Segunda 29 de Abril de 2024

Movimento Operário

DEMOCRACIA NÃO SE NEGOCIA, SE IMPÕE!

Retomar a luta por um Congresso Estatuinte imposto pela força da aliança entre funcionários e estudantes na USP!

31 May 2008   |   comentários

A crise aberta com o veto à liberação dos funcionários para sua participação no V Congresso colocou
a necessidade de superarmos a política da Adusp e do DCE, que não somente deixaram de travar uma luta efetiva contra os ataques que a reitoria vem implementando
desde o fim da greve/ocupação do ano passado, mas conduziram todo o processo de construção do V Congresso de maneira totalmente
burocrática. Só assim podemos
construir um V Congresso verdadeiramente democrático, o que será impossível sem romper com a estrutura oligárquica que dá um peso muito maior de decisão
ao professores e garantir que a aliança operário estudantil da greve/
ocupação do ano passado tenha um peso preponderante. Um Congresso
preparado com luta e desde a base, capaz de impor nossas demandas
pela força da mobilização. Essa foi a política que defendemos durante todo o pré-Congresso [1].

Não liberar os funcionários era mais uma política da reitoria para dividir as categorias que exigia uma resposta à altura que o movimento,
com exceção do Sintusp, não deu. É que para a nobreza (docentes)
e o clero (DCE), o terceiro estado (funcionários) só serve para limpar seus banheiros, cortar sua grama, organizar seu laboratório, mas fazer política... nem pensar. Para ver que a USP está para trás da Revolução Francesa não é preciso dizer que o (REI)tor não é eleito com voto universal, basta verificar a relação que a aristocracia docente e a burocracia estudantil estabelecem
com os funcionários da USP. É que o Sintusp é historicamente o setor mais combativo na USP e a combatividade é algo que incomoda
muito as direções atuais da Adusp e do DCE.

Mas essas direções só conseguiram
impor essa política porque entre os estudantes, primou a indiferença
em relação ao V Congresso,
principalmente naquelas unidades onde foi mais forte a mobilização do ano passado como na FFLCH. Entre os funcionários não foi diferente. Os professores se mantiveram firmes em seu estado
de mobilização: parados. Onde houve alguma expectativa com relação ao V Congresso foi nos estudantes do interior, dirigido majoritariamente pelo DCE que alimentou essa ilusão.

Por um Congresso Estatuinte para impor nossas demandas

A falência do V Congresso da USP mostrou que por fora da mobilização, ou seja, sem espontaneidade
e radicalidade do movimento,
um Congresso acaba invariavelmente sendo controlado pela burocracia estudantil e de professores. Por isso, os estudantes
e trabalhadores têm que se organizar
pela base e lutar por uma estatuinte livre, democrática e soberana
na USP, que se dê no marco da mobilização para impor nossas demandas. Essa mobilização deve começar desde numa luta conseqüente
contra a repressão, processos
criminais e administrativos contra estudantes e trabalhadores da USP, pela contratação imediata de funcionários concursados para o circular e o bandejão e pelo impedimento
da reforma estatutária que atualmente está querendo impor o Conselho Universitário desde seus lacaios nas direções das Congregações de unidade.

A luta pela estatuinte e um V Congresso realmente democráticos
têm que partir desses eixos concretos e desde uma grande mobilização questionar a fundo a universidade elitista e racista e o conhecimento que aqui é produzido.
Contra essa universidade voltada ao capital temos que lutar por uma universidade a serviço dos trabalhadores e do povo lutando
para que, desde já, a aliança operário estudantil se expresse nas lutas com os trabalhadores dentro e fora da universidade e também no conteúdo do conhecimento produzido na USP.
Uma ampla campanha democrática
contra a repressão, ligada
à mobilização da campanha salarial dos funcionários que já começou
e contou com 700 pessoas no ato na Reitoria da Unesp no dia 29/05 é o que pode compor uma nova correlação de forças, onde seja possível derrotar a ofensiva reacionária da reitoria e superar as direções burocráticas que querem um V Congresso e uma estatuinte na USP no marco acadêmico e burocrático.

A té onde vai a luta pela estatuinte da Adusp e do DCE?

Após meses sem nenhuma discussão do V Congresso na base, menos ainda sobre quais eixos deveria
ter uma estatuinte, o DCE e a ADUSP agora dizem querer um Congresso Estatuinte. Porém esses setores tratam a estatuinte com um “acúmulo” e de maneira adaptada à burocracia acadêmica,
e não como parte de uma luta para reorganizar a universidade se enfrentando com os oligarcas que a dominam. Enquanto estudantes e trabalhadores são reprimidos, e se negam a impulsionar uma campanha
contra a repressão, agora querem falar de “democracia na universidade” . Para não permitirmos
mais uma vez que a Adusp e o DCE coloquem a estatuinte nos marcos puramente abstratos, de “acúmulo” e não como enfrentamento
do movimento com esta universidade elitista e racista, temos
que lutar para uma demanda concreta: impor que o próximo estatuto será feito pela comunidade
universitária e não pelas mãos reacionárias da burocracia acadêmica
da USP.

[11 Para conhecer a luta que demos no processo de preparação do V Congresso, leia no Jornal Palavra Operária
nº 40 o artigo “Era uma vez um V Congresso da USP” e a tese que apresentamos ao Congresso com o mesmo nome.

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