Segunda 29 de Abril de 2024

Nacional

Todo apoio à greve dos trabalhadores da USP

13 May 2009   |   comentários

No dia 5 de maio, os trabalhadores da USP deflagraram uma greve por tempo indeterminado, cujos principais eixos de reivindicação são: 1) Pela readmissão de Brandão, pela retirada de todos os processos contra funcionários e estudantes e pela retirada da multa aplicada ao Sintusp e ao DCE pela ocupação da reitoria em 2007; 2) Por reajuste salarial (17%) para repor as perdas provocadas pela inflação nos últimos anos; 3) Contra o plano de carreira implementado pela reitoria e por um plano que atenda às necessidades dos trabalhadores; 4) Pela garantia do emprego dos 5.214 trabalhadores que, depois de trabalhar desde 1988 na USP, tiveram suas vagas contestadas pelo Tribunal de Contas do Estado (o mesmo tribunal político que “aprova” as contas dos governadores e parlamentares).

A greve começou forte em relação aos movimentos anteriores, com a adesão de muitas unidades, inclusive de algumas que nas greves dos últimos anos tinham dificuldade em aderir, e tem se expandido rapidamente. Esta ganha especial importância por se dar em meio à maior crise económica do capitalismo mundial desde a década de 1930, e de uma situação nacional em que os capitalistas, o governo Lula e os governos estaduais buscam descarregar os custos dos primeiros impactos dessa crise no Brasil sobre as costas dos trabalhadores e do povo.

Desde outubro do ano passado, os índices oficiais mostram que foram cortados mais de 2 milhões de postos de trabalho formais, ou seja, sem contar os trabalhadores sem carteira assinada que também perderam seus empregos, dos quais os principais afetados são os postos de trabalho precários e terceirizados que foram criados durante o último ciclo de crescimento. Nos últimos meses, com o aumento do desemprego e o encarecimento do crédito, as famílias operárias vêm sendo obrigados a sacrificar suas necessidades básicas para arcar com dívidas que serviram para engordar os bolsos dos banqueiros e investidores cujos lucros se mantêm exorbitantes. Enquanto isso, o governo Lula, em aliança com governos estaduais como o de Serra, já destinou mais de 300 bilhões de reais em crédito barato e subsídios fiscais e planos de salvamento dos capitalistas. E como contrapartida já começaram a anunciar ’ Serra o fez recentemente ’ os cortes que serão feitos nas verbas públicas para a educação, a saúde e os demais serviços essenciais à população, tudo para garantir os altos lucros e os privilégios dos patrões. Como se não bastasse, as chuvas no norte e no nordeste desmascaram o descalabro desse sistema capitalista que desperdiça bilhões em corrupção e mordomias para deputados, senadores, governadores, presidentes e juízes, enquanto as verbas para serviços básicos de infraestrutura ’ esgoto, água, luz, contenção de encostas e rios, estradas, moradias, escolas, creches, hospitais etc. ’ são diminuídas constantamente.

Vergonhosamente, as direções das principais centrais sindicais do país (CUT, Força Sindical, CTB etc.) veem aceitando passivamente a onda de demissões que atinge os setores mais precários da classe trabalhadora, ao mesmo tempo em que, estimuladas por Lula, vêm pactuando com os governos e as patronais a flexibilização dos direitos, o arrocho salarial e o aumento dos ritmos de trabalho dos que se mantêm em seus postos de trabalho. Enquanto a Força Sindical pactua descaradamente a entrega de direitos com a Fiesp, a CUT, por trás de um discurso de uma suposta “defesa dos trabalhadores” , pactua acordos semelhantes com a patronal, fábrica por fábrica. É baseado nesse aumento da exploração dos trabalhadores e dos privilégios aos patrões que nos últimos dias a burguesia tem comemorado uma desaceleração da dinâmica recessiva dos impactos da crise económica no país. Mas os próprios analistas da burguesia internacional colocam que a crise económica mundial ainda está em seus inícios, o que significa que aqui no Brasil os principais ataques ainda estão por vir.
É nesse marco que a greve dos trabalhadores da USP ganha uma enorme importância, pois coloca, como foi na recente greve dos petroleiros, o método da mobilização e da ação direta dos trabalhadores como forma de defender nossos interesses e enfrentar os ataques que já começaram e os que ainda virão. Além disso, é uma greve que vai além das reivindicações apenas sindicais e corporativas, pois tem como um de seus eixos centrais a defesa dos direitos democráticos de liberdade de organização e de ação sindical do movimento operário e popular; e também coloca a necessidade de defender o ensino público contra os novos cortes de verbas para a educação e as políticas de privatização e sucateamento do ensino que estão sendo implementadas e que a burguesia vai tentar impor inda mais para manter seus privilégios durante a crise.

Precisamos ter clareza de que, ao atacar o Sintusp e o movimento estudantil da USP, Serra, na verdade, coloca em prática um “balão de ensaio” da política que pretende levar adiante no caso de vir a ser presidente em 2010. Está cada dia mais claro que diante dos impactos da crise económica mundial no Brasil a burguesia precisará “eliminar” os setores que se dispõem a resistir a estes ataques.

Dedicamos este suplemento para expressar, através de entrevistas com os dirigentes e militantes da LER-QI que atuam diretamente na greve dos trabalhadores da USP e de artigos elaborados pelos dirigentes da Liga que atuam no movimento estudantil da USP, Unesp e Unicamp, nossas propostas para que essa luta se fortaleça, expanda, seja vitoriosa e se transforme em um exemplo para o conjunto da classe trabalhadora, servindo para tornar real a consigna de que “os capitalistas paguem pela crise que criaram” , e mostrar como os trabalhadores devem lutar para garantir empregos, salários e direitos.

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