Segunda 29 de Abril de 2024

Juventude

JUVENTUDE

Construir uma fração do movimento estudantil combativo no Congresso da Conlutas

14 May 2008   |   comentários

Por: Tati

Em julho ocorrerá o 1º Congresso da Conlutas. Acreditamos que no marco da reorganização dos movimentos estudantil e sindical, este congresso será um importante espaço que pode discutir e tirar um programa que arme a vanguarda que estará aí presente para uma atuação nas estruturas que, de fato, seja capaz de responder aos principais anseios da classe trabalhadora.

Os estudantes, ao molde do que foi o CONAT, também terão direito a participar do Congresso através de delegados e, embora essa pareça uma constatação distante de uma ampla maioria dos estudantes, acreditamos que pode ser um passo importante para os estudantes se ligarem aos trabalhadores e suas organizações.

Como expressamos em diversos artigos nesse jornal, temos muitas diferenças políticas e metodológicas com relação à política que o PSTU impõe para a Conlutas que, fruto de sua adaptação a um partido de conciliação de classes como o PSOL acaba por não levar uma política conseqüente de independência de classe. Justamente por isso, é muito importante que exista uma ala de trabalhadores e jovens que apontem outra perspectiva para a Conlutas, lado a lado com um setor dos trabalhadores que vêm impulsionando lutas e mobilizações numa perspectiva anti-governista numa conjuntura onde Lula ainda bate recordes de aprovação popular.

A burocratização imposta pelo PSTU na Conlutas , entretanto, é peixe pequeno frente ao que ocorre hoje com a Conlute, uma vez que esta última ainda tem um caráter muito mais superestrutural do que a primeira que, de fato, existe na vida sindical de diversas categorias. Desse modo, ainda que reivindiquemos que é possível e necessário disputar a Conlute para que esta se conforme como uma coordenação real de lutas; vemos que para aqueles estudantes que têm a preocupação de construir um movimento estudantil aliado aos trabalhadores, a Conlutas , acaba aparecendo como um instrumento mais próximo de sua realidade do que a própria Conlute.

Assim, cremos que este espaço de discussão que se abre hoje a partir da preparação para o congresso pode nos ser um momento chave para colocar uma discussão muito mais profunda acerca de qual programa devem levar os trabalhadores nesse próximo período e romper com uma tradição que coloca o movimento estudantil e o sindical em esferas distintas. Nós, da LER-QI, em contrapartida, vemos que o movimento estudantil, não só deve participar de encontros como este, mas ser a voz dos trabalhadores dentro da universidade.

As lutas protagonizadas no ultimo período, que teve como expressão recente a ocupação da UNB [1], possuiu um limite que vem permeando todas as mobilizações: sua incapacidade de sair da esfera mais coorporativa e se massificar, ligando-se com sociedade. Acreditamos que essa saída só seria possível a partir do momento em que o movimento estudantil tomasse as demandas dos trabalhadores e dos setores mais pauperizados da sociedade como suas. A luta contra o REUNI, por exemplo, é um modelo claro disso, uma vez que ao contestar a ampliação de vagas sem a estrutura adequada correspondente, o movimento não construiu uma saída mais de fundo para responder aos anseios da enorme juventude que almeja uma vaga na universidade. Desse modo, para nós, seria fundamental ligar essa luta à bandeira do fim do vestibular e da estatização das universidades particulares como meio para a ampliação de vagas.

Vemos que frente a todos esses processos de luta que vem se manifestando, temos a necessidade imperiosa de conformar uma coordenação que articule as lutas que estão se dando de maneira anti-burocrática e seja capaz de construir uma plataforma unitária para os estudantes lutarem de maneira unificada. Acreditamos que a conformação de um bloco do movimento estudantil combativo no Congresso da Conlutas que esteja disposto a se ligar com os trabalhadores na perspectiva de superar seu principal limite e se massificar pode ser um primeiro passo para essa articulação tão necessária hoje.

No Congresso da Conlutas estaremos atuando junto a um setor do Sintusp e de trabalhadores de diversos setores que defenderá uma tese cujos principais eixos são a luta anti-imperialista; contra a flexibilização das leis trabalhistas; contra a terceirização e em defesa dos trabalhadores precarizados, lutando pela sua admissão sem necessidade de concurso publico; contra o apoio às greves da policia assassina, salário mínimo do DIEESE (R$1924,59); pelo fim da estrutura sindical corporativista, contra a burocratização nos sindicatos, pela organização sindical pela base e contra a repressão aos lutadores.

Achamos que essa é uma plataforma classista que deve ser levada adiante também pelo movimento estudantil combativo em cada uma de suas estruturas e junto aos trabalhadores. Chamamos, assim, a todos os lutadores e lutadoras dispostos a tomar para si a tarefa de lutar pela transformação da sociedade, que só pode ser feita em base a um programa classista e principista, a se unificar conosco no bloco que iremos conformar no Congresso da Conlutas com estas bandeiras.

Nenhuma luta fragmentada: pela articulação dos lutadores!
Pela aliança com os trabalhadores!
Por um programa classista para a Conlutas!

Tati é estudante de Ciências Sociais da Unicamp e coordenador do CACH (Centro Acadêmico de Ciências Humanas).

[1Ainda que com diversos limites, expressos profundamente no texto “Potencialidades e limites da ocupação da UNB” , Domenico Moreti, JPO nº 39

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