Segunda 29 de Abril de 2024

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Estudantes protestam contra o sucateamento da memória Operária

21 Nov 2009   |   comentários

Por: Tati

Na última sexta-feira (13/11), a partir de uma discussão que o movimento A Plenos Pulmões vinha colocando no IFCH desde o semestre passado, ocorreu um ato organizado pelo CACH no dia da inauguração da nova sede do Arquivo Edgard Leuenroth (AEL). Para quem não sabe, o AEL hoje é considerado um dos maiores arquivos sobre movimento operário da América Latina e foi iniciado a partir dos documentos coletados e guardados com a vida por Edgard Leuenroth, militante anarquista.
Hoje esse arquivo sofre um sério risco: a falta de funcionários faz com que várias tarefas fundamentais para a presevação desses documentos tão valorosos não possam ser cumpridas. Recentemente foram encontrados vários documentos mofados e comidos por cupins pelo fato de estarem há 12 anos mantidos em caixas, sem catalogação alguma. Isso ocorre, em primeiro lugar, porque não há mão de obra suficiente para armazenar de forma adequada os documentos, higienizá-los, catáloga-los, enfim. Hoje, num arquivo que contém , só em periódicos, mais de 11 000 titulos, conta com 16 funcionários, sendo que quase metade cumpre o papel de chefia.
O fato de ser um arquivo renomado internacionalmente, contudo, abre brecha para interferências obscuras de centros de pesquisas da Unicamp, que tentam a todo custo transformar o AEL num patrimonio seu e não público; determinando o que vai ser catalogado primeiro de acordo com seus próprios interesses. O Centro de Estudos sobre Opinião Pública da Unicamp, por exemplo, há anos quer transformar o AEL num arquivo do IBOPE, fazendo com que ele perca o caráter operário que é seu principal diferencial.
Agora, financiada pela Petrobrás, foi construída uma nova sede que toda a chefia do AEL quer mostrar como se fosse a resolução de todos os problemas do arquivo. A nova sede, feita através de uma empresa terceirizada, já tem problemas estruturais e há dois dias encheu de água por conta do ar condicionado desregulado.

A inauguração da nova sede foi um evento de luxo patrocinado com dinheiro público, desde o buffet com iguarias que nenhum trabalhador que protagonizou as lutas guardadas naquele arquivo jamais provou, passando pelo hino nacional cantado em tom solene, até o governista Marco Aurélio Garcia que foi um dos homenageados da festa, com direito a nomear a principal sala do arquivo, que agora tem o nome de um dos responsáveis pelo genocidio no Haiti.

Protestamos pela contratação de funcionários, pelo fim da terceirização e em defesa do AEL, que tem uma importância estratégica para nós que queremos construir uma universidade à serviço dos trabalhadores. Com palavras de ordens e uma performance no meio do rito protocolar da inauguração, mostramos que não vamos aceitar calados a destruição de um arquivo contruído com a vida de tantos militantes.

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