Quinta 18 de Abril de 2024

Movimento Operário

Unir e coordenar os lutadores para combater o governo, a burocracia e a patronal

24 Mar 2007   |   comentários

Enquanto o governo Lula aprofunda seus laços com Bush e aplica ataques ao movimento de massas, começam a se desenvolver uma série de greves tanto dos operários da indústria e da construção, como do funcionalismo público, que se combinam com ocupações dos camponeses sem-terra. Essa nova disposição de luta destes setores têm exigido das burocracias que dirigem os sindicatos uma nova postura para manter certa autoridade de “dirigentes de lutas” diante das bases dos trabalhadores, que mais decididos tendem a exigir respostas aos problemas concretos de emprego, salário, precarização e corte de direitos, e no caso dos trabalhadores do campo, a luta por terra e créditos.

A CUT ’ um sustentáculo importante para Lula no seu primeiro mandato ’, e o MST, estão sendo obrigados a se relocalizar pressionados pelo giro à direita do governo e a inicial disposição de luta dos trabalhadores, em particular dos sem-terra. Tanto o PCdoB, que dirige parte importante da CUT, quanto o MST, ainda que não rompam com o governo, começam a levantar o tom das críticas. O MST declarou que organizará um “abril vermelho” com ocupações de terra e fechamento de estradas pelo país. Até mesmo a Força Sindical tenta se relocalizar ao defender nos metalúrgicos de São Paulo o fim das terceirizações. Sabemos que para as direções do movimento de massas, atreladas ao governo e ao aparelho do estado, essas são palavras vazias para iludir os trabalhadores. Porém pode ser uma expressão distorcida de um novo estado de ânimo do movimento de massas.

No movimento operário fica nítida esta nova disposição para lutas ainda que o elemento fundamental nas greves seja o caráter defensivo das lutas. Nos setores do funcionalismo público, cujo principal exemplo é a greve dos professores de Alagoas que já dura cerca de dois meses, buscam se defender dos ataques dos governos estaduais e do governo federal contra o arrocho salarial. Outro processo importante foi a greve dos terceirizados da Reduc, refinaria da Petrobras em Duque de Caxias. Mas há greves em que o nível de consciência dos trabalhadores se materializa em formas superiores de reivindicações. Um exemplo é dos trabalhadores da Construção civil de SP e do Rio. Os últimos, seguros da dependência do governo do Rio e federal para conclusão das obras para os jogos do PAN, lutaram por aumento salarial e melhores condições de trabalho e foram vitoriosos. Além da greve dos operários metalúrgicos da VOITH em São Paulo, vitoriosos pela efetivação dos seus companheiros terceirizados.

A vanguarda tem que aproveitar o momento de efervescência que se abre e se dirigir aos trabalhadores em greve, aos sindicatos e às organizações controladas pelas burocracias chamando uma ampla frente única operária de defesa do irrestrito direito de greve.

Assim, o Encontro Nacional contra as reformas neoliberais convocado pela Conlutas e Intersindical adquire muita importância e pode ser um passo adiante na luta contra as medidas anti-operárias e antipopulares do governo Lula. A partir deste Encontro deveríamos exigir que a CUT, a Força Sindical e as demais organizações sindicais se retirem imediatamente de qualquer negociação com o governo e a patronal, e mobilizem suas bases para organizar uma paralisação nacional unificada em defesa do direito de greve.

Infelizmente, PSTU e PSOL, já acordaram de antemão um programa que não atende as necessidades do conjunto dos trabalhadores e um plano de lutas que não responde a estas necessidades. Também não darão espaço aos trabalhadores e jovens reunidos para discutir democraticamente as propostas. Isso é um grave erro, já que para levarmos as lutas até a vitória é necessário forjamos entre a vanguarda uma referência antiburocrática, que prime pela democracia direta das massas.

Por isso, nós da LER-QI propomos que a partir deste primeiro encontro devemos impulsionar de forma unificada um congresso que seja organizado a partir de delegações dos locais de trabalho, para que possamos discutir democraticamente como enfrentar os ataques de Lula e da patronal, e votar um programa operário e popular que atenda às necessidades dos trabalhadores e camponeses brasileiros.

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