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PETROBRAS

A previsível queda de Graça Foster e o avanço do "mercado"

04 Feb 2015   |   comentários

A queda anunciada de Graça Foster e dos ex-ministros no Conselho de Administração da Petrobrás apontam a um avanço nos interesses privatistas na empresa. Pelas mãos do PT e não só de "inimigos externos".

Ontem, após intensa especulação na mídia agentes do governo Dilma e da Petrobrás teriam declarado que o resultado da reunião de Dilma com sua mulher forte na empresa, Graça Foster, seria um acordo para retirada da presidente da estatal e dos ex-ministros em seu Conselho de Administração. Esta retirada ocorreria em março, após publicação do balanço da empresa e quando se confirmem as bilionárias perdas contábeis da empresa, da ordem de ao menos R$ 88 bilhões, conforme a própria Petrobrás informou.

Esta notícia entusiasmou um intenso movimento na Bolsa de Valores, levando a valorização dos papéis da empresa em mais de 15%. Este movimento tem vários aspectos especulativos e irracionais como apontam analistas da grande mídia. No entanto, esta "irracionalidade" encontra ecos no "instinto animal" do chamado "mercado". Os compradores das ações não estão só se aproveitando desta subida no preço para ganhar lucros com as ações que estavam em baixa mas estão todos apostando que a intervenção de Dilma na Petrobrás levará a maior participação do "mercado". E isto lhes agrada.

Traduzindo "mercado" ao português

Quando a mídia e o governo Dilma falam em aumentar o peso do "mercado" na empresa querem dizer que vão aumentar a privatização da empresa, aumentarão os ataques aos petroleiros, que uma maior parte da renda do petróleo será destinada aos grandes acionistas e as empresas imperialistas sócias.

Como dissemos em um outro artigo, por trás da crise política neste imenso escândalo, na crise econômica da empresa, e no drama de dezenas de milhares de terceirizados, também se desenvolve um debate estratégico sobre quem e como deve controlar o petróleo do país.

A retirada de Graça e dos ex-ministros para sua substituição por nomes do "mercado" aponta uma resposta neste debate. Especulam-se nomes como de Rodolfo Landim, que trabalhou com Eike Batista, ou o ex-banqueiro internacional e neoliberal chefe do banco central brasileiro sob Lula, Henrique Meirelles, entre outros. Também especula-se em nomes da Sadia, do grupo CAOA, e diversos outros empresários que teriam algumas características em comum: know-how de como arrochar os trabalhadores e se associar (subordinadamente) ao imperialismo para erguer empresas.

Não será das mãos do "mercado" que se encontrará credibilidade, transparência nos negócios da maior empresa do país. A consultoria PwC que tem pressionado a estatal é conhecida mundialmente por fraudes contábeis, e denunciada até pela Organização Mundial de Comércio (OMC) por ter feito fraudes contábeis que auxiliariam na privatização de uma empresa de águas na Índia, como denunciamos em um outro artigo, quando do afastamento de Sérgio Machado da subsidiária Transpetro.

A transparência, democracia, racionalidade no uso dos recursos do petróleo não vira destas mãos do "mercado". Ela só pode ser dada pelas mãos dos trabalhadores, controlando a empresa. Esta perspectiva se contrapõe não só aos privatistas e "inimigos externos" como disse Dilma, mas aos inimigos internos privatistas (abertos ou não) que o PT e Dilma estão colocando na empresa a muitos anos.

Esta defesa não é a defesa da Petrobrás atual, usada para enriquecimento legal (como no favorecimento a Odebrecht para virar o monopólio Braskem ou no auxílio as empreiteiras para construirem estaleiros) e ilegal como tanto tem se mostrado no atual esquema de corrupção. Mas a defesa de uma Petrobrás controlada pelos trabalhadores o que hoje passa, necessariamente, pela exigência da abertura de todas suas contas e contratos.

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