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Terremoto no Haiti e enchentes no Brasil: Catástrofes naturais?

24 Feb 2010 | “Ô Cibide, coitado, Não te contei? Tinha muita coisa A mais no barracão A enchurrada levou seus Tamanco e o lampião E um par de meia que era De muita estimação O Cibide tá que tá dando Dó na gente Anda por aí Com uma mão atrás E outra na frente” Agüenta a Mão, João (Adoniran Barbosa e Hervé Cordovil)   |   comentários

O problema das enchentes evidencia como nesta sociedade todos os dias famílias inteiras são jogadas na miséria pela sede de lucro de um punhado de empresários e especuladores que lucram horrores transformando as necessidades sociais em mais um nicho lucrativo para seus negócios através da especulação imobiliária. Os governos Lula, Serra e Kassab tentam esconder, mas se lixam para as famílias alagadas pensando nos lucros das grandes empreiteiras.

Lula, Serra e Kassab: de olhos no picadeiro eleitoral, no lucro das grandes empreiteiras e de costas para o sofrimento do povo

No mesmo ano da farra das passagens aéreas, dos escândalos dos atos secretos de Sarney, do “salvamento” de empresários e banqueiros a custa de bilhões do dinheiro do povo, milhões de demissões e precarização das condições de trabalho e novos escândalos como o panetonegate de Brasília (envolvendo os partidos de Serra e Kassab), o cinismo de Lula e Gedel Vieira Lima (ministro da Integração Nacional) é tão descarado que mesmo diante do quadro de miséria do povo e, a despeito das declarações empolgadas de Lula prometendo acabar com as enchentes no país, cortaram pela metade o orçamento previsto para prevenção de enchentes do ano de 2009 para 2010. Segundo a entidade ONG Contas Abertas: “Para minimizar os transtornos decorrentes dos desastres ambientais, em 2009 o governo federal destinou R$ 646,6 milhões para ações preventivas como contenção de encostas, canalização de rios e capacitação de agentes da Defesa Civil. No entanto, apenas 21% dessa quantia (R$ 138,2 milhões) foi efetivamente gasta.”

O governo Lula prefere ter política para manter os milionários lucros das grandes empreiteiras ao contrário de dar uma resposta para o grave problema de moradia popular: “entre outubro de 2008 e março de 2009 (...) o BNDES desembolsou R$ 27 bilhões, dos quais 77% foram para 26 monopólios nacionais e estrangeiros (...) Somente a associação Odebrecht-Andrade Guitiérrez, para explorar a hidroelétrica de Santo Antônio, ficou com 22,84% dos recursos (mais de R$ 6 bilhões).”

No estado de São Paulo, onde Serra faz campanha e arma o picadeiro das eleições presidenciais a situação não é tão diferente. Enquanto culpam as chuvas e a população que ocupa as áreas próximas aos rios pelas enchentes que causaram mais de 70 mortes e 25 mil desabrigados entre as 123 cidades atingidas, Serra não esconde, assim como Lula, os interesses econômicos de grandes consórcios capitalistas. Não é de se espantar que o grupo que está por trás do projeto de Serra do Parque Linear do Rio Tietê, projeto de ser o maior do mundo, são consórcios como CCR, constituído também pela Andrade Gutierrez e Camargo Correa, as mesmas empreiteiras que tem o consorcio da rodovia Anhanguera e Bandeirantes (PPPs), e as mesmas que foram parte do processo de privatização da Linha 4-Amarela do metrô, obra que desmoronou matando trabalhadores e transeuntes logo no início da gestão do atual governador. Serra e Kassab foram responsáveis diretos pelas inundações ordenando criminosamente o fechamento das comportas da Penha que foram responsáveis pela inundação desta área, fato que vem sendo denunciado inclusive pela defensoria Pública de São Miguel Paulista.

Basta de repressão aos moradores atingidos pelas enchentes! Por um programa que permita unificar os trabalhadores ao povo atingido pelas enchentes

Não podemos permitir que o caos das enchentes se perpetue e que as manifestações ocorram de maneira isolada, descoordenada e que sejam reprimidas pela polícia, como no ato dos moradores dos bairros alagados da zona leste, ocorrido na Prefeitura de São Paulo e realizado no dia 08/02, que contou com a presença de cerca de 300 pessoas, em sua maioria mulheres e negros, a prefeitura e governo autorizam a repressão policial.

Não basta levantar um programa como o proposto pelo Movimento Terra Livre, em São Paulo, que exige negociações, “mesas de diálogo” com a prefeitura e uma casa a cada casa inundada. A população e os trabalhadores têm que ter controle sobre suas vidas e suas moradias e não esperar promessas da prefeitura, canalizando uma justa revolta dos moradores das regiões alagadas muitas vezes à sede eleitoral de petistas que querem apenas desgastar o governo tucano de São Paulo.

Os moradores dos locais alagados têm que se ligar com os trabalhadores, para, juntos, colocarem a frente o programa de um verdadeiro plano de habitação popular e obras públicas, que atenda às necessidades básicas de vida dos trabalhadores e do povo e não dos interesses capitalistas. Parte deste plano pode começar ocupando e exigindo a desapropriação dos cerca de 400 mil imóveis desocupados apenas na capital paulista. Em cada bairro atingido pelas enchentes os moradores têm que poder escolher onde morar, e não serem obrigados a aceitar a promessa de uma quantia uma pouco maior a R$1000 de Serra quando perderam todos seus pertences, suas casas e algumas vezes a vida de parentes e amigos. A organização independente dos moradores junto aos trabalhadores da Sabesp , organizações sindicais e populares, aliando-se com a população e entidades estudantis faz-se necessária para conformar uma comissão de investigação independente para saber realmente quais os motivos das enchentes.

A Conlutas e a Intersindical, que estão preparando seu congresso de unificação, têm que por em pé uma ampla campanha de agitação e de solidariedade com o povo atingido pelas enchentes e levar a frente o programa proposto acima, capaz de dar uma alternativa de classe, junto aos trabalhadores, para os moradores que tiveram suas casas alagadas. Neste sentido, todos os que se proclamam classistas e combativos têm a obrigação de, junto a nós, encaminhar esta tarefa desde os sindicatos e das entidades estudantis que fazem parte da CONLUTAS. Temos que impulsionar esta campanha operária e popular em solidariedade aos moradores das regiões alagadas, nos dirigindo aos demais sindicatos, à CUT e à CTB para que se incorporem à campanha com um programa de independência de classe capaz de ligar os trabalhadores à população pobre atingida, assim como denunciar o papel de Lula, Serra e Kassab frente às enchentes.

Abaixo a repressão policial ao povo que protesta contra as enchentes!

Desassoreamento imediato do rio Tiete que permita cessar as enchentes na região!

Que os moradores possam decidir onde morar: paralisação imediata da remoção dos moradores das regiões alagadas!

Por uma reforma urbana radical que resolva o problema crônico das moradias no país!

Por um plano de obras públicas organizado junto à organizações populares e de trabalhadores, com todo o financiamento garantido pelo Estado!

Ocupação e desapropriação dos cerca de 400 mil imóveis desocupados apenas na capital paulista!

Confisco dos terrenos vagos utilizados para especulação imobiliária pelas grandes construtoras e incorporadoras!

Impostos progressivos sobre as grandes fortunas e confisco dos bens dos sonegadores para financiar um plano de obras públicas!

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