Sexta 3 de Maio de 2024

Nacional

CLAUDIONOR BRANDÃO

Massificar a luta pelo Fora PM e o Fora Suely!

24 Jun 2009   |   comentários

“a universidade não se dá ao trabalho de cumprir a lei.”

Aqui a gente não é bobo nem nada, a gente sabe que liminar pode ser cassada, pode ser derrubada. (efetivamente, foi cassada no final da tarde deste mesmo dia) Agora, se eventualmente for derrubada, não é para nós nos entristecermos, porque o fato de ter sido concedida uma liminar significa que, para além do advogado que nos defende, para além da nossa avaliação, há na justiça setores que entendem que a universidade não cumpriu as exigências legais quando se trata de demitir um dirigente sindical, um trabalhador com estabilidade provisória. Pois era necessário encaminhar o caso para um inquérito de apuração de falta grave, na Justiça do Trabalho. E a reitoria não fez isso e se outorgou um direito que não tem, de substituir a Justiça do Trabalho, ignorando os dispositivos da Constituição, da CLT e da própria OIT.

O que indica que, apesar de reclamarem da suposta ilegalidade do movimento, a universidade não se dá ao trabalho de cumprir a lei.

Infelizmente, a única lei passível de ser descumprida sem severa punição é a lei trabalhista. Outra lei, se você descumprir é punido. Mas lei trabalhista, se quiser descumprir, pode descumprir à vontade, ninguém vai pra cadeia por descumprir lei trabalhista.

“a nossa campanha pelo atendimento das nossas reivindicações deverá seguir sem abrir mão de nenhuma delas”

De qualquer forma, nossa luta vai seguir adiante. A briga na justiça é mais um canal que se abre. A análise e o julgamento do processo propriamente dito (por que essa é uma liminar, uma tutela antecipada) foi adiada agora para julho, para o próximo mês.

Esse é o informe. Queria dizer pra todos os camaradas aqui que eu agradeço bastante, imensamente a todos os companheiros e companheiras que tomaram a minha reintegração como uma de suas bandeiras e alertar para os companheiros que a luta prossegue. Que ainda que Brandão tenha sido reintegrado, tem companheiros e companheiras que estão respondendo processos, que poderão ser os próximos e a defesa do nosso sindicato exige que continuemos nessa luta. O tribunal de contas confirmou, nós não temos 5000 companheiros ameaçados de perder o emprego, mas pode passar de 1000 o número. Muda a quantidade, mas não muda a qualidade, a questão continua sendo gravíssima. É uma questão que não podemos deixar de resolver no marco dessa greve e o conjunto de outras reivindicações que nós temos. Além, é claro, da oportunidade que se abre de darmos um salto de qualidade na luta pela democratização dessa universidade.

O impeachment da atual reitora e a luta por uma Estatuinte Livre e Soberana, para trazer para dentro da universidade o que já existe no país inteiro, onde se elege de síndico de prédio a presidente da república. Aqui não há por que não ter eleição para reitor, diretor de unidade etc. Até para tentar colocar aí dentro gente que minimamente deva uma explicação a quem os elegeu.

Essa liminar é uma primeira vitória de vocês, trabalhadores da USP, por que se trata de uma ação importante de defesa do nosso sindicato. Parabéns a todos nós.

Tratava-se de lutar pelo nosso direito democrático de fazer nossa greve, contra a repressão da polícia militar. E não podemos de maneira nenhuma virar as costas a isso. Então, companheiros, a nossa campanha pelo atendimento das nossas reivindicações deverá seguir sem abrir mão de nenhuma delas. A garantia de emprego, o fim desse projeto de carreira, a questão salarial, e agora está incorporada uma nova questão, que é a campanha democrática.

