Domingo 5 de Maio de 2024

Internacional

ESTADOS UNIDOS: UMA NOVA TRAIÇÃO DA BUROCRACIA

Vergonhoso acordo da UAW com a General Motors

03 Jun 2009   |   comentários

Em 21 de abril o sindicato de trabalhadores do setor automotriz dos Estados Unidos, conhecido como UAW (por suas siglas em inglês), fechou um acordo preliminar que permite à General Motors (GM) baixar custos e fechar a dívida com o fundo de saúde do sindicato. Em outras palavras, entregou o salário dos trabalhadores e hipotecou o futuro dos operários aposentados. O acordo entre o sindicato e a patronal era um dos requisitos do plano de reestruturação do governo Obama para evitar a quebra da GM. A UAW aceitou modificar o convênio acordado em 2007 (produto de outra traição): baixou os salários, eliminou bónus, os pagamentos por demissão (nos EUA não existe a indenização, estes pagamentos são um paliativo outorgado pelo sindicato) e aceitou barganhar a dívida da empresa com o fundo sindical VEBA que financia o seguro médico dos trabalhadores e suas famílias.

Como parte da reestruturação, UAW poderia receber até 39% das ações da General Motors reestruturada, o Depto do Tesouro ficará com 50% e o resto será repartido entre 10% para os donos de bónus e 1% aos atuais acionistas. O sindicato chegou a um acordo similar com a Chrysler. Em troca de seu apoio, Obama garantiu à UAW um posto no diretório de cada empresa.

Isso quer dizer que agora estas empresas estão controladas pelos trabalhadores e pelo Estado? Nada mais longe da realidade. Por exemplo, na nova Crhysler, a UAW (maior acionista com 55%) terá só uma cadeira (sem sequer direito a voto!), o governo terá 3 e outros 3 serão da Fiat e 1 mais de algum credor. Além disso, segundo o acordo, as ações da UAW (representado por VEBA) diminuirão à medida que cresça a participação da Fiat...Isto é, usarão os ingressos dos trabalhadores para manter a empresa e quando começar a ter lucros será a Fiat que tirará proveito.

General Motors acaba de economizar com este acordo arquitetado pelo governo cerca de 10 bilhões de dólares em custos de saúde, conseguiu baixar os salários para competir com a Toyota e seguirá recebendo dinheiro público para financiar suas dívidas milionárias. Entretanto, apesar de quase 19 bilhões de dólares que já recebeu como subsídios públicos ’ que o povo trabalhador paga com seus impostos -, a GM anunciou que fechará 16 plantas e eliminará 21.000 postos de trabalho.

Mais papistas que o Papa

Ao anunciar o acordo, o burocrata Ron Gettelfinger ’ muito estimado pelos seus serviços prestados à patronal ’ recordou as palavras de Obama em janeiro deste ano quando disse que para conseguir a recuperação da economia seria necessário que “todos, desde o movimento operário até os gerentes, credores e acionistas renunciem “algo” . Se somente consideramos os vergonhosos acordos da UAW em 2007, quando aceitou eliminar a cláusula anti-demissões, baixar salários e entregar a conquista do seguro médico, é evidente que para Gettelfinger mais este acordo é natural.

E como não só de acordos vive o homem, mediante este acordo UAW se converteu ni sindicato mais rico dos EUA, com 1,2 bilhões de dólares em ativos (que a burocracia investe em diferentes setores: desde bónus do Tesouro até enormes propriedades imobiliárias). Mais de 850 milhões são parte do fundo de greve de sindicato...quem sabe para que o usarão se firmaram um acordo de “paz sindical” até 2015 com Chrysler e General Motors. Enquanto UAW acorda recortes de salário e demissões, a burocracia mantém um custoso aparato (chamado staff) que com seus lucros faria morrer de inveja qualquer um dos sindicatos mais ricos da América Latina.

Num clima assinalado pela incerteza económica e pelo alto desemprego (quase 9%) a patronal e a burocracia estão aproveitando o temor de perder o trabalho e o fechamento de empresas para obrigar a classe operária a que pague pela crise que foi provocada pelos capitalistas. Na contra-mão destes burocratas-empresários existem outras pequenas lutas que marcam um caminho oposto a aceitar demissões e sacrifícios. Assim o mostrou a emblemática luta dos operários e operarias da Republic em Chicago que a escala mínima deram um valioso exemplo de luta.

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