Sexta 26 de Abril de 2024

Nacional

Os debates sobre o Impeachment e a política dos trabalhadores

17 Feb 2015 | Já passamos por seu primeiro mês e o ano de 2015 mostrou que as previsões que se faziam estavam corretas; 2015 será um ano de crise, muitos diziam, e cada vez mais essa previsão reflete o que realmente está se dando nesse ano em que muita coisa ainda pode acontecer.   |   comentários

Já passamos por seu primeiro mês e o ano de 2015 mostrou que as previsões que se faziam estavam corretas; 2015 será um ano de crise, muitos diziam, e cada vez mais essa previsão reflete o que realmente está se dando nesse ano em que muita coisa ainda pode acontecer.

Já passamos por seu primeiro mês e o ano de 2015 mostrou que as previsões que se faziam estavam corretas; 2015 será um ano de crise, muitos diziam, e cada vez mais essa previsão reflete o que realmente está se dando nesse ano em que muita coisa ainda pode acontecer.

Com os ataques aos direitos trabalhistas promovidos pelo governo Dilma, tarifaço, falta de água, demissões na indústria, os patrões e o governo apresentam suas armas; nós trabalhadores e os demais setores oprimidos, por nosso lado, respondemos com uma forte greve na Volks, as mobilizações da juventude contra os aumentos nas passagens, a greve do funcionalismo público no Paraná, isso sendo
apenas um ensaio das lutas mais profundas que tendem a acontecer no futuro próximo.

Outros fatores ainda se somam a esses para construir um cenário que tende a ser palco de conflitos agudos: a crise econômica que cada dia ganha contornos mais concretos em nosso país (essa semana, por exemplo, o dólar voltou a subir atingindo a cotação de R$ 2,83) uma crise política cada vez mais aberta (que ganha um patamar superior com a eleição de Eduardo Cunha para a presidência da Câmara), os escândalos na Petrobrás mostrando a que grau chega a corrupção nas entranhas do estado brasileiro, com todos os principais partidos do regime envolvidos no caso.

Isso sem falarmos na maior politização da população desde junho de 2013, com setores importantes da classe operária, da juventude, e de todos os setores oprimidos tendo acumulado uma série de experiências importantes de luta e mobilização. Juntemos esses elementos e a mistura só pode ser altamente explosiva para o instável regime “democrático” (só para os ricos) brasileiro.

A oposição patronal tenta desviar o legitimo sentimento de indignação dos trabalhadores, da pequena burguesia e dos oprimidos

É nesse contexto que a oposição patronal ao governo petista tenta desviar o legítimo sentimento de indignação dos trabalhadores e dos oprimidos. Com a cara mais deslavada tentam se apresentar como campeões da moralidade política, como se não estivessem metidos também em inúmeros casos de corrupção (desde o próprio caso da Petrobrás, cujo esquema de corrupção começou durante o governo FHC até o escândalo do metrô em SP).

Com a eleição de Eduardo Cunha para a presidência da Câmara dos deputados a oposição patronal ganhou uma importante trincheira em sua luta contra os petistas; apesar de ser de um partido da base aliada Cunha tem tido uma atuação independente em relação ao governo, o que reforça o discurso pela defesa de um Impeachment da presidente que tem sido levado à frente por alguns setores da oposição (mesmo que Cunha ainda não tenha se posicionado favoravelmente ao impeachment, é o presidente da câmara que da aval ao começo de um processo de Impeachment, por exemplo).

A base de sustentação da petista se torna cada vez mais fraca com seu principal aliado, o PMDB, tendo maiores fricções com o governo, com a direção do partido declarando essa semana que terá uma atuação mais independente em relação ao planalto.

Com sua proposta de Impeachment da presidente a oposição patronal (a começar pelos tucanos) está testando uma política que tenta desviar e canalizar toda indignação popular para dentro do regime e conseguir através de uma manobra o que não conseguiu nas eleições, ser ela a gerir os assuntos comuns da burguesia

A crise e a luta de classes começam a criar fissuras entre os setores da classe dominante

O regime democrático através do qual os ricos mascaram sua dominação é extremamente frágil no Brasil. Não poderia ser diferente num país marcado por imensas desigualdades sociais, raciais, regionais e uma longa lista de etc, que se expressam também dentro do regime.

