Sexta 3 de Maio de 2024

Nacional

NENHUMA FRENTE ELEITORAL COM O PSOL

Os trabalhadores necessitam de uma Frente Classista e Socialista

01 Jul 2008   |   comentários

No momento em que as coligações eleitorais dos partidos burgueses se definem, na esquerda discute-se a formação de uma “Frente de Esquerda” composta por PSOL, PSTU e PCB, como foi feito em 2006 para as eleições presidenciais, que tinha à frente Heloisa Helena como candidata.

Por vontade do PSTU, quem vem publicando seguidos artigos sobre a necessidade de “não dividir a esquerda combativa e socialista nessas eleições” , a Frente de Esquerda seria retomada com o mesmo programa anterior. Isso só não se dá porque, segundo o PSTU, o PSOL tem “se aliado à direita” em algumas cidades e “tido uma postura sectária com o maior peso político e social do PSTU” em outras. Apenas no RJ o PSTU diz que a Frente “dá um exemplo” de como deve ser feito em todo o país.

Nesse artigo, queremos discutir com os companheiros do PSTU que acreditam honestamente ser o único problema da formação da Frente de Esquerda o PSOL buscar acordos eleitorais com setores burgueses e ignorar o peso político do PSTU em determinados municípios quando toma todo o tempo de rádio e TV da coligação, ou quando lança candidatos sem consultar o PSTU.

As coligações do PSOL a serviço do seu programa burguês

Nas próximas eleições municipais o PSOL prepara coligações que evidenciam mais do que nunca como essas alianças estão a serviço de um programa político para gerenciar o Estado burguês com partidos e posições burguesas. Em Porto Alegre (RS), a direção regional do PSOL formalizou a aliança com o Partido Verde (PV). Em Recife (PE), a direção regional do PSOL vetou a aliança eleitoral com o PSTU por conta da negativa deste em participar das eleições com o PV no sul. Em São Paulo, onde a direção municipal do PSOL é formada majoritariamente pela APS, o partido definiu unilateralmente a indicação de candidato a prefeito e vice-prefeito.

Na edição n° 341 do jornal Opinião Socialista, o PSTU diz: “consideramos um erro grave que a esquerda socialista se divida nas eleições municipais, enfraquecendo a oposição de esquerda ao governo Lula e seus representantes nos estados e municípios. Queremos apresentar aos trabalhadores uma alternativa realmente independente, de classe e socialista” .

Mas, contra as posições descaradamente conciliadoras do PSOL, o PSTU: “considera que o exemplo do Rio de Janeiro é uma demonstração de que é possível garantir a unidade da frente, envolver democraticamente os ativistas na sua construção, e respeitar o peso social e político dos partidos. Outra definição da Frente no Rio é que o candidato prioritário a vereador do PSOL, o atual vereador Eliomar Coelho, terá o mesmo tempo de TV e Rádio de Cyro Garcia, principal candidato do PSTU a Câmara Municipal. Além de Cyro, o PSTU se expressará nos programas eleitorais de TV e Rádio através da presença de Vera [1]” .

Nós da LER-QI, ainda que achemos sensivelmente diferente o PSOL estar com partidos como o PSTU no RJ e com o PV em Porto Alegre, não podemos compartilhar da idéia de que o caráter independente, classista e socialista da Frente de Esquerda seja somente como se dão as coligações e como se divide entre os partidos o tempo da propaganda eleitoral.

Como já definimos em artigos anteriores, o PSOL busca seguir de maneira mais rápida a trajetória do PT durante os anos 80 e 90. O projeto político do PSOL é repetir como farsa a trágica tradição da esquerda petista e cutista (e trotskista) de aceitar programas nos quais algumas frases “classistas e socialistas” aparecem como adornos “esquerdistas” em um programa de conjunto reformista. Esses amálgamas são até hoje reivindicados como “bandeiras históricas” que, se sob alguns pontos de vista expressam demandas reais das classes exploradas e oprimidas, terminam como bandeiras para os “dias de festa” , enquanto o dia-a-dia dos sindicatdos continua sendo pautado pelas ordinárias campanhas salariais nas datas-base e eleitoralismo dentro dos marcos democrático-burgueses.

