Segunda 29 de Abril de 2024

Nacional

DEBATES SOBRE O MOVIMENTO "NÃO VAI TER COPA"

O PCO com o PT e a FIFA

13 Feb 2014   |   comentários

Já se tornou um lugar comum os petistas dizerem que a esquerda faz o jogo da direita sempre que uma critica ou questionamento pela esquerda ganha visibilidade. (...) Entretanto, o que é de certa forma estranho é que uma organização que se reivindica trotskista faça parte desse jogo, não uma só vez como “engano”, mas várias vezes, configurando-se como uma localização política de apêndice “de esquerda” do discurso petista nos (...)

Já se tornou um lugar comum os petistas dizerem que a esquerda faz o jogo da direita sempre que uma critica ou questionamento pela esquerda ganha visibilidade. Essa é uma prática historicamente comum por parte de direções reformistas, para colocar os setores que lhe questionam pela esquerda na defensiva. Entretanto, o que é de certa forma estranho é que uma organização que se reivindica trotskista faça parte desse jogo, não uma só vez como “engano”, mas várias vezes, configurando-se como uma localização política de apêndice “de esquerda” do discurso petista nos fatos.

Quando nas jornadas de junho o petismo concentrou todos os seus esforços em desqualificar as manifestações de massa que se voltavam também contra seus governos como “coisa da direita”, o PCO transformou em “elixir” a campanha por uma “frente única-antifascista”. Meses depois esse partido apoiou a inacreditável tese de que os mensaleiros do PT seriam “presos políticos”. Agora, novamente fazem coro com o PT atacando os movimentos contra a Copa do Mundo como “jogo da direita”.
Para o PCO, parece que a “direita” não está no governo petista, ou seja, que Sarney, Maluf, Collor, Renan e Feliciano (para citar apenas alguns) não são aliados privilegiados de Lula e Dilma. De repente, Dirceu e Genoíno, algumas das figuras que tiveram mais poder no governo capitalista de Lula e no PT, depois de presos, transformara-se em “vítimas” de um Estado que segue sendo governado pelo mesmo partido (e pela mesma fração política) que dirigia o Estado quando eram “estrelas” do poder. Agora, o que importa é só o amor pelo futebol que têm os brasileiros. Não importa que a FIFA e a Copa do Mundo sejam instituições completamente reacionárias, que utilizam esse esporte para a obtenção de lucros para os grandes monopólios capitalistas, nem tampouco que cumprem a função de “ópio do povo”, assim como a religião, para alienar as massas e desviá-las dos profundos questionamentos sociais que vieram à tona com as jornadas de junho.
Para o PCO, o governo e o petismo criaram um movimento #vaitercopa e nas últimas semanas têm feito inúmeras reuniões ministeriais de emergência para tratar do movimento #nãovaitercopa por causa de uma insignificante porção de esquerdistas pequeno-burgueses completamente descolados das massas. Ou seja, para este partido as jornadas de junho não abriram uma nova etapa de profundo descontentamento social que faz entrar em choque as misérias e a precariedade dos serviços públicos sofrida pela maioria da população e os bilhões gastos no megaevento feito para um minoria de privilegiados. Opinam que o governo e todos os analistas políticos deliram ao considerar a possibilidade de que um movimento contra a Copa, por mais que de vanguarda, combinado com a rotineira brutalidade da violência policial, possa se ligar com o descontentamento social dar lugar a grandes manifestações de massa.

Mas o mais estranho é que para o PCO, se a Copa fosse barrada ou passasse por uma forte crise em função de manifestações de massa, isso faria parte de uma manobra para beneficiar a oposição de direita nas eleições. É simplesmente impossível compreender tal lógica senão como uma distorção da realidade para justificar sua política adaptada ao senso comum e ao petismo. Uma crise ou interrupção da Copa por ações de massa golpearia todas as frações da burguesia e seus negócios capitalistas, gerando crises de transcendência internacional justamente num momento em que a economia brasileira se degrada cada vez mais; ao mesmo tempo em que fortaleceria a confiança das massas em suas próprias forças num nível superior ao das jornadas de junho (quando a derrubada do aumento de 20 centavos também era considerada “impossível”). É um delírio sim achar que Alckmin, Aécio, FHC ou Eduardo Campos, junto à respectivas frações burguesas que os representam, almejaria um “cenário eleitoral” como esse.

Isso não quer dizer que não seja equivocada a forma como as direções anarquistas e autonomistas levantam a consigna “não vai ter Copa”, sem se preocupar em como dialogar com a paixão pelo futebol e a alienação em relação ao real significado imperialista da Copa e da FIFA. Justamente por isso nós da Liga Estratégia Revolucionária nos colocamos como uma ala desse movimento que batalha para que o mesmo assuma uma perspectiva correta, ou seja, de ligar o descontentamento em relação às injustiças ligadas à Copa do Mundo com consignas que deem uma saúda de fundo para as demandas mais profundas que emergiram com as jornadas de junho.

“Da Copa eu abro mão, estatiza o estádio, o metrô e o buzão!”
“Da Copa eu abro mão, estatiza a UNIP, a Uninove e o buzão!”
Estatização dos transportes com gestão dos trabalhadores e controle dos usuários!

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