Palavra Operária

Como trabalhadores, nossos interesses são opostos aos dos patrões, já que tudo fazemos funcionar mas nada possuímos a não ser exatamente as forças de trabalho e luta. Por isso, ao mesmo tempo em que reconhecemos os perigos da pressão da corrida desenfreada das empresas, temos que reconhecer em nós mesmos os únicos responsáveis em achar uma solução imediata para a crise da aviação; por segurança nos vóos; pela defesa de direitos e dos empregos.

O primeiro passo deve ser a unidade entre os explorados: controladores de vóo, pilotos, aeroportuário e todos os que trabalham no sistema aeroviário devem ser considerados como tal, trabalhadores, e por isso devem ter seus direitos civis, políticos e sindicais garantidos, salários dignos, aperfeiçoamento profissional.

Foi exatamente retomando o método histórico dos trabalhadores que os controladores, unidos a partir das bases, puseram em prática o único método que efetivamente ameaça os lucros, planos e ataques da patronal e do governo. Deram uma lição que deve ser aprendida por todos nós e que se resume na frase de um dos sargentos que lideraram a luta: “descobrimos que podemos parar o país” . Temos que ter o controle da aviação nas mãos dos trabalhadores para que sejam cumpridas todas as normas de segurança. Exigir desde já que os nossos sindicatos organizem essa luta, para que possamos conquistar condições de impedir que vóos saiam se não garantimos a completa segurança, que o espaço aéreo e as pistas não sejam colocados em “teste” sem o aval dos trabalhadores do setor. Esse controle poderia contar com um conselho de trabalhadores de toda a aviação, em conjunto com os usuários, chamando os demais sindicatos combativos para que ajudassem os trabalhadores a melhor administrá-la. Esse plano estaria a serviço de lutar para colocar nas mãos dos trabalhadores a gestão do sistema aéreo.

Uma das primeiras medidas a tomar seria a abertura dos livros de contabilidade da Infraero e demais empresas, para que se tornem públicos os descaminhos financeiros e irregularidades que levaram à crise e, por conseqüência, podermos apontar e punir os responsáveis com o confisco de seus bens e prisão.

Nas mãos dos capitalistas aéreos, compactuados com os políticos corruptos, a lei das privatizações reinará e os “baixos custos” operacionais poderão ser diminuídos ainda mais, ou seja, funcionários terão salários e direitos rebaixados, aumentando a precarização do trabalho, as condições dos equipamentos continuarão sendo secundarizados frente às taxas de lucros, a segurança continuará sendo colocada de lado em prol da ganância. Nas mãos dos patrões e do governo a aviação será sempre um risco para tragédias em massa. A única saída de fundo para resolver a atual crise é a criação de uma única empresa estatal de transporte de cargas e de passageiros e de gestão dos aeroportos, sob administração direta de trabalhadores e usuários.

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