Não é de se espantar, portanto, que com a agudização da luta entre as classes e com a promessa de seu aprofundamento comecem a surgir sinais iniciais de fissuras dentro da classe dominante sobre como dar saídas para a crise e seus conflitos.

Apesar de ainda não existirem diferenças qualitativas entre os setores mais poderosos das classes dominantes sobre como encarar a crise política e econômica em curso, o que é um importante fator limitador para que as crises no governo se transformem em uma crise mais importante do regime, essa possibilidade está colocada.

A grande contradição do ponto de vista da burguesia é que a agudização dos conflitos entre eles - hoje no Brasil as diferenças entre as respostas a serem dadas à crise e ao aprofundamento da luta de classes se expressam principalmente nas disputas entre PT e PSDB - longe de ser uma forma de resolver a crise e restaurar a estabilidade tende a ser um fator importante do aprofundamento da luta de classes, pois os trabalhadores podem utilizar as brechas nas alturas para fortalecer e politizar suas lutas econômicas e sociais. Na medida em que recrudesça a luta de classe e a crise política no regime, para resolver seus próprios conflitos internos os capitalistas têm que apelar para a intervenção das massas populares, trabalhadores, pequeno-burgueses, o povo pobre em geral, como massa de manobra para cumprir seus interesses.

Mas ao fazê-lo tendem a politizar esses setores, que dessa forma são chamados a intervir na política de forma muito mais direta que a cada 4 anos nas eleições.

Existe um golpe da direita em marcha?

Para pensarmos nossos próximos passos nós trabalhadores temos que analisar a situação política de olhos bem abertos, sem nos deixarmos levar por falsas impressões. Os petistas e setores da esquerda ligados a eles (particularmente o PCO) levantam a tese de que estaria em marcha um golpe da direita, como forma de buscar também desviar a indignação popular contra o governo Dilma. Segundo essa tese contra o golpe da direita seria necessário que todos que se consideram de esquerda se juntassem e defendessem o governo petista. Nada mais falso, pura manobra para nos distrair.

Apesar de não podermos descartar a possibilidade de um golpe militar no futuro, frente a agudização da luta de classes, como tantas vezes já aconteceu na América Latina em geral e no Brasil em particular, isso em nada está colocado como uma possibilidade no momento.

Por enquanto a oposição patronal joga suas fichas em desestabilizar o governo petista por dentro das regras do regime, o Impeachment sendo meio legal de depor um presidente em casos de corrupção, por exemplo.

Nós trabalhadores não temos nada a defender num governo que ataca nossos direitos, que aumenta as tarifas dos serviços públicos, que por falta de planejamento irá causar um racionamento de água e energia.

Por uma política dos trabalhadores contra a corrupção, contra os ataques aos direitos trabalhistas, contra o tarifaço

Temos nós trabalhadores, portanto, que aproveitar os conflitos internos de nossos inimigos para propor uma alternativa política que possa unificar todos os setores oprimidos e dar uma saída real para a crise econômica, política, social que tende a se aprofundar em nosso país.

Contra a corrupção na Petrobrás devemos defender a estatização total da empresa sob controle dos trabalhadores e da população, confiscos dos bens e cadeia para todos os corruptos, por uma investigação independente e pela abertura de todos os contratos, para que os trabalhadores e a população possam ter clareza sobre a gestão da empresa.

Contra o tarifaço e a falta de planejamento que nos ameaçam com racionamento de energia e água nossa política deve ser a defesa da estatização total sob controle dos trabalhadores e da população de todas as empresas que prestam serviços essenciais, como fornecimento de água e energia.

Em defesa de nossos direitos e contra os ataques da patronal e do governo ligado a seus interesses devemos defender: nenhum direito a menos, que os patrões paguem pela crise! Para combater o desemprego e as demissões diminuição da jornada de trabalho sem redução de salário, divisão das horas de trabalho entre os aptos a trabalhar, contra o arrocho salarial: salário mínimo do DIEESE.

Essas medidas só podem ser realizadas por um governo dos trabalhadores e do povo pobre, que tome em suas mãos as tarefas que a classe dominante não pode cumprir.

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