Palavra Operária

• 

No momento em que todos os trabalhadores da USP podem comemorar uma importante vitória da CHAPA 1, recebemos com muito orgulho o enorme triunfo obtido pelos mais de 2 mil trabalhadores e trabalhadoras, ferroviários terceirizados, da Roca na Argentina, que conseguiram a total reincorporação dos demitidos sindicais e a efetivação de todos e todas terceirizadas, sem concurso público, e que é sem dúvidas um grande exemplo para toda a classe trabalhadora, em todo o mundo.

Os trabalhadores da Roca deram um grande exemplo de luta e organização porque realizaram uma série de ações, atos e cortes de rua, extensa panfletagem e diálogo com as demandas democráticas da população, e arrancaram da patronal UGOFE, do Governo e do Ministério do Trabalho a incorporação de milhares de pais e mães de família de dezenas de empresas terceirizadas diferentes, porém, idênticas na superexploração, que se unificavam, se organizavam e votavam todas ações em assembléias de base.

A crise política que contribui para fazer emergir essa luta aconteceu quando um jovem militante do Partido Obrero (PO), Mariano Ferreyra foi covardemente assassinado a tiros por capangas da burocracia sindical ferroviária, que além de tomar proporções nacionais em todos os meios e no próprio governo, moralizou ainda mais os trabalhadores que unificaram as demandas pelas condições de trabalho com a luta pela punição de todos os autores contra a repressão da patronal, do Estado e dos burocratas. Esse trágico crime multiplicou as assembléias, a organização e o espírito dos trabalhadores de que deveriam seguir até o final e ao mesmo tempo deixou o Governo e a burocracia numa difícil situação após o ocorrido. Neste processo a Agrupação Bordô, impulsionada por militantes do PTS e trabalhadores independentes, cumpriu um papel fundamental.

Essa exemplar conquista dos trabalhadores terceirizados da Roca deve ecoar como um grande incentivo a organização e luta dos mais de 5 mil companheiros terceirizados da USP, na maioria mulheres e negros, a partir da unificação de suas demandas elementares por salários e direitos dignos, com o programa do Sintusp eleito nos congressos e assembléias da categoria e também no programa da nova diretoria eleita; pelo fim da terceirização e pela efetivação de todos os terceirizados sem concurso público.

Para uma real unidade entre nosso programa e a luta dos terceirizados é fundamental que os trabalhadores ativos das ultimas greves tomem para si até o final as demandas do trabalhadores terceirizados e dêem um passo a mais no classismo e combatividade dos últimos anos. É urgente compreender que a solidariedade de classes não se resume a um programa classista independente da burguesia e suas leis, que pautamos corretamente nas greves, mas que deve ser ativamente construída com os terceirizados que se colocam a lutar e no cotidiano desses milhares de companheiros e companheiras superexplorados e humilhados, enfrentando todos os obstáculos impostos pela Reitoria e pelas empresas de fachadas controladas por não mais que um punhado de aristocratas encastelados no Conselho Universitário.

Também porque é inseparável a luta por melhores condições de trabalho e contra o assédio moral sofrido por outros tantos milhares de trabalhadores efetivos de toda a USP, em especial os companheiros e companheiras da COSEAS. Junto aos terceirizados, são estes os que sofrem com doenças físicas e mentais pelos ritmos extenuantes, falta de funcionários, rotatividades arbitrárias de local de trabalho, assédio das chefias, e quando se organizam sofrem perseguições políticas e demissões. No atual momento devemos tomar com tudo o exemplo dos ferroviários argentinos e unificar nossas forças entre todos os setores democráticos dos professores, intelectuais de esquerda, estudantes e efetivos da USP, onde desde já o Sintusp assumirá a linha de frente; pelo(a): Fim da Terceirização e da Precarização do Trabalho na USP! Efetivação de Todos os Terceirizados sem concurso público! Igual Trabalho, Igual Salário e Iguais Direitos! Melhores condições de Trabalho aos funcionários da COSEAS! Abaixo a Repressão, Perseguição e Assédio Moral aos Trabalhadores da USP!

“Que o exemplo dos ferroviários da ROCA seja mostrado e difundido entre os trabalhadores da USP e, também em todos os lugares onde nossas vozes alcançarem em alto e bom som para demonstrar como SIM, é possível quando todos lutam em torno do mesmo objetivo.”
Eusébio, trabalhador da FFLCH e militante da LER-QI

Artigos relacionados: Movimento Operário