Domingo 12 de Maio de 2024

Nacional

APESAR DA RETÓRICA

A neutralidade de Lula é um apoio velado a Israel

10 Jan 2009 | Romper imediatamente as relações diplomáticas com o estado racista e colonialista de Israel!   |   comentários

Não se pode chamar a ocupação israelense da Faixa de Gaza de uma guerra convencional. O que acontece nesse momento na Palestina é uma guerra racista e colonialista ’ uma verdadeira limpeza étnica - levada a cabo pelo estado sionista para quebrar a vontade de resistência do heróico povo palestino depois de 60 anos de luta contra a ocupação.

Apesar da retórica condenando o “uso desproporcional da força” por parte de Israel, a posição de Lula e do Ministério do Exterior frente ao massacre do povo palestino é revoltante. Lula se mantém numa posição de neutralidade, reconhecendo o direito dos palestinos a terem seu próprio estado e o direito de Israel a “se defender” . Como se ambos os lados fossem igualmente responsáveis pela atual situação. Como se Israel não fosse um estado assassino que se edificou sobre os cadáveres e a expulsão das terras do povo árabe. Nesse caso, como sempre, a suposta neutralidade só beneficia o opressor.

O governo Chavez, que de socialista nada tem e que em seu país governa com os empresários e negocia com a direita, ao mesmo tempo em que reprime as lutas mais radicalizadas dos trabalhadores, fez apenas o mínimo que deveria fazer todo governo que se proclama “progressista” e “democrático” : expulsar o embaixador de Israel do seu país. Bem diferente das lamúrias do ministro Celso Amorim, que ligou para Tzipi Livni, ministra do exterior do estado sionista, pedindo um cessar-fogo e comunicando a hipócrita preocupação do governo brasileiro com a morte de civis; ao mesmo tempo em que se mantém parte de um Tratado de Livre Comércio (TLC) entre o Mercosul o estado terrorista de Israel assinado em dezembro de 2007. Não por acaso Lula se coloca em uma posição “neutra” : não quer se enfrentar com os empresários que desde 1959 mantêm uma relação privilegiada com os sionistas através da “Câmara Brasil-Israel de Comércio e Indústria” .

A CUT, o MST, o PT, o PCdoB e todos os sindicatos e organizações de esquerda que hoje conformam o “Comitê em solidariedade ao povo palestino” devem exigir que o governo Lula abandone sua “neutralidade” e se coloque ao lado do povo palestino na sua resistência ao terror sionista. Que expulse a embaixada israelense do Brasil e rompa suas relações diplomáticas e comerciais com esse país. Que exija a imediata retirada das tropas sionistas da Faixa de Gaza e a imediata reabertura das fronteiras, cujo fechamento transformou Gaza num gueto de 1,5 milhão de pessoas.

Mas a atitude de neutralidade do governo Lula, que na prática
significa justificar a política genocida de Israel, está em consonância com a sua política exterior tal qual se expressa na ocupação do Haiti sob as bandeiras da ONU. Agora, como se já não bastasse o fato de o governo Lula sequer ter expulsado o embaixador israelense, tal como fez Chávez, ainda enviará o chanceler Celso Amorim para o Oriente Médio, na tentativa de fazer com que o Brasil atue como mediador de um acordo, que com certeza terá como base os reacionários termos propostos pela França, tendo o Egito atuando como testa de ferro. Os acordos de cessar-fogo que o imperialismo francês tem tentado costurar, a despeito do discurso “pacifista” de seu presidente, Sarkozy, são na prática a renúncia imposta ao povo palestino de se defender do massacre perpetrado pelo estado racista de Israel. Com o envio de Celso Amorim, Lula dá mais um passo no papel reacionário e pró-imperialista que seu governo tem cumprido internacionalmente. Afinal, como pode o governo Lula repudiar o massacre do povo palestino, quando participa e dirige o massacre do povo haitiano, em aliança com países imperialistas como os EUA e a França?

Os palestinos precisam de medidas efetivas e não só de palavras

O PT e o PCdoB estão enviando representantes aos comitês que impulsionam as mobilizações em defesa do povo palestino no Brasil. E essas mobilizações, ao contrário do governo Lula, nada têm de “neutras” . Se colocam incondicionalmente ao lado dos palestinos, exigem a retirada das tropas e a abertura das fronteiras por parte de Israel. Como podem o PT e o PCdoB quererem ao mesmo tempo participar das mobilizações em defesa do povo palestino e tentar “lavar a cara” do governo Lula, “pintando” com uma suposta tintura “progressista” o apoio envergonhado do Planalto a Israel?

Se quiserem defender os palestinos devem fazer muito mais do que enviar representantes para as mobilizações. O primeiro passo é ir a público exigindo uma mudança de política por parte de Lula e elaborar uma resolução no Congresso Nacional, para romper as relações diplomáticas e comerciais do Brasil com Israel. Ao mesmo tempo, deveriam colocar seus aparatos partidários e seus mandatos a serviço de difundir pelos meios de comunicação de massa a luta pela defesa incondicional do povo palestino. Seria o mínimo. Também as organizações sindicais, CUT e CTB, dirigidas por estes partidos, deveriam colocar toda sua força nessa campanha, organizando discussões nos locais de trabalho, fazendo outdoors, publicando matérias pagas na imprensa e por todos os meios que estiverem ao seu alcance.

São Paulo, 10 de janeiro de 2008
Liga Estratégia Revolucionária - Quarta Internacional

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