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Nacional

7 de setembro

Dilma, Anastasia, Cabral e seus partidos burgueses tentam legitimar a repressão contra a juventude

12 Sep 2013   |   comentários

Os atos de sete de setembro em BH ficaram marcados pela forte repressão desferida contra os manifestantes. Assim como nas demais capitais, houve o ato do Grito dos Excluídos seguido por atos em grande parte convocados por Black Block após uma semana de grande ofensiva da burguesia que proibiu o uso de máscaras nos protestos.

Os atos de sete de setembro em BH ficaram marcados pela forte repressão desferida contra os manifestantes. Assim como nas demais capitais, houve o ato do Grito dos Excluídos seguido por atos em grande parte convocados por Black Block após uma semana de grande ofensiva da burguesia que proibiu o uso de máscaras nos protestos. Os deputados do Rio de Janeiro votaram o projeto de lei que proíbe o uso de máscaras, projeto que foi sancionado pelo governo de Cabral do Rio de Janeiro, aliado de Dilma Roussef. A aprovação do projeto pelos deputados foi a carta branca para a polícia militar levar a frente uma forte repressão contra manifestantes, somando mais de 300 presos nacionalmente para além de feridos e toques de recolher como ocorrido mais uma vez em Belo Horizonte.

Os deputados burgueses e seus governantes mostram que para manter o Estado como balcão de negócios a serviço dos interesses da burguesia, precisam da ação de uma polícia racista e truculenta como a do Brasil. Isso por que a juventude que saiu às ruas em junho, junto à classe operária que levou a frente paralisações e bloqueios de rodovias em julho e agosto, questionam os incessantes casos de corrupção que envolvem todos os partidos da burguesia, com peso no PT do Mensalão e no PSDB do superfaturamento das obras. O povo não aceita mais as coisas como estão e por isso a burguesia precisa lançar cada vez mais medidas bonapartistas como a lei de proibição de máscaras para buscar manter seus interesses reacionários. Isso não é de hoje, visto que o que vigorou para os governantes e suas polícias no mês de junho foram as leis da FIFA, tão distantes das necessidades da população e dos trabalhadores. A luta contra esse projeto de lei deve ser parte de uma ampla campanha nacional contra a repressão que deve ser levada a frente por todos os setores que defendem a liberdade de expressão e de organização.

Longe de uma articulação tão democrática e necessária como essa esteve o ato do Grito dos Excluídos. O Grito dos Excluídos, tradicionalmente organizado por setores da esquerda, foi mais uma vez dirigido pela CUT. Não houve nenhuma grande articulação por via da direção da CUT que permitisse fazer deste dia o que a burguesia e seus governos, como de Dilma, estavam anunciando: que seria o dia de maior mobilização nacional. Mais uma vez a direção governista desta central sindical, junto à UNE, ambas dirigidas por setores atrelados ao governo Dilma, mostram que são um obstáculo para a organização da juventude e da classe operária. Este papel criminoso dessas entidades dirigidas por setores atrelados ao governo mostrou-se mais uma vez no próprio ato do Grito dos Excluídos. A direção da marcha, da CUT, não fez desta uma grande defesa dos jovens que hoje são perseguidos pelo Estado e pela polícia por lutar por seus direitos. Mesmo com uma perseguição reacionária aos chamados Black Block nacionalmente, a CUT terminou o ato em Belo Horizonte assim que a polícia chegou para reprimir a manifestação convocada pelos Black Block na cidade. A polícia chegou e a CUT foi embora, deixando centenas de jovens frente a frente com a polícia, que estava preparada com mais de 2000 policiais para reprimir a manifestação. Esta direção do PT nos movimentos de massas, aparatando historicamente entidades de massas como a CUT e da UNE, temem a juventude que se levantou em junho pois percebem que não podem mais conter tão facilmente por meio de seus cantos de sereia. E é esse temor que faz essas centrais reprimirem, com papel de polícia, jovens que se identificam como Black Block, como ocorrido em manifestações no Rio de Janeiro, preferindo deixar passar um projeto reacionário como a proibição das máscaras a defender os chamados Black Block.

Ao abandonar os jovens que seguiriam em ato na cidade de Belo Horizonte, cantando ao som de violão “até 2014”, a direção da CUT deixou espaço livre para a polícia reprimir manifestantes. O ato se transformou num ato contra a repressão e foi duramente reprimido na Praça da Liberdade e em frente ao edifício JK, local para onde foram levados os detidos, destes 17 encaminhados para o CERESP (presídio). Mais uma vez a política governista pautou as decisões das organizações antigovernistas, como o PSTU e o PSOL, que não se colocaram na linha de frente na luta contra tamanha repressão a um direito democrático de manifestação.

Desde o bloco da Ler-qi, Juventude às Ruas e Pão e Rosas, incorporamos o ato como parte do necessário protesto contra a repressão à juventude que luta levada à frente em nome da proibição do uso de máscaras e em defesa dos jovens que se identificam como BlackBlock. Desde nosso bloco cantamos: “se nem a máscara eu posso usar, não acabou a ditadura militar”, “igual ao Amarildo existem mais de mil! Essa é a polícia racista do Brasil!”, “Luiz Felipe e Douglas Henrique, presentes!”, “Chega de chacina, fora PM assassina!”, “Fora já daqui, PM das favelas e Dilma do Haiti”, “Fora já daqui, Obama da Síria e Dilma do Haiti”! Apesar de todas as divergências estratégicas e táticas que temos com os chamados Black Block, não deixamos essas questões atrapalhar uma defesa elementar que é a defesa dos que lutam contra toda a violência do Estado.

Muitos reformistas estão tentando usar até Trotsky e Lenin para dizer que organizações como os BlackBlock tem que ser combatidas enquanto se calam frente ao papel da CUT e do PT no movimento de massas. Todos os limites da política de jovens que se identificam como Black Block devem antes de mais nada ser entendidos como a falência de projetos políticos reformistas como os do PT que transformaram entidades estudantis e sindicais em instrumentos burocráticos para manter seus interesses, distante das massas e que trasformaram o PT num partido de conciliação de classes para um partido que diretamente implementou os planos da burguesia nacional e internacional nos últimos 10 anos de governo. Apenas partindo deste balanço é que é possível e necessário apontar todos os limites de práticas dos Black Block que vão na contramão da necessária organização da juventude desde seus locais de trabalho e estudo, independente dos governos e da patronal, aliada aos trabalhadores e ao povo pobre. Lutar para transformar as entidades estudantis em entidades militantes, varrendo delas a burocracia estudantil aliadas ao governo.

Mais que uma organização apenas para os atos, é necessária uma organização que lute contra todo o status quo, contra a opressão e a exploração, numa perspectiva revolucionária. E para isso a aliança da juventude com a classe operária é fundamental, pois essa é uma aliança estratégica contra a burguesia e seus agentes no seio do movimento de massas, que não serão combatidos se não houver organização política e militante independente dos patrões e dos governos. E para isso a construção de um partido revolucionário é vital. Como dizia o revolucionário Trotsky, no Programa de Transição: “Quando se gasta um programa ou uma organização, gasta-se a geração que os carregou sobre seus ombros. A renovação do movimento faz-se pela juventude, livre de toda responsabilidade pelo passado. A IV Internacional dá uma excepcional atenção à jovem geração do proletariado. Por toda sua política ela se esforça em inspirar à juventude confiança em suas próprias forças e em seu futuro. Apenas o fresco entusiasmo e o espírito ofensivo da juventude podem assegurar os primeiros sucessos na luta; apenas esses sucessos podem fazer voltar ao caminho da revolução os melhores elementos da velha geração. Sempre foi assim. Continuará sendo assim.” É para que saia à frente essa nova geração do proletariado, acompanhada pelos seus setores mais experientes, que já vivenciaram importantes lutas como os processos de ocupações de fábricas em BH/Contagem e de formação de comissões de fábricas, que a juventude que sai às ruas hoje deve dirigir sua estratégia. É neste sentido que qualquer ação Black Blok mostra-se incapaz de responder a esse grande desafio.

Este é um debate em aberto na esquerda e enquanto se desenvolvem as ideias uma questão é elementar: massificar a luta contra a repressão, pela revogação do projeto de lei que proíbe o uso de máscaras, a imediata da liberdade dos presos políticos, retirada de todos os processos. Desde a Frente Independente pela Memória, Verdade e Justiça/MG, composta pela Ler-qi, IHG, MFP (Movimento Feminino Popular), entre outras organizações, CRESS/MG (Conselho Regional de Serviço Social), artistas, familiares de mortos e desaparecidos políticos e ex-presos políticos da ditadura no Brasil, foi lançada uma campanha contra a repressão e pela liberdade imediata dos presos políticos. Campanha semelhante foi aprovada na assembleia dos estudantes da Filosofia da UFMG e dos estudantes da FAFICH/UFMG. Exigimos do governo do Rio de Janeiro e de Dilma a resposta: onde está Amarildo? Exigimos da CUT e da UNE que rompam seus acordos com o governo e que impulsionem essa campanha nacional contra a repressão. A CSP-CONLUTAS, Intersindical, Anel e Oposição da UNE devem chamar amplas reuniões e assembleias por locais de trabalho e estudo contra esse projeto de lei e contra a repressão, voltando a levantar as bandeiras da juventude e da classe operária que saiu às ruas em junho e julho!

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