É por esse motivo que não podemos achar exemplar a aliança com Chico Alencar no RJ porque, apesar de ser uma coligação com partidos de esquerda, o programa político levantado pelo PSOL, e que o PSTU se adapta por compor essa Frente, é uma política diretamente burguesa que, frente à crise da segurança pública no estado, que teve seu ultimo caso trágico no assassinato de três jovens negros envolvendo todas as podres instituições burguesas e até mesmo o exército, Alencar propõe uma audiência pública com a presença do ministro da Defesa, do comandante do Exército e do delegado Ricardo Domingues. Que vergonha! Longe de desenvolver uma campanha denunciando a responsabilidade das instituições repressivas com a cobertura do Eestado, exigindo a punição dos assassinos, pede uma apuração controlada pelos mesmos responsáveis pela morte desses jovens!

Em São Paulo, a chapa da Frente de Esquerda é encabeçada por Ivan Valente, que vem se destacando por ser um dos principais defensores da “CPI da dívida pública” , que está a serviço de negociar essa fraudulenta dívida com os banqueiros. Lamentavelmente, para o PSTU pouco importa que os candidatos da Frente de Esquerda em SP em nada contribuíram para a campanha dos operários da GM contra os ataques da patronal.

Frente a isso, nos posicionamos pela ruptura imediata do chamado à Frente de Esquerda com o PSOL em todo o país. Nenhuma necessidade de espaços eleitorais ou conquista de vereadores pode estar à frente dos princípios de classe.

Por uma verdadeira FRENTE CLASSISTA

Nas eleições municipais de outubro a classe trabalhadora precisa de candidatos que expressem verdadeiramente posições classistas e combativas, independente da burguesia e das instituições de seu Estado. Precisa de candidatos que representem os interesses dos trabalhadores e lutem conseqüentemente pelos seus direitos e contra as leis escravistas apoiadas pelo PSOL: abaixo o Super-simples! Por um salário mínimo do Dieese (R$ 1.900,00), e não o vergonhoso salário proposto pelo PSOL de R$ 602,00. Ao invés da “CPI da dívida pública” , devemos lutar pelo não pagamento da dívida interna e externa.
Ao contrario do PSOL que defende “limpar” as instituições da democracia dos ricos através das suas infinitas CPIs, a classe trabalhadora necessita de uma Frente Classista que denuncie a podridão da democracia burguesa. Nenhuma confiança nesse parlamento corrupto. Comitês independentes para punir os corruptos e confisco dos bens a serviço dos trabalhadores e povo pobre. Nenhuma confiança na polícia assassina de pobres e negros.

Insistimos: nenhum anseio eleitoralista ou por espaço na mídia pode estar por cima dos princípios e das necessidades da classe operária. Chamamos o PSTU a romper com as alianças eleitorais com o PSOL e encabeçar uma verdadeira Frente Classista para as próximas eleições, a partir dos delegados e das posições discutidas no I Congresso da Conlutas.

Um exemplo de Frente Classista a ser seguido

Nas eleições presidenciais da Argentina em 2007, se conformou uma Frente Classista composta pelo PTS (partido irmão da LER-QI), MAS (Movimento ao Socialismo) e Esquerda Socialista. Contra a política do MST (Movimento Socialista de Trabalhadores) ’ que faz parte do mesmo bloco internacional que o MES (PSOL) ’ de propor uma “frente ampla” em nome da “unidade” com as “forças” burguesas supostamente “progressistas” ; a Frente Classista conseguiu difundir entre milhares de trabalhadores a necessidade de se construir um grande partido classista e lutar por um programa operário e socialista, propagandeando as idéias dos revolucionários em todos os meios de comunicação permitidos pelo período eleitoral, contra os capitalistas nacionais e internacionais, com eixo no internacionalismo proletário. A partir da experiência de Zanon, fábrica ocupada sob controle dos trabalhadores desde 2001, produzindo sob controle operário, foram discutidos os limites da luta sindical e a necessidade de elevar a luta dos trabalhadores ao terreno político, papel de vital importância aos socialistas revolucionários para que essas lutas extraiam lições de um programa operário e socialista no caminho de um governo dos trabalhadores e do povo.

A partir de todo espaço aberto pela conformação da Frente Classista, foi possível dar passos para forjar uma vanguarda de trabalhadores e jovens que se prepare para os próximos ascensos da luta de classes naquele país. Por isso, chamamos o PSTU a seguir o exemplo do FOS (grupo irmão do PSTU na Argentina e membro da LIT), que ao invés de seguir a reboque da “esquerda ampla” dos partidos análogos ao PSOL no país vizinho, fez parte da Frente Classista encabeçada pelo PTS.

[1Vera Nepomuceno (PSTU), candidata a vice-prefeita de Chico Alencar (PSOL) no RJ.

Artigos relacionados: Nacional , Debates , Partido









  • Não há comentários para este artigo