Terça 7 de Maio de 2024

Internacional

BOLÍVIA

Para derrotar a direita o único caminho é mobilizar

11 Sep 2008   |   comentários

A paralisação da “Meia Lua” (nome dado às províncias mais ricas da Bolívia, como Pando, Tarija, Santa Cruz e Beni) e as ocupações de prédios públicos, ataques racistas aos trabalhadores e camponeses e outras covardes agressões mostram que as oligarquias autonomistas estão dispostas a tudo para seguir controlando as províncias como se fossem “suas” fazendas.

Sob as cínicas consignas de “resistência civil” e “autonomia” não só querem bloquear a iniciativa do MAS de levar à votação a nova Constituição em 7 de dezembro, e recuperar sua parcela do IDH para seguir engordando às custas do povo, senão impor o terror contra os setores da própria população local que começa a resistir; por isso dão corda solta à Juventude Cruzenhista e demais grupos de choque fascistizantes para atacar com o grito racista de “índios, raça maldita” .

Evo Morales denunciou uma vez mais que se tenta “iniciar um golpe civil tomando instituições” como em Cobija e Trinidad, mas diz aos trabalhadores, camponeses e npovos originários que a tarefa é esperar para votar em janeiro...O governo do MAS não quer nem pode enfrentar conseqüentemente esta nova ofensiva da direita por que como já demonstrou em todo o seu governo, sua estratégia é pactuar com os representantes dos empresários, latifundiários e as transnacionais, e não abandona as esperanças de poder se sentar para “dialogar” novamente, com a benção da OEA e da Igreja.

Entretanto, aos reacionários e seus cães fascistas não se convence com argumentos, nem se ganha deles com cédulas eleitorais! É hora de por em pé Comitês de Autodefesa Operários e Camponeses com todas as organizações de massas do território nacional.

O CONALCAM anunciou iniciativas como bloquear Santa Cruz, marchas ou “cercos ao Congresso” para obrigá-lo a legitimar o referendo pela CPE, isto é, ações parciais de pressão dentro da linha fixada pelo governo.

Respeitamos as expectativas das bases que simpatizam com o MAS, como as federações de cocaleiros de Yungas e do Chapare, as organizações do Bloco do Oriente, a CSTUB, as juntas dos bairros populares, etc. Mas só o movimento operário, camponês e indígena com sua força e seus métodos de luta poderão derrotar os reacionários; e para isso não devem se subordinar às orientações desmobilizadoras do governo, mas impulsionar uma mobilização nacional unitária para derrotar as oligarquias, conquistar as demandas operárias, camponesas, indígenas e populares e o cumprimento da “agenda de Outubro” . Um primeiro passo poderia ser convocar já uma jornada nacional de mobilização, com paralisação dos trabalhadores, bloqueio de estradas e concentrações populares em todo o país, que demonstre aos autonomistas que desde já nenhuma de suas provocações vai ficar impune.

A COB deve impulsionar a unidade de ação efetiva com as organizações de massas de todo o país, assumindo uma posição clara na preparação desta mobilização, desde uma posição política dos trabalhadores independente do MAS tanto como dos empresários. Faz falta uma grande frente-única de massas para a luta e a COB deve chamar a coordenação e a colocá-la de pé; este seria também o caminho para começar a preparar política e praticamente uma Assembléia Popular que concentre as forças operárias, camponesas, indígenas e populares. A única garantia para que a central operária tenha um papel que lhe corresponde é que os sindicatos combativos e os trabalhadores avançados não deixem esta tarefa nas mãos dos atuais dirigentes. Há que lhes impor a convocatória urgente do postergado Congresso da COB, com a mais ampla participação das bases para adotar um plano de ação dos trabalhadores.

Os socialistas revolucionários apoiamos todo passo progressivo na unidade de ação para combater a direita e lutar pelas demandas operárias, camponesas, originárias e populares, mas o fazemos sem conceder o menor apoio político ao governo e mantendo todas as nossas críticas a sua ação à serviço da colaboração de classes com a burguesia, que só tem servido e serve para agrandar a reação e postergar as reivindicações dos trabalhadores e do povo.

Chamamos aos sindicatos combativos, à juventude que quer enfrentar a direita, à esquerda que se reivindica operária e socialista a impulsionar sem mais demora um bloco de luta e por uma política independente dos trabalhadores, para impulsionar estas tarefas nas fábricas, minas, bairros, comunidades e locais de estudo, ante a crítica situação nacional.

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Frente aos acontecimientos de Santa Cruz

Reorganizar a juventude anti-fascista

Por milhares de jovens nas ruas, contra a direita e junto aos trabalhadores

Nestas últimas semanas vimos os bandos fascistas juvenis em plena ação dentro das 5 províncias que integram a “Meia Lua” . A União Juvenil Cruzenhista é a ponta de lança na defesa dos interesses dos latifundiários, empresários, e da oligarquia escoltada por grupos de choque de outras províncias: “Jovens pela Democracia” em Cochabamba, “Juventude do Moto Méndez” em Tarija, “Juventude Democrática” em Sucre, como também em Beni e Pando.

O extremo que esta horda alcançou é impressionante. As ações que levaram a cabo vão desde simples bloqueios, até a redução da polícia, e inclusive provocaram a fuga dos militares em Sucre, após terem golpeado e humilhado nossos irmãos camponeses. As eloqüentes imagens recorreram os meios de comunicação nacionais e estrangeiras demonstrando o selvagem racismo e até onde estes reacionários estão dispostos a chegar para defender suas terras e suas grandes propriedades.

Mas em Santa Cruz já não é dominada tão fácil, pois vem surgindo uma crescente resistência como no Plano Três Mil, enorme e combativo assentamento de centenas de milhares de trabalhadores pobres, que não temem enfrentar as “crianças ricas” da capital oriental.

Mas o governo do MAS, fiel à sua política de diálogo e pactos com a direita, amarra as mãos dos setores que querem resistir, isolando-os. Por isso, frente à ofensiva da direita e de seus bandos fascistas é necessário reorganizar a juventude anti-fascista em todo o território nacional e em forma independente do governo.

Em La Paz e El Alto vários coletivos e organizações de esquerda, realizamos diversas ações contra a direita e todo o tipo de reuniões, assembléias e atividades como festivais, etc. Desde a Juventude da LOR-CI propomos retomar a organização da Juventude Antifascista de La Paz e El Alto para mobilizar milhares de jovens junto aos trabalhadores e ao povo, divulgar nas fábricas, comunidades, bairros e estabelecimentos educativos, a necessidade de enfrentar a direita nas ruas e discutir amplamente a necessidade de um programa para triunfar.

A Liga Obrera Revolucionaria por la Cuarta Internacional (LOR-CI), é a organização irmã da LER-QI na Bolívia, e também faz parte da Fração Trotskista - Quarta Internacional

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