Sábado 4 de Maio de 2024

Nacional

Nestas eleições: Saúde “modelo” para infecção de Alckmin; falta d’agua e privatização de Hospitais para o povo

25 Aug 2014   |   comentários

“Se fosse atendido no SUS já tava morto”.
Sempre que um político tem alguma complicação e é atendido em algum grande e renomado hospital esta é a frase que se espalha em comentários de bares, esquinas, locais de trabalho, entre os trabalhadores e povo pobre.

É muito evidente, para a população, a situação de calamidade em que se encontram os hospitais: Emergências lotadas, falta de médicos, espera de horas, escassez de materiais, alojamentos improvisados em corredores, ou seja, uma verdadeira barbárie que, vez ou outra, trás a tona casos de mortes de pacientes em corredores, em frente a hospitais, infecções incontroláveis, etc.
É levando isto em conta que os trabalhadores, quando vêem a notícia de algum figurão doente, exclamam sua insatisfação com o SUS.

Nos últimos meses, no entanto, em SP, alguns casos tiveram especial evidência, ainda mais se tratando de uma época pré-eleitoral: o fechamento e ameaça de privatização de hospitais centrais para a cidade e a infecção intestinal de Alckmin.

Há quase um mês, por falta de recursos para pagar os fornecedores de materiais e remédios com os quais contraiu uma dívida de 50 milhões, o Hospital da Santa Casa de Santa Cecília fechou seus atendimentos de emergência e pronto socorro, demonstrando a grave crise a que chega a saúde no estado.

Um hospital que cumpre um papel indispensável na região central de SP, de caráter filantrópico, porém financiado progressivamente pelo Estado, só encontrou uma saída frente a pressão da falta absoluta de alternativas, que obrigou ao Governo ter de se comprometer a pagar a divida com os fornecedores e financiar os 300 milhões de dívida global pelo BNDES.

Como um hospital central para o atendimento da população consegue contrair tamanha dívida milionária, apenas os esquemas de corrupção e desvios de verba na relação “filantropia e Estado” podem explicar.

Por outro lado, se a Santa Casa encontrou uma saída do tipo “tapar sol com peneira”, postergando uma nova crise, outros exemplos tão graves quanto ocorreram neste período.

Em meio a crise orçamentária da USP, a Reitoria da Universidade, chefiada por Zago a serviço de Alckmin, decidiu criar como uma de suas soluções mágicas todo um “pacote de maldades” vazado pela imprensa e que contém, fundamentalmente, ataques aos trabalhadores e a população, dentro do qual está a proposta de desvinculação do Hospital Universitário da USP e do Hospital de reabilitação de anomalias craniofaciais, da USP Bauru.

Na prática, iria se transferir a gestão dos hospitais para a Secretaria de saúde que, no modelo atual, transferiria a gestão para alguma OS (organização social), que nada mais é que uma fundação que, estabelecendo uma parceria com poder público, está na grande maioria dos casos ligada as grandes corporações e fornecedores de materiais, seja na saúde, moradia, etc. Para notar isto, basta ver que as OS’s recebem o nome- descarado- das próprias empresas como “fundação Albert Einstein, fundação “são Camilo”, etc.

Isto abriria espaço não apenas para uma privatização descarada, que levaria a substituição de milhares de trabalhadores que hoje são funcionários da Universidade, por outros terceirizados, com menos direitos e salários menores, como igualmente afetaria o atendimento a população e a formação de médicos e profissionais que ocorre nestes hospitais.

Não apenas o HU é um hospital que trata milhões de pessoas da região Oeste de SP, com possui cifras de centenas de cirurgias ao mês, centenas de milhares de atendimentos de emergência e é um importante centro de formação de milhares de estudantes de Enfermagem, medicina, obstetrícia da USP. Em bauru, o “centrinho” como é chamado o Hospital, é referência no tratamento público de anomalias crânio faciais e na formação de profissionais para tratar estas raras complicações.

Com a desvinculação e possível privatização “maquiada”, se estabeleceriam planos de “metas de atendimento” e uma lógica empresarial que visaria não a formação paciente e focada dos profissionais e muito menos ao atendimento realmente humano dos milhões da região. O que daria o tom seria o lucro das OS’s, fundações e fornecedores que dominariam de conjunto a estrutura dos hospitais, como acontecem em centros que foram desvinculados e/ou privatizados.

Do outro lado da história, no entanto, vemos a situação de Alckmin e, previamente, de Serra e outros exemplos de como é a saúde para os “representantes” eleitos.

Contraindo antes do primeiro debate uma infecção intestinal, o que é algo relativamente simples caso tratado, Alckmin foi prontamente internado no INCOR, hospital de referência, público e com esperas enormes de internação, e acompanhado por 3 dias pelos médicos mais renomados. Após a saída, seguiu acompanhado, hora a hora, pela equipe da secretaria de saúde de SP e pelos médicos do INCOR e, segundo noticia-se, melhora progressivamente.
Outro exemplo emblemático é de Serra, candidato a senador pelo PSDB que, desenvolvendo no início do ano um tumor benigno na próstata, não hesitou e correu ao atendimento do Hospital Sírio Libanês, um dos mais renomados e utilizados pela elite paulista, o que lhe propiciou todo o atendimento e cuidados por dias. Outros exemplos como de Lula, tratado de cancêr no mesmo hospital, mostram o quão privilegiados são.

A contradição se esclarece com os dados.
O câncer hoje é uma das maiores causas de morte por razões de “saúde” no Brasil; infecções e complicações simples, seguem matando milhares de brasileiros que, batendo de frente com as enormes esperas, falta de médicos e de medicamentos, enfrentam a automedicação e agravam seu quadro clínico.
As filas de espera e de pedidos de internação duram respectivamente muitas horas e dias para se concretizarem isto quando se concretizam.

Quando uma trabalhadora acostumada a viver entre o ódio com fila do hospital e o ódio do patrão que a pressiona a trabalhar doente diz “se fosse no SUS tava morto”, está implícito tanto a crítica a situação real de calamidade da saúde no país, como a estes parasitas que, sendo “representantes” votados , neste regime político dos “ricos” e grandes empresas, vivem de privilégios, salários milionários e levam uma boa vida, mesmo diante das maiores complicações.

É necessário que no dia a dia e frente a esta farsa das eleições, que vendem propagandas de hospitais “de ponta”, postos de saúde aos milhares, atendimento rápido e eficaz, os trabalhadores tenham a consciência que só sua organização independente pode arrancar conquistas, como fizemos aos milhões em Junho.
Frente as crises, nos dizem: Falta água? Culpa da população que não economiza! A USP está em crise orçamentária? Culpa dos trabalhadores e dos milhões que usam o HU de graça; privatiza isso!

Certamente, no entanto, não é na casa deles que vai faltar água, não são os filhos deles que morrerão na fila dos hospitais, muito menos eles que se esmagarão no campo de batalha do transporte superlotado.

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