Quero terminar dizendo que eu agradeci a todos que estão aqui na luta dessa greve, que tem como uma das bandeiras a minha reintegração, dizendo que essa luta pela minha reintegração começou no dia seguinte da minha demissão, no dia 10 de dezembro de 2008, e tem protagonistas que não estão aqui e nunca estiveram, que são centenas de professores, intelectuais de USP, Unesp e Unicamp, das universidade federais, de universidade internacionais, e o apoio de amigos e adversários. Por exemplo, o ministro da Secretaria de Direitos Humanos do governo Lula assina o abaixo-assinado pela minha reintegração. Parlamentares do partido do governo assinam o pedido pela minha reintegração. Pessoas que dizem “não concordo com o Brandão” , mas estou na campanha pela reintegração, por que se trata de defender a organização e as liberdades sindicais nesse país. Então, por princípio, eu não aceito a demissão do Brandão. E essa gente, independente das diferenças política que podemos ter, merece nosso agradecimento, merece nosso respeito pela sua coerência e por terem o princípio da democracia.

“Essa greve adquiriu uma repercussão nacional”

Nós começamos essa greve há 41, 42 dias atrás. É uma greve que começamos sozinhos. Obviamente começou forte no primeiro dia e continuou crescendo. E hoje, essa greve, graças à inépcia da reitoria e do governo Serra, adquiriu uma repercussão nacional. O fato é o seguinte, toda a direita que controla a imprensa coloca a discussão no sentido de desqualificar nosso movimento, desqualificar todos os protagonistas desse movimento. Não se acanham em faltar com a verdade, dizendo coisas do tipo: “Brandão estava lá jogando flores na polícia” ; sendo que todo mundo sabe que eu não estava no corte da Alvarenga. Além de mais um amontoado de barbaridades.

Em que pese falarem mal a nosso respeito, só tão falando por que essa greve adquiriu uma repercussão muito grande que só foi possível graças à coragem e à combatividade dos companheiros que sustentaram ela até hoje. Então queria aqui parabenizar todos os companheiros, por essa greve ter chegado aonde chegou. Nesse momento, todos os setores que estão na disputa eleitoral do ano que vem vão tentar se apoiar no nosso movimento pra tentar crescer. Da nossa parte, nós temos que seguir essa luta pra conquistar nossas reivindicações. E a forma de fazermos isso é massificar essa luta. Temos que mostrar que a imprensa mente quando diz que é uma luta de meia dúzia ou de dois ou três “grupelhos radicais” . Que a imprensa mente quando diz que os trabalhadores e estudantes não têm discernimento, não têm neurónios suficientes e, portanto, se permitem serem manobrados por quem quer que seja. A forma de mostrar isso é fortalecer e massificar nossos atos.

Amanhã tem um ato que a CUT ta organizando, às 10 da manhã, com Antonio Candido e Marilena Chauí, contra a repressão. Provavelmente não vai caber no auditório da Geografia, mas vai ter telão, e nós temos que garantir que aquele espaço do vão da Faculdade de História seja pequeno para o ato de repúdio à repressão. Vamos jogar pesado na convocação deste ato e na convocação do ato de quinta-feira lá na Paulista. Por que lá fica feio se a gente aparecer só com 2000 pessoas, vamos levar muita gente pra lá.

"Que próximo reitor, os próximos diretores de unidade e prefeitos de campus possam ser eleitos pelos trabalhadores e pelos estudantes da USP"

De resto, eu peço que a assembléia aprove a proposta da Prefeitura [do Campus Universitário], de que os trabalhadores querem negociar, querem negociar cada uma das suas reivindicações; mas só saem da greve junto aos nossos companheiros estudantes e professores, vencida a nossa luta pela democratização dessa universidade; que implica hoje não só botar a PM pra fora, não só o impeachment da reitora Suely Vilela, mas assegurar que próximo reitor, os próximos diretores de unidade e prefeitos de campus possam ser eleitos pelos trabalhadores e pelos estudantes da USP. E aqui, quando eu digo trabalhadores, me refiro também aos professores, que são apenas e tão somente trabalhadores também.

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