Sábado 27 de Abril de 2024

Internacional

A Juventude do PTS no acampamento juvenil do SU

25 Aug 2014   |   comentários

Entre 3 e 10 de agosto se realizou na região de Auvergn, França, o acampamento que reúne as juventudes das distintas sessões que fazem parte do Secretariado Unificado (SU), organização do movimento trotskista fundada pelo dirigente Ernest Mandel. A juventude do PTS foi convidada a participar a pedido da Juventude do Novo Partido Anticapitalista (NPA) da (...)

Entre 3 e 10 de agosto se realizou na região de Auvergn, França, o acampamento que reúne as juventudes das distintas sessões que fazem parte do Secretariado Unificado (SU), organização do movimento trotskista fundada pelo dirigente Ernest Mandel. A juventude do PTS foi convidada a participar a pedido da Juventude do Novo Partido Anticapitalista (NPA) da França. A seguir reproduzimos partes da entrevista do LVO (La Verdad Obrera, jornal do PTS) a Leonardo Améndola, dirigente da Juventude do PTS, quem esteve participando nos debates do acampamento.

Como foi a experiência durante estes dias junto às juventudes de alguns dos principais partidos da esquerda de origem trotskista da Europa?

O RIJ (em português, Encontro Internacional da Juventude), é um acampamento que reúne jovens de organizações que desenvolvem suas atividades centralmente na Europa, continente onde o impacto da crise está fazendo surgir novos fenômenos políticos e da luta de classes. Além da delegação francesa do NPA, que era a mais numerosa, participaram companheiros do Estado Espanhol, organizados majoritariamente na Esquerda Anticapitalista, da Grécia (OKDE Spartakos), Itália, Suíça, Dinamarca, Bélgica, Portugal, bem como dos Estados Unidos e Filipinas. Se em edições anteriores as discussões haviam girado em torno de que política desenvolver ante o Front de Gauche da França, ou o Syriza na Grécia, este ano foi o PODEMOS do Estado Espanhol, o novo fenômeno ao redor do qual surgiram vários debates. Para os organizadores do acampamento, há uma constante que marca as tarefas políticas do momento, que é a luta por maior democracia, posição com a qual polemizamos. Isso foi reivindicado por um companheiro da delegação italiana durante o encerramento das jornadas, traçando uma linha de continuidade entre os levantamentos do norte da África, os indignados do Estado Espanhol, as lutas contra os planos de austeridade e o movimento fascista na Grécia e as numerosas mobilizações contra o massacre ao povo palestino na França.

Parte dos objetivos da tua participação era transmitir a experiência da FIT e do PTS nas lutas do movimento operário na Argentina. Que opiniões surgiram em torno disso?

Há dois elementos que chamaram muito a atenção ao conjunto das delegações, com as quais pudemos intercambiar durante 7 dias em conversas formais dentro da agenda do acampamento e em outras informais, onde aprofundamos várias discussões. O primeiro é o grau de inserção e influência que conquistou a esquerda trotsquista, em especial o PTS na Argentina. A menção das posições conquistadas em numerosas comissões internas, o impacto das lutas do movimento operário na política nacional e as possibilidades que se abrem para a esquerda ao calor da ruptura de setores significativos do movimento operário e da juventude com o governo, dispararam dezenas de perguntas e dúvidas sobre como se chegou a esta situação e que opções tomou a esquerda para chegar a este desenvolvimento. Lamentavelmente na Europa a esquerda trotsquista se encontra muito débil, o que fez com que conhecer de perto as possibilidades de intervenção que se abrem na Argentina impactassem muito.

O segundo elemento tem a ver com o desenvolvimento da FIT e a utilização que estamos dando aos postos que conquistamos no parlamento, o que está permitindo fortalecer as lutas do movimento operário ao mesmo tempo que nos localizamos como uma voz de denúncia das manobras e negociatas que os partidos do regime tentam implementas pelas costas dos trabalhadores e da juventude. Este elemento foi valorizado por muitos companheiros.


O acampamento concentra muitos debates políticos entre distintas sensibilidades políticas que atravessam o SU. Acredita que foi uma forma de aproximar posições?

Minha visão é a de um militante do PTS e da FT-CI que participou como convidado. Como formamos parte de outra corrente do movimento trotsquista a nível mundial, há algumas questões muito diferentes em relação ao método pelo qual se resolvem as discussões abertas. No SU por exemplo, e isso o refletem as distintas delegações juvenis, convivem não só sensibilidades políticas distintas, senão que há “liberdade programática e de ação”, onde as distintas seções nacionais, ainda que formem parte da mesma “internacional”, podem ter políticas quase antagônicas. A sessão dinamarquesa do SU, por exemplo, está diluída na “Aliança Vermelha e Verde” com parlamentares cujo único limite para aprovar os orçamentos que apresenta o governo é que “não sejam orçamentos de austeridade”. Uma definição absolutamente genérica que os leva a ter uma política abertamente reformista. No entanto, também se encontram no SU os companheiros do OKDE Spartakos, que estão ganhando uma posição muito importante na luta de trabalhadoras terceirizadas de limpeza num ministério e participam ativamente do movimento antifascista. Também é significativo o surgimento incipiente de um pólo de esquerda na juventude do NPA (que é majoritário), que pode ser um impacto para todo o partido, entre os companheiros da tendência Anticapitalismo e Revolução e os companheiros da CCR onde participam os camaradas da FT-CI que militam na França.

Pela natureza diplomática que deu o tom ao acampamento, houve algumas diferenças que não se expressaram abertamente, ainda que haja ficado claro que há um pólo de esquerda dentro do NPA que se mostrou forte durante o conflito dos carteiros, assim como também há um setor de companheiros no Estado Espanhol que estão buscando a forma de intervir no fenômeno do PODEMOS para desenvolver círculos de trabalhadores e aproveitar o impulso democrático que ficou após o 15M para fortalecer a organização da classe operário.

Depois do acampamento, como segue tua estadia na Europa?

Durante os próximos dias vou participar de algumas conversas abertas que organizaram os companheiros do grupo RIO (sessão alemã da FT-CI) em Berlim para contar sobre a situação na Argentina e discutir sobre as tarefas colocadas para os revolucionários nesse período de crise capitalista. Também fomos convidados a uma reunião de REVO, uma organização anticapitalista que tem trabalho em Berlim. Logo voltarei à França onde se vai realizar uma conversa e discussão com a militância do NPA sobre a situação na América Latina, especialmente no Brasil e Argentina.

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