Segunda 29 de Abril de 2024

Movimento Operário

AEROVIÁRIOS

Crise aérea se mantém, com mais quebras de empresas e demissões em massa

14 May 2008   |   comentários

Desde o início da crise aérea, em 2006, vimos alertando a vanguarda e os trabalhadores sobre o caráter nefasto contra os trabalhadores: quebras de grandes empresas, demissões em massa, concentração de mercado no duopólio TAM-GOL, catástrofes e acidentes aéreos, abandono e centenas de mortes de usuários. Pois bem, o cenário desta crise ainda está muito longe de ser desfeito.

Por um lado, porque o já conhecido duopólio TAM-GOL, empresas que juntas concentram o controle de mais de 90% do mercado aéreo com lucros estratosféricos, continua ditando as condições que os passageiros devem ou não voar, determinando preços e precarizando as condições de trabalho de seus funcionários; trazendo, conseqüentemente, graves riscos de segurança. Essa concentração de mercado também se reflete numa acirrada concorrência entre as empresas que descarregam sobre os trabalhadores, com demissões em massa, os custos das disputas entre elas. A Anac, órgão do governo que deveria regulamentar o setor aéreo, é uma agência a serviço das negociatas empresariais, principalmente do duopólio. Empresas de menor capacidade de concorrência quebram, para preservar o património dos capitalistas. Aos trabalhadores sobra o desemprego, quase sempre sem qualquer indenização trabalhista. A Oceanair acaba de anunciar a demissão de 600 trabalhadores, num quadro de 1.700.

A atual crise da Variglog, administrada pelo fundo de investimentos Matlin Patterson (dos Estados Unidos) ’ “gestores abutres” que compram empresas em quebra para depois revendê-las com altos lucros ’, está diante de mais uma disputa entre capitalistas, resultando até hoje em mais de 9.000 demissões do grupo original da Varig. O empresário norte-americano Lap Chan e os antigos administradores brasileiros da Variglog ’ que eram testas-de-ferro dele ’ estão numa demanda judicial para ver quem controla a empresa. Na realidade estão brigando para espoliar a empresa, e quem está ameaçado são os trabalhadores que têm seus salários atrasados, vales alimentação suspensos e previsão de demissões em massa.

O governo Lula e os sindicatos da CUT e da Força Sindical também são responsáveis pelas demissões em massa

Nunca se lucrou tanto na aviação brasileira. A outra face dos lucros exorbitantes tem sido o aumento dos acidentes aéreos, com mortes e desespero para os familiares, que se vêm sufocados pelo não pagamento de indenizações e a falta de assistência do governo e das empresas. O governo Lula, seu ministro da Defesa e a Anac fazem vistas grossas a todos os descumprimentos pelas empresas das regras de segurança e qualidade dos vóos. Escândalos mostraram que dirigentes da Anac são indicados pelas próprias empresas que deveriam ser fiscalizadas pela agência.

Desde a posse de Lula, em 2003, a concorrência entre os capitalistas já fez quebrar a Varig, a Sata, a Pantanal, a BRA e agora caminha para atingir a Variglog, resultando em dezenas de milhares de demissões. Pela lei de “recuperação judicial” , proposta por Lula e aprovada pelo Congresso, as empresas decretam falência e os trabalhadores não têm a garantia das indenizações como prioridade antes dos demais credores. Agora, os bancos e os capitalistas saqueiam a empresa falida e nada resta para pagar os direitos trabalhistas. Na quebra da Varig, em 2006, esta lei foi usada, e os mais de 5.000 demitidos esperam até hoje suas indenizações, muitos sem emprego e salário.

Esta situação é possível porque os empresários e o governo contam com a conivência dos sindicalistas da CUT e da Força Sindical, que dividem os aeroviários em dois sindicatos que vivem em negociatas com os patrões, ajudando a implementar a precarização do e as péssimas condições de serviços para os passageiros. E quando as empresas ameaçam quebrar e demitir em massa, eles aparecem mentindo que “nada pode ser feito a não ser esperar a demissão e receber os direitos” . Os trabalhadores da Varig ouviram essas mentiras e sofrem até hoje; os da Transbrasil, Vasp e tantas outras, também. Esses sindicalistas são obstáculos para a luta dos trabalhadores em defesa dos empregos e dos direitos e contra os empresários. Estão há anos nos sindicatos, sem trabalhar e vivendo de privilégios em troca de entregar os empregos e os direitos dos trabalhadores para os capitalistas.

Variglog: exigir a nacionalização da empresa com administração pelos trabalhadores

Já é conhecida por varias organizações de esquerda e por alguns sindicatos combativos, que os trabalhadores da Variglog de Guarulhos têm se mobilizado contra o processo de demissões e contra a quebra da empresa, apesar da falta de apoio e divulgação da luta por parte dos sindicatos da CUT e da Força Sindical.

São várias as manifestações, tanto na internet, até nas ruas mesmo, de trabalhadores reivindicando e chamando atenção para que conheçamos a atual situação da maior empresa aérea de cargas do país.

Infelizmente, mesmo com as ameaças de demissões em massa, não apenas na Variglog, esses sindicalistas nada fazem, deixam isolados os trabalhadores das diversas empresas, não há nenhuma campanha de coordenação dos trabalhadores aeroviários no aeroporto de Guarulhos. Os trabalhadores, nas empresas, ficam à mercê dos patrões, muitas vezes nem sabem o que ocorre com os companheiros de outras empresas.

Os trabalhadores da Variglog, da Oceanair e demais empresas devem exigir dos sindicatos que faça uma campanha em todo o aeroporto de Guarulhos, divulgando as ameaças patronais e as lutas dos trabalhadores para defender o emprego, os salários e os direitos. Não se pode mais ficar isolado, lutando cada um por si. A Variglog é uma empresa nacional, com mais de 2.000 funcionários. A empresa pretende demitir mais de 400. É preciso que os sindicatos divulguem com cartazes e folhetos as ameaças patronais e os processos de luta ’ como as assembléias de trabalhadores em várias empresas ’ que se iniciam para unificar todos os aeroviários da Variglog com os seus colegas das outras empresas. É possível e necessário exigir que os sindicatos convoquem um Encontro Nacional de representantes dos trabalhadores da Variglog de todas as unidades do país, para se reunirem e decidirem como lutar contra a quebra da empresa e em defesa do emprego para todos.

Um plano de luta que unifique os trabalhadores de toda a Variglog, em cada aeroporto, deve começar lutando para garantir o pagamento regular dos salários e benefícios, mas objetivando garantir o emprego e não aceitar qualquer plano de demissão voluntária. Porém, é necessário levantar uma estratégia de fundo para a crise da empresa, pois a disputa entre os empresários só pode levar à quebra da empresa e demissão em massa. Por isso, os trabalhadores devem obrigar os sindicalistas da CUT e da Força Sindical ’ que apóiam e fazem parte do governo Lula ’, que exijam do governo a nacionalização da Variglog, para que seja administrada pelos trabalhadores com vistas a constituir uma empresa aérea de carga a serviço dos interesses dos usuários e dos trabalhadores, acabando com a gestão mafiosa dos gringos da MatlinPatterson, os Lap Chan, e os empresários brasileiros que tudo fizeram para falir a Varig e ficar com a Variglog.

Os trabalhadores poderiam lutar e exigir do governo Lula que os Correios incorpore a VarigLog unificando as duas empresas em uma grande empresa nacional postal e de transporte de cargas, sem pagamento de qualquer indenização aos capitalistas aéreos, inclusive confiscando os seus bens para garantir os direitos trabalhistas dos milhares de demitidos que aguardam sem esperança.

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