Quarta 8 de Maio de 2024

Debates

O que Eduardo nos ensina?

17 Feb 2015 | A Fantástica Fábrica de Cadáver” não deixa nada a desejar e Eduardo Taddeo manteve o nível questionador e duro das suas letras.   |   comentários

A Fantástica Fábrica de Cadáver” não deixa nada a desejar e Eduardo Taddeo manteve o nível questionador e duro das suas letras.

A fantástica fábrica de questionamentos

Em dezembro de 2014 foi lançado o primeiro álbum solo do rapper Eduardo Taddeo, antigo integrante do Facção Central. Um trabalho que já era aguardado com ansiedade pelos fãs do rap em geral.

“A Fantástica Fábrica de Cadáver” não deixa nada a desejar e Eduardo não somente manteve o nível questionador e duro das suas letras, como também lançou um álbum com volume. São 32 músicas que perpassam por diversos temas e contém tantas informações que faz todo o público, em especial o jovem trabalhador da periferia, correr atrás de tudo o que cada letra quis dizer. E essa é justamente a intenção, quando na faixa “Manicômio Judiciário” Eduardo diz que “se o moleque me ver informado, vai tentar se informar”.

Eduardo Taddeo, agora em carreira solo, com esse álbum se firma na cena do rap e também se consolida como uma contra corrente a qualquer forma de adaptação em relação a toda a cena musical brasileira, servindo de exemplo de que é possível ter uma relativa visibilidade e se manter fiel ao que você mesmo quer produzir, escrever e cantar. Isso está diretamente ligado ao fato de que as letras escritas por Eduardo desde os tempos de Facção Central são indigestas à burguesia e à ideologia dominante. Eduardo fala diretamente para as quebradas! O povo da periferia que vive cotidianamente com a violência policial, com o genocídio da população negra, com a desigualdade social, com o crime organizado e com a marginalização entende perfeitamente cada verso.

A mensagem necessária em captar nas músicas do Eduardo são exatamente essas denúncias ao Estado Burguês e à polícia, denúncias que estão presentes em cada linha de suas letras. E suas composições não param nas denúncias, pois, como dito anteriormente, Eduardo quer informar seu público. Esse é o motivo de lembrar por diversas vezes dos Panteras Negras, Marx e Che em seu novo álbum. Mesmo sendo um grande amálgama de conceitos, a grande característica de Eduardo desde o Facção Central é incitar o questionamento no povo periférico e lutar contra a desigualdade social e as opressões. Mesmo o rap sendo um reduto de letras com alguns traços fortes de machismo (presente também no Facção Central), Eduardo se diferencia desde quando estava no grupo, tendo composto a letra de “Mulheres Negras”, música interpretada por Yzalú, e agora em seu álbum solo cantar na música “Eu Acredito” os seguintes versos:

“Ai mina, valorize a luta das feministas
Mulheres atiraram por igualdade, política trabalhista
Sua cara não é ser vulgar na coreografia sensual
É tá engajada contra a violência doméstica e sexual”

É a partir desses exemplos e de cada uma das denúncias e questionamentos presentes em toda a carreira de Eduardo Taddeo até seu mais recente álbum que também temos que nos colocar a seguinte pergunta: o que fazer para responder a esses problemas?

A hegemonia proletária responde pela periferia

A luta contra o racismo, contra o machismo, contra a polícia e contra a desigualdade social, dentre inúmeras outras bandeiras levantadas por Eduardo, são lutas de toda a população da periferia, de todos os trabalhadores e de todos os que são oprimidos pelo Estado Burguês e pelo sistema capitalista.

Em cada segmento da sociedade, seja nos transportes, na educação, na saúde ou na produção das fábricas, estamos submetidos à lógica dos lucros dos grandes capitalistas, que ávidos por lucrar cada vez mais, passam por cima de nossos direitos e transformam esse sistema numa grande fábrica de cadáver. Os motoristas, cobradores, professores, enfermeiros, médicos e trabalhadores do chão de fábrica, cada um com o seu conhecimento, aliados a toda a população, é que podem acabar com essa lógica, tomar para si o controle do trabalho e da produção, acabar com essa lógica e transformar o mundo!

Ainda em tempos de Facção Central, a letra de “Discurso Ou Revólver” dizia que “a igualdade social é só em conto de fada”, mas a força dos trabalhadores, demonstrada através dos levantes operários que ocorreram em 2014 e continuam em 2015 mostram que o fim de toda a miséria capitalista é sim uma mera questão de tempo!
No espírito de combate à ideologia dominante colocado por Eduardo e no sentimento de estar ao lado dos trabalhadores nas lutas de agora e do próximo período é que chamo a todos a ouvir atentamente “A Fantástica Fábrica de Cadáver” clicando aqui

Artigos relacionados: Debates , Cultura









  • Não há comentários para este artigo