Sábado 27 de Abril de 2024

Internacional

GIRO INTERNACIONALISTA DE CHRISTIAN CASTILLO

Christian Castillo fala de seu intenso giro por uma Europa em crise

04 Feb 2014   |   comentários

“No Velho continente os Governos e as patronais ajustam com cortes, flexibilização do trabalho e demissões; aqui na Argentina, com desvalorização e inflação. Por distintas vias as classes dominantes de ambos os continentes estão de acordo em fazer com que sejam os trabalhadores os que paguem pela crise,” sentenciou Castillo.

Christian Castillo, dirigente nacional do PTS e deputado na província de Buenos Aires pela Frente de Esquerda e dos Trabalhadores (FIT), realizou declarações logo depois de regressar de um intenso giro por vários países da Europa. “No Velho continente os Governos e as patronais ajustam com cortes, flexibilização do trabalho e demissões; aqui na Argentina, com desvalorização e inflação. Por distintas vias as classes dominantes de ambos os continentes estão de acordo em fazer com que sejam os trabalhadores os que paguem pela crise,” sentenciou Castillo.

Durante a viagem, o deputado de Buenos Aires na FIT realizou dez conferências públicas entre Londres, Berlim, Barcelona, Madri, Atenas, Toulouse e Paris, assim como dezenas de reuniões, entrevistando-se com dirigentes das forças de esquerda anticapitalista dessas localidades e com referentes da esquerda sindical e da esquerda intelectual européia.

O dirigente do PTS ressaltou que “houve muitíssimo interesse em conhecer a experiência da FIT e do PTS na Argentina”, sobretudo sua relação com as lutas e com a evolução política dos trabalhadores à esquerda. Estivemos com companheiros com os quais temos acordo político e com outros com os quais temos importantes divergências, mas de conjunto a FIT é considerada um grande exemplo de que se se batalha consequentemente por seu programa de independência de classe e anticapitalista, pode-se lograr o apoio de setores importantes da classe operária e da juventude. Uma clara contratendência àqueles que dizem que o caminho a seguir são variantes reformistas de esquerda como o Syriza na Grécia, o Die Linke na Alemanha, o Front de Gauche de Mélenchon na França ou a Esquerda Unida no Estado Espanhol.

Castillo também esteve junto a trabalhadores em luta, como em Barcelona com os grevistas de Panrico (empresa alimentícia) que já levam mais de cem dias de greve, a mais longa na Catalunha desde a queda do franquismo. Doou parte de seus ingressos como deputado ao fundo de luta destes trabalhadores, como se comprometeram os candidatos do PTS e da Frente de Esquerda na campanha eleitoral. “Na Europa as classes dominantes e os partidos que as representam, sejam conservadores ou socialdemocratas, coincidem em aplicar o que alguns chamam o ‘consenso de Berlim’, um similar europeu do consenso de Washington que sofremos na década de 1990. O resultado foi um incremento crescente da desigualdade social, da precarização do trabalho, da pobreza e do desemprego. A Alemanha, que se apresenta como contratendência ao estancamento e ao aumento do desemprego, viu crescer a pobreza até 15% de sua população, e uma generalização dos trabalhos precários com baixos salários, amplamente dominantes entre a juventude. É escandaloso, ademais, o racismo na maior parte da União Européia contra os imigrantes, fomentado pelas classes dominantes e seus políticos. Ademais, atacