Quinta 25 de Abril de 2024

Nacional

CRISE DE COMANDO NA PETROBRÁS

Um banqueiro governista assumirá a empresa

06 Feb 2015   |   comentários

O presidente indicado pelo governo à empresa tem histórico de ligação com empresas privadas e não será uma barreira a pressão pela maior privatização da empresa.

Enquanto ainda está em reunião o Conselho de Administração da Petrobrás diversas fontes da imprensa confirmam que Aldemir Benedine, presidente do Banco do Brasil, assumirá a empresa. Esta decisão ocorreu a partir da renúncia da presidente Graça Foster e de cinco diretores da empresa. Esta demissão teria ocorrido, aparentemente, após acordo de Graça com Dilma para permanecer até março na empresa.

A escolha de Benedine como novo chefe da maior empresa do país não aponta à solução da crise que a Petrobrás atravessa. Há uma grave crise política e econômica da empresa ligada a seu alto endividamento que é agravada pela queda no preço do petróleo e desconfiança na empresa. Setores petistas e a maior federação de petroleiros (a Federação Única dos Petroleiros) tem escrito nas redes sociais, utilizando-se do aumento da produção da empresa em meio a este cenário, tentando negar a realidade, como se não houvesse crise. O aumento de produção não é da ordem necessária para dar conta das dívidas a honrar caso a crise se agrave. Esta atitude de negar a realidade não ajuda, em nada, a enfrentar a real questão em debate em meio às crises: como e quem deve controlar o petróleo, como argumentamos nesta nota.

Em primeiro lugar o “mercado”, ou seja, os interesses em aumentar a privatização da empresa não estão recebendo esta notícia bem. As ações da empresa estão despencando 6% neste momento. Como argumentamos em outra nota, as pressões pela via dos acionistas, da empresa de auditoria PwC e pela mídia é de aumentar a privatização da empresa. A indicação de um funcionário de carreira do Banco do Brasil, com supostas ligações com o PT, não aponta um caminho rápido e sem contradições no caminho que estes setores gostariam.

Por outro lado, a indicação deste nome não seria uma barreira à maior privatização da empresa, como já começa a ser dito por setores ligados ao governo e ao PT. Ao mesmo tempo que Benedine foi um responsável pela implementação da política de expansão de créditos em meio à crise em 2009, ou seja, mostrou-se alinhado aos mandos do governo Lula, e seria, portanto, alguém “controlável” (pelo governo) na Petrobrás, ele também foi um campeão em aumentar a privatização daquele banco. Foi sob seu comando que o Banco do Brasil envolveu-se na controvertida compra do Banco Votorantim, favorecendo a família de Antônio Ermírio de Moraes. Também foi em sua gestão que aumentaram as empresas mistas do Banco do Brasil com o gigante privado Bradesco, como é o caso da empresa de cartões de crédito e débito Cielo. Para continuar a lista privatista deste banqueiro governista, também foi em sua gestão a abertura de capitais do BB Seguros.

Sequer do ponto de vista do noticiário “policial” Benedine parece uma escolha sensata. Em novembro do ano passado este banqueiro governista havia posto seu cargo à disposição de Dilma devido a denúncia de um ex-motorista de ato de corrupção, e ainda de facilitar empréstimo ilegais a uma socialite. Por estes motivos e a continuidade da operação “Lava-Jato” – que deixa todos de cabelo em pé, principalmente se os executivos presos resolverem entrar na “delação premiada” – é de se esperar que a crise da empresa continue se desenvolvendo.

Do ponto de vista dos trabalhadores seguimos sob forte pressão para aumentar a exploração e precarização na empresa. Não será das mãos deste banqueiro, nem de nomes ainda mais ligados ao “mercado” que garantiremos que a riqueza do petróleo seja controlada democraticamente e esteja a serviço dos trabalhadores e do povo. Isso só poderá ser feito por nós mesmos, os trabalhadores, se controlarmos a empresa. Sai diretor, muda-se a direção e os petroleiros não têm o mínimo direito de opinar e decidir, pois os mesmos políticos envolvidos nos escândalos resolvem tudo. Só uma diretoria eleita pelos petroleiros, com mandato revogável e controle desses trabalhadores, poderá tirar a empresa das crises.

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