Sábado 20 de Abril de 2024

Movimento Operário

II CONGRESSO DO PT DA BOLÍVIA

Importante debate de estratégias e programa

03 Jul 2013   |   comentários

Nos últimos dias 28 e 29 de junho ocorreu o II Congresso do Partido dos Trabalhadores da Bolívia, impulsionado pelos sindicatos e federações sindicais. Desde a Liga Obrera Revolucionária (seção boliviana da Fração Trotskysta - Quarta Internacional), abrimos um importante debate de estratégia e programa.

Nos últimos dias 28 e 29 de junho na cidade de Oruro ocorreu o segundo congresso do Partido dos Trabalhadores impulsionado pelos sindicatos e federações sindicais, com o objetivo de eleger a direção Nacional e rediscutir os documentos que serão apresentados à corte eleitoral plurinacional. Participaram aproximadamente 300 delegados, a maior parte mineiros, os quais ratificaram os documentos aprovados em Huanuni, e se nomeou a nova direção transitória que sobre a base da Comissão Política eleita no congresso de Huanuni, incorporou 9 companheiros, entre eles Jaime Solares da COB e como presidente da nova direção o companheiro Mario Martínez de Huanuni.

Um ponto de inflexão no desenvolvimento do partido

Depois do congresso fundacional em Huanuni no mês de março, com a presença de 1300 delegados e a aprovação do documento político do partido, chegamos a este segundo congresso do partido, constatando que nesse tempo pouco ou nada se tem avançado e o partido se encontra estancado. Prova dessa situação é que a Comissão Política do PT não foi capaz de garantir a presença das organizações e delegados que assistiram ao primeiro congresso.

Já nas semanas prévias ao segundo congresso se fizeram sentir diversas críticas à gestão de Guido Mitma e Gonzalo Rodríguez por seu silencio durante as duas semanas do conflito, e ainda pior, depois da feroz repressão de Caihuasi e o processamento de Vladimir Rodríguez executivo da COD Oruro e Gloria Oblitas também do mesmo organismo. A Comissão Política durante três meses se dedicou à redação de um novo documento que com o argumento de “facilitar a inscrição na Corte Eleitoral”, preparava a negação do documento de Huanuni com os postulados abertamente reformistas e pró-burgueses, que pretenderam fazer aprovar neste segundo congresso.

Nessa tentativa de substituir os documentos de Huanuni, a comissão presidida por Mitma e Rodríguez não se privaram de levar adiante ataques francamente reacionários e de direita, contra “os estrangeiros” da IV Internacional e os “grupelhos” trotskistas. Contudo, depois de várias horas de discussão, o conjunto dos trabalhadores presentes decidiram e votaram por ratificar o conteúdo e os postulados do documento de Huanuni, e consideram o documento apresentado por Mitma e Rodriguez como “aportes” e “complementos”para se incorporar ao documento base de Huanuni e não para substitui-lo como pretendiam esses reformistas. A aceitação da renuncia de Guido Mitma ao termino do congresso, e a incorporação de Solares e de Mario Martínez, reconhecido lutador revolucionário mineiro, é a mostra da derrota política no congresso abrindo a partir desse, um novo rumo para a construção do partido.

Dois programas e estratégias em jogo

Este congresso reeditou o discutido e disputado em Huanuni, isto é, sobre qual é o caráter do partido a se construir. Um importante setor da burocracia sindical se empenha em excluir os revolucionários e a esquerda dos organismos do PT, pondo em risco com esta atitude a existência do partido, como se mostrou na importante redução de delegados, tentando construir sobre esta base um partido essencialmente eleitoral, programaticamente reformista e a serviço de levar adiante acordos e pactos com o setor dissidente do MAS como Rebeca Delgado, Almaraz e outros. Para este fim, necessitam diluir a existência do documento de Huanuni, limitar ou inclusive evitar a participação de trabalhadores de base que vem girando à esquerda como subproduto da luta de maio e da experiência de 6 anos com o reformismo governamental e excluir as tendências socialistas e revolucionárias. O documento apresentado pela CP neste congresso é um documento que elimina as referencia à luta de classes, à estratégia socialista e do poder operário e campesino, assim como toda formulação anti-imperialista como é a nacionalização sem indenização das transnacionais e sob controle operário coletivo entre outras, ideias formuladas no documento de Huanuni. Os trabalhadores por unanimidade decidiram ratificar o documento Huanuni dando uma derrota parcial à burocracia e ao reformismo.

A LOR-CI e a luta contra o reformismo

Nesse marco, com a redução de delegados e as persistentes tentativas de boicotar o desenvolvimento do congresso, no qual inclusive estiveram ausentes a totalidade do CEN da COB, com exceção de Solares, para além de importantes setores comprometidos com o PT como são os trabalhadores da saúde publica ou o magistério urbano nacional, onde tanto o estalinista PCB como o POR coincidiram em esconder das bases os documentos e as convocatórias, nossa organização, a LOR-CI, levantou resoluções que permitiram superar esta situação e dotar o nascente PT de uma perspectiva de desenvolvimento antagônica à burocracia.

Neste marco foi chave a luta contra o documento Mitma-Rodríguez, defendendo e fazendo respeitar o documento de Huanuni. Posteriormente, levantamos a necessidade de levar adiante uma importante campanha pela retirada dos processos contra os companheiros de Huanuni e contra a perseguição política contra os revolucionários que impulsionamos o PT, como é o caso da companheira María Eugenia Guerrero, suspendida da COD Cochabamba de forma arbitrária e ilegal pelos reformistas amigos de Rodríguez.

Frente à derrota política sofrida por esse setor ao se aprovar a ratificação dos postulados de Huanuni, os setores mais reformistas ameaçavam retirar-se e esvaziar de conteúdo o PT. Nesse marco desde nossa organização e compreendendo que não é suficiente derrotar estes reformistas nas alturas do congresso e de que é necessário desmascará-los e derrota-los em cada fábrica, oficinas onde tenham influencia, é que propusemos a necessidade de fusionar as duas comissões políticas, isto é, a primeira comissão presidida por Solares e que organizou o primeiro congresso de Huanuni com 1300 delegados e a comissão presidida por Mitma que organizou o segundo congresso com 300 delegados, de maneira tal a impedir, mediante esta resolução, o abandono de vários sindicatos do PT e começar a levar adiante uma luta política que possa ser compreendida pelo conjunto das bases operarias, em particular aquelas que ainda confiam em dirigentes reformistas como Céspedes ou Rodríguez. Ainda que não tenha se levado de fato essa moção, e se manteve a comissão política “reformista”, a renúncia de Mitma e a incorporação de Martínez na presidência da direção e Solares como membro pleno, colocam a possibilidade de que o PT retome seu caminho ascendente, saia da clandestinidade a que o reduziram e se agudize a luta por um partido dos trabalhadores que busque uma saída revolucionária. Impulsionar os comitês de base do PT, o inicio de uma grande campanha de difusão sobre os postulados de Huanuni e o início da legalização partidária, até um congresso final que deverá levar a cabo em Cochabamba ao final de agosto serão as tarefas chave da direção presidida por Martínez.

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