Quarta 8 de Maio de 2024

Teoria

94 ANOS DO ASSASSINATO DE ROSA

A atualidade de Rosa Luxemburgo frente ao sexto ano da crise econômica Internacional

08 Feb 2013   |   comentários

Há noventa e quatro anos, no mês de janeiro de 1919, morria uma das mais brilhantes dirigentes revolucionárias do proletariado internacional, Rosa Luxemburgo. Nas séries de batalhas dos trabalhadores alemães iniciadas em 1918, a revolucionária polonesa foi capturada pelos Freikorps (organização paramilitar da direita) a mando da direção socialdemocrata alemã (em seu curso reacionário). Rosa, acabara de fundar o partido comunista alemão, forjando as (...)

Há noventa e quatro anos, no mês de janeiro de 1919, morria uma das mais brilhantes dirigentes revolucionárias do proletariado internacional, Rosa Luxemburgo. Nas séries de batalhas dos trabalhadores alemães iniciadas em 1918, a revolucionária polonesa foi capturada pelos Freikorps (organização paramilitar da direita) a mando da direção socialdemocrata alemã (em seu curso reacionário). Rosa, acabara de fundar o partido comunista alemão, forjando as bases para a constituição de uma direção revolucionária a altura da revolução naquele país, se defrontou com o erro da ação de janeiro, onde se convocou uma insurreição em condições subjetivamente desfavoráveis e que não resistiu à contraofensiva traidora, e pagou com a vida pelo erro, optando por estar ao lado dos trabalhadores em combate que ao da socialdemocracia.

Em memória de Rosa Luxemburgo, o dirigente da Revolução Russa Lenin consagrou uma fábula russa que recitou em homenagem a ela que dizia que “as águias podem, às vezes, voar mais baixo do que as galinhas, porém as galinhas não podem jamais subir às alturas das águias”. Assim, completa Lenin, “apesar de todos os seus erros, Rosa Luxemburgo foi e continua sendo uma águia”. E justamente essa força de Rosa, especialmente em todos os seus acertos e “grandes vôos” que ganha atualidade e que devemos retomar num momento em que vamos para o sexto ano de crise econômica histórica.

Adentrando ao sexto ano da crise econômica: a luta contra os aparatos burocráticos

Com o desenvolvimento da crise econômica, que continua com seu epicentro na Europa, passamos da fase dos pacotes de salvamento dos bancos e representantes do capital financeiro, pelas vias dos recursos públicos do Estado, para a fase das dívidas públicas insuportáveis (representando mais de 100% do PIB em muitos países) conjuntamente aos sistemáticos pacotes de austeridade, fazendo os trabalhadores e a juventude arcar com a crise.

Na Europa, a juventude vem se mobilizando (ainda carregando velhos preconceitos da etapa anterior, de forma bastante espontânea e com estratégias autonomistas) e estamos vendo primeiros elementos de ação dos trabalhadores, como no caso das lutas contra aposentadoria na França em 2010 ou mais recentemente os mineiros na Espanha em 2012, mas ainda um movimento embrionário. Parte decisiva do obstáculo estratégico que os trabalhadores terão de enfrentar será a forte burocracia sindical desses países da Europa.

E ai ganha novo significado as lutas travadas por Rosa Luxemburgo no interior da socialdemocracia durante sua vida. Na segunda metade do século XIX, com o curso ascendente capitalista e um momento de relativa prosperidade econômica, os sindicalistas, parlamentares e setores da direção da socialdemocracia alemã começaram a se consolidar como uma verdadeira burocracia no movimento, especialmente no século XX. Se podemos dizer que Rosa se equivocou em apostar de modo relativamente unilateral na força da espontaneidade operária, podemos enxergar o outro lado, ou seja, de que ainda hoje, sem a demolição dos aparatos burocráticos (como na época de Rosa), sem a esquerda internacional retomar o exemplo de Rosa para combater os agentes da burguesia no seio do movimento operário, as frentes amplas contra os planos de austeridade não poderão ser mais que retórica, com a burocracia sindical iludindo os trabalhadores e isolando os setores combativos. Esse combate no caso de Rosa se estendeu e se concretizou em sua forma mais importante na luta política contra a linha chauvinista que fez de Karl Kautsksy dirigente de uma das mais importantes capitulações da história da socialdemocracia, quando votou os créditos de guerra no célebre 4 de agosto de 1914, inicio da Primeira Guerra Mundial.

As formas políticas de resposta à crise: o combate intransigente de Rosa Luxemburgo ao reformismo

Mas não só no combate aos aparatos burocráticos que ganha atualidade o legado da dirigente revolucionária. Especialmente depois de um período de três décadas sem revoluções, de uma forte ofensiva neoliberal contra a classe e uma hegemonia da ideologia do capitalismo triunfante, instaura-se no mundo pós-crise uma série de fenômenos políticos permeados por uma estratégia autonomista ou retomando os velhos erros do reformismo clássico (mesmo em sua faceta de esquerda).

No combate ao revisionismo de Bernstein, Rosa Luxemburgo já colocava implacavelmente que “eis porque quem quer que se pronuncie a favor do método das reformas legais, em vez de e em oposição à conquista do poder político e à revolução social, não escolhe, na realidade, um caminho mais tranquilo, mais calmo e mais lento, levando para a mesma finalidade, e sim uma finalidade diferente, isto é, modificações superficiais na antiga sociedade, em vez da instauração de uma nova” (Reforma ou Revolução?).

Para Bernstein era possível a classe trabalhadora melhorar seu nível de vida estruturalmente por dentro do capitalismo sem fazer uma revolução, defendendo a reforma pacífica e gradual do capitalismo, o que levou a traições históricas à classe trabalhadora. Rosa como uma grande dirigente revolucionária combatia incessantemente esta posição abrindo uma discussão teórica e profunda no seio do Partido Social Democrata Alemão (SPD) e na II Internacional.

Esta batalha de Rosa inspira e traz lições à luta revolucionária, pois a crise capitalista tende a atualizar a época de “crises, guerras e revoluções”, onde a juventude e a classe trabalhadora saem às ruas para protestar contra os planos de austeridade dos governos europeus e vemos surgir variantes reformistas de esquerda que ocupam um espaço eleitoral. Na Grécia, o Syriza, coalizão que capitalizou os votos populares em repúdio aos partidos patronais e também ao PASOK, que negociaram os planos de ajustes, estão alinhados com a frente burguesa imperialista que busca uma saída neokeynesiana perante a crise econômica. Em outros países como França e Inglaterra, também se expressam essas variantes como a Front de Gauche e o Respect. Os ensinamentos de Rosa se fazem atuais na luta de tendência com as correntes, tanto as reformistas citadas como inclusive as que reivindicam o trotskismo (como a UIT, LIT, PO da Argentina em seu apoio ao Syryza), que são pressionadas por este reformismo de esquerda e deixam de lado a definição de classe, centrando sua estratégia nas saídas eleitorais e sem delimitação entre reforma e revolução.

Uma mulher revolucionária e dirigente

Rosa não é conhecida por estudos e elaborações sistemáticas a reflexão da luta contra o machismo (que por suposto são decisivas na construção do socialismo e da emancipação da mulher), mas contribuiu em políticas fundamentais como, por exemplo, na preparação em 1915 com Clara Zetkin de uma conferência internacional de mulheres socialistas junto às mulheres russas, levantando a consigna “Guerra à guerra”, e colocando a luta das mulheres trabalhadoras num marco internacionalista.

No entanto, talvez a maior contribuição de Rosa na luta contra a opressão foi sua vida política (no interior de um movimento internacional com predominância de dirigentes homens) de uma mulher dirigente revolucionária que jamais renunciou às suas convicções e travou as maiores lutas políticas com os principais dirigentes da Segunda Internacional (o que dá bases sem dúvidas para despontar revolucionárias como Clara Zektin que deram contribuições teóricas indispensáveis aos revolucionários nos temas da luta contra a opressão das mulheres).

No dia 13 de janeiro completaram 94 anos do assassinato de Rosa Luxemburgo, e com este texto fazemos nossa homenagem resgatando algumas das mais importantes batalhas travadas por ela que são inspiração a todos os revolucionários e as revolucionárias para os desafios atuais na perspectiva da revolução socialista internacional.

Artigos relacionados: Teoria , Gênero e Sexualidade









  • Não há comentários para este artigo