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Editorial

10 anos do PT no poder: a terceirização e a precarização da vida no governo Dilma

06 Apr 2013   |   comentários

Completados dez anos do PT a frente do governo federal, muita propaganda vem sendo feita em torno do “Decênio que mudou o Brasil”. Na ofensiva, a cúpula petista saí a organizar cartilhas e seminários em várias capitais para contrapor dois projetos supostamente antagônicos de país.

Completados dez anos do PT à frente do governo federal, muita propaganda vem sendo feita em torno do “Decênio que mudou o Brasil”. A cúpula petista saí na ofensiva organizando cartilhas e seminários em várias capitais para contrapor dois projetos supostamente antagônicos de país. O neoliberal, comandado pelo PSDB de 1995 a 2002, privilegiava as elites e o imperialismo. E o desenvolvimentista, encabeçado pelo PT, a partir de 2003 e que se arrasta até os dias de hoje, supostamente associando o crescimento econômico ao combate à desigualdade social e à miséria. Com esse discurso, o objetivo é criar uma falsa polarização que tenta esconder a profunda continuidade existente entre os governos FHC e Lula/Dilma. Além de manter a estrutura da política econômica e social de inspiração neoliberal, permanece o essencial: o caráter de classe. Ambos governam para os capitalistas, contra os trabalhadores.

Com os ventos a favor da economia mundial durante grande parte do governo Lula (que permitiu a valorização do preço das commodities e grande fluxo de capitais ao Brasil), mas que agora é alvo de dúvidas por conta da crise internacional, e arrecadação crescente, os governos Lula/Dilma puderam transformar a herança neoliberal em “avanço social”. A redução no índice de desemprego (através da criação de postos de trabalho precários), o aumento no poder de compra do salário mínimo e no nível de crédito disponível ao consumo são elementos que explicam a alta popularidade do governo. Além disso, o destino de uma parcela reduzida da arrecadação para programas de transferência de renda como Bolsa Família, Brasil Sem Miséria e Brasil Carinhoso como uma “preocupação com o povo”. Porém, estes programas são menos que migalhas comparadas aos incentivos aos grandes empresários por meio do BNDES e outras vias. Estes programas que, apesar de elevar o nível de renda das famílias mais pobres, não mudam substancialmente suas condições de vida no que diz respeito a transporte, moradia, saneamento básico, saúde e educação.

Ou seja, vemos ainda que na década petista avança a precarização da vida da população pobre, mostrando a verdadeira mentira deslavada que é o discurso de Dilma de erradicação da miséria extrema no Brasil (num discurso demagógico de “fim da miséria até o final de 2014“ em meio ao ambiente político atual de antecipação das eleições presidenciais para 2014 e que busca manter sua popularidade nas camadas mais pobres da população brasileira). Mentira esta escancarada na falta de infraestrutura básica para grande parte da população que todos os anos enfrentam a tragédia anunciada da seca no nordeste e semiárido e as enchentes e desabamentos de terra no sudeste (RJ e SP), que não possui água encanada e rede de esgoto (segundo o IBGE 2009, metade da população brasileira não tem acesso à rede de esgoto), hospitais, creches e escolas públicas, uma população que ainda se depara brutalmente com o avanço de um projeto de país que tem sido levado à frente pelo PT em base a repressão policial nos morros, favelas e aos movimentos sociais.

Desde os primeiros momentos de governo, Lula já mostrou ao que veio: promoveu em 2003 as reformas neoliberais da Previdência e Universitária, ambas idealizadas e arquitetados por FHC em conluio com o Banco Mundial e o FMI. No campo, manteve intacta a estrutura agrária latifundiária herdeira do sistema colonial e da Lei de Terras de 1850, estruturada para impossibilitar o mínimo acesso à terra aos escravos libertos. Não se avançou um milímetro na reforma agrária, pelo contrário, reforçou os privilégios e o financiamento ao agronegócio, ampliando inclusive a participação do capital estrangeiro no setor. Política que promove o extermínio das populações indígenas e os saques de suas terras. No governo “pró-povo de Lula e Dilma”, o que resta para a luta dos trabalhadores e camponeses sem terra no país é repressão e assassinatos, para os latifundiários e as grandes multinacionais do agronegócio o saldo de uma década é mais do que positivo: lucros recordes e expansão para outros países como o Paraguai. A recente indicação de Blairo Maggi (PR), representante dos latifundiários desse país, para a Comissão do Meio Ambiente, é um exemplo que não deixa dúvidas.

Nestes 10 anos, a face “menos pior” do capitalismo brasileiro não pensou duas vezes antes de mandar as tropas da Força Nacional para controlar as greves e prender os operários das obras do PAC, ou então atacar o direito de greve dos servidores públicos ao cortar pontos e substituir trabalhadores parados. Nos últimos dias, foi tornada pública a denuncia de que, há cerca de um mês, a Agência Brasileira de Inteligência (ABIN) vem monitorando os operários do porto de Suape em Pernambuco que ameaçam puxar uma greve nacional contra a privatização dos portos. A ação, que conta com métodos ilegais de espionagem e infiltração de agentes, foi diretamente designada pelo Gabinete de Segurança Institucional (GSI) ligado à presidência da república. Enquanto isso, segue a conivência com as centenas de assassinatos de líderes do movimento sem-terra no campo pelas mãos de pistoleiros e jagunços dos grandes latifundiários aliados do governo.

Atualizado em 10 de abril

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