE ASSASSINAM O POVO HAITIANO!

Pela aliança operário-estudantil no 1º de Maio e nas lutas

Desde a ocupação da USP, vários processos de luta estudantil vem ocorrendo em todo o país. Em São Paulo segue a resistência nas privadas como a Fundação SantoAndré (de direito privado), PUC, Unicid e nas estaduais paulistas os estudantes começam a recompor suas forças que no ano passado impulsionaram a luta nacionalmente.

Isso tudo apesar da política da burocracia estudantil governista, do PSOL e do PSTU que tem sido incapazes de coordenar as lutas e apontar uma perspectiva independente frente à burocracia acadêmica. É o que se demonstra no absurdo de aceitar para reitor da UnB um secretário de segurança pública, ou seja, trocar um corrupto por um assassino.

Precisamos de um movimento estudantil que aponte uma perspectiva distinta para sermos vitoriosos na luta contra os planos dos governos e das burocracias acadêmicas de adequar a universidade ainda mais aos interesses capitalistas. Um primeiro passo que devemos dar é superar a falta de ligação com os trabalhadores e o povo pobre. Sem essa aliança não somente seremos incapazes de defender a universidade dos ataques, mas muito menos questionar o seu caráter elitista e racista e passar do questionamento da universidade de classes ao questionamento da sociedade de classes.

Por isso, nosso bloco colocou como eixo a questão aliança operária-estudantil e vai aprofundar essa perspectiva lutando por um encontro anitburocrático dos estudantes paulistas, como foi chamado pelo Conselho de Entidades da Unesp e pela construção de uma ala verdadeiramente classista e combativa de trabalhadores e estudantes no CONAT.

Um diálogo com os companheiros da Conlutas, do PSTU e da Intersindical

Neste ato, nosso bloco quer expressar a luta pela independência política dos trabalhadores, pelo internacionalismo proletário e por um programa operário para combater o aumento da inflação e a corrosão dos salários. Isso porque, infelizmente, apesar de reunir centenas dos trabalhadores mais combativos de São Paulo, o caráter do ato é ditado pelo PSOL e pela Igreja. Justamente o PSOL, que vota leis contra os trabalhadores como o Supersimples (que precariza o trabalho de mais de 60% dos trabalhadores) e chama os trabalhadores a apoiarem todos os governos latino-americanos de conciliação de classes. Justamente a Igreja, que é uma instituição reacionária e está fazendo uma campanha nacional contra o aborto junto à Heloísa Helena.

Lamentamos que o PSTU tenha se negado a travar essa luta, permitindo que as bandeiras da independência de classe se misturem com as bandeiras da conciliação com a burguesia. Chamamos o PSTU a romper com esse seguidismo ao PSOL e à Igreja. É necessário enfrentar a política da direção do PSOL encabeçada por Heloísa Helena que abandona a independência de classe em busca de alianças com setores da burguesia descontentes com o neoliberalismo.

Não concordamos com o PSTU de que esse é mais um problema “tático” justificável para não romper seus acordos eleitorais e sindicais com o PSOL. Essa concepção “tática” do PSTU contribui para que o PSOL influencie os trabalhadores da Conlutas e da Intersindical com o programa e a estratégia de conciliação de classes que este partido toma emprestado do velho petismo. Quando do que se trata é de combater de frente o eleitoralismo democrático burguês e o rotineirismo das datas-base para forjar uma nova tradição na Conlutas e na Intersindical.

Chamamos os trabalhadores da Conlutas a, junto conosco, lutar de maneira intransigente pela independência política da classe trabalhadora e a organizar uma ala no próximo Congresso da Conlutas que expresse essa perspectiva.

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