Palavra Operária

JPO: Qual a perspectiva de organização política que a LER-QI coloca para os trabalhadores e os estudantes que se aliam estrategicamente à classe operária?

Brandão: Nós trabalhadores precisamos avançar em programa e organização para responder a esses ataques que já estamos sofrendo. Mas temos que nos preparar também para derrotar os capitalistas, ou, caso contrário, nos preparar para uma nova derrota, desta vez pior que a que significou o neoliberalismo.

Trata-se, em primeiro lugar, de estabelecer com clareza que as conquistas da classe operária serão produto de sua luta e organização e que nós não podemos esperar nada de qualquer governo capitalista. Em segundo lugar, nosso programa tem que levar a unidade dos trabalhadores efetivos com seus irmãos terceririzados e temporários. Devemos lutar pela repartição das horas de trabalho sem redução dos salários para garantir emprego para todos e pela expropriação de todas as empresas que fechem ou demitam para colocá-las em produção sob controle dos trabalhadores.

A partir daí devemos colocar a luta contra a burocracia sindical reconquistando as comissões de fábrica e os sindicatos para colocá-los a serviço da luta de classes e não da conciliação com os patrões. A classe operária tem que fortalecer coordenações entre os sindicatos como é a Conlutas, e daí dialogar com os trabalhadores que ainda estão organizados na Força Sindical, na CUT, na CTB ou na UGT.

Muitos trabalhadores e estudantes que procuram honestamente a unidade da esquerda se incomodam com estes debates e desencontros entre as correntes de esquerda. Porém, devemos compreender que, mesmo falando de socialismo, os partidos de esquerda expressam distintas perspectivas que são necessárias clarificar. Os trabalhadores e estudantes têm que ouvir as propostas e decidir qual é a adequada para triunfar. Por exemplo, nós da LER-QI combatemos o PSOL, porque entendemos ser correto ajudar a desmascarar que, enquanto este partido fala de socialismo, aceita dinheiro dos empressários (como a Gerdau), faz campanha com a igreja contra o direito ao aborto legal, seguro e gratuito e utiliza privilégios do Congresso, como a farra das passagens aéreas. Diante disso, temos que ou não que exigir da direção do PSTU que deixe de mascarar e cobrir como de esquerda o PSOL em função de interesses eleitorais?

Enfim, para derrotar a estratégia dos capitalistas e suas instituições, para superar os agentes burgueses em nossas fileiras, para avançar na unidade da classe operária e na aliança operária e popular e impor o poder dos trabalhadores e do povo baseado em suas próprias organizações democráticas, é necessário um programa e uma estratégia, isto é, construir um grande partido de trabalhadores que assuma essas tarefas.

Nós da LER-QI lutamos por um partido de trabalhadores revolucionário. Não nos consideramos esse partido nem achamos que ele vá surgir só da nossa evolução, mas sim da convergência entre correntes revolucionárias que surgirão nos processos de radicalização das massas a partir das próprias fileiras operárias, de rupturas de partidos de esquerda, da intelectualidade de esquerda que se aproxime do marxismo revolucionário, enfim, de um processo de fusões e rupturas. Porém, hoje chamamos os que concordam com essas idéias para que fortaleçam nossa Liga, lutando por essa perspectiva e se preparando já, na intervenção da luta de classes, armando política, programática e teoricamente os dirigentes operários e estudantis.

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