Sexta 26 de Abril de 2024

Nacional

CRISE DA PETROBRÁS

Privatização da Petrobrás começará pelos navios

12 Mar 2015   |   comentários

A privatização da Petrobrás deve começar pela venda de quase metade dos navios da TRANSPETRO. A retórica nacionalista do governo Dilma vai afundando. Nesta privatização, como em outras medidas, as semelhanças com os tucanos se mostram cada vez mais.

Foi veiculado pelo jornal o Globo no dia de hoje, 12/3, que a subsidiária de logística da Petrobrás, a TRANSPETRO pretende vender 23 de seus 53 navios. Esta notícia vazada pela imprensa, não foi confirmada nem desmentida pela Petrobrás ou pela subsidiária e aparece como primeira concretização do agressivo plano de “desinvestimento” da Petrobrás.

Como argumentamos em outro artigo este plano de “desinvestimento” é na verdade uma privatização. A Petrobrás havia anunciado uma privatização de ativos (unidades, navios, etc) para arrecadar um valor de US$ 13,7 bilhões. Este valor seria alcançado com uma contribuição de 30% da área de produção de petróleo e gás, 30% do abastecimento (refinarias e logística) e 40% do gás e energia (termelétricas, fábricas de fertilizantes e gasodutos). O primeiro plano que vêm a luz é da Transpetro, subsidiária do Abastecimento, para vender quase metade de seus navios por US$ 270 milhões.

Este valor nem chega perto dos 14 bilhões almejados. E isto mostra quão profundas serão estas privatizações. As áreas do abastecimento e do gás e energia onde as instalações valem menos que na exploração e produção (por que não estão associadas a poços de petróleo e gás) sofrerão cortes profundos para chegar nestes valores.

Para agravar o ataque desta privatização a venda destes navios acarretará em prejuízo à estatal. Os navios vendidos precisarão ser alugados no dia seguinte para manter o funcionamento da empresa. Um negócio “da China” para os compradores, e péssimo para a estatal.

Modelo “Infraero” de privatização

Esta privatização ao invés de ser uma privatização aberta via alteração do controle acionário da empresa é uma privatização por fatias, unidades sem mexer no controle. Esvaziando a empresa passo a passo. Trata-se da mesma estratégia que Dilma adotou para a Infraero (de aeroportos). A Infraero continua sendo estatal. Porém suas unidades mais lucrativas e estratégicas foram privatizadas e a estatal de aeroportos virou sócia minoritária de empresas estrangeiras e empreiteiras que arremataram os aeroportos de Guarulhos (SP), Galeão (RJ), Confins (MG), Brasília e Viracopos (SP).
No mesmo dia que vazava este plano de venda de metade dos navios da Petrobrás, também era anunciado que outros lucrativos aeroportos serão privatizados: Salvador, Porto Alegre e Florianópolis. A Infraero continuará estatal mas todos aeroportos de capitais passarão a ser privatizados. Em outra escala este é o mesmo plano na Petrobrás. Manter a empresa intacta em seu capital acionário, mas livrar-se parte de seus ativos.

Onde estão os inimigos da Petrobrás?

Há muitos interessados em privatizar a Petrobrás. A grande mídia e setores tucanos sempre defenderam esta tese. O PT sempre se opôs discursivamente à privatização escancarada da empresa, mas os governo Dilma e Lula realizarão mais leilões de bacias de petróleo que FHC. Os escândalos de corrupção e agora o agressivo “plano de desinvestimento” mostram que o PT e o governo Dilma também são inimigos da defesa da Petrobrás e mais ainda da luta que os trabalhadores no Brasil precisamos travar para que os vastos recursos do petróleo não sirvam para corrupção, para enriquecimento de empresas privadas, mas sim ao povo brasileiro. Para isto é necessário lutar pelo controle operário da empresa.

A defesa da Petrobrás não pode se dar somente lutando contra os tucanos como quer a CUT em seu ato do dia 13. Esta defesa também se faz, necessariamente, lutando contra o governo Dilma. Tal como na disputa entre os dias 13 e 15 a defesa de uma Petrobrás que sirva aos interesses do povo brasileiro não passa nem por um ou pelo outro, e sim pela defesa da independência dos trabalhadores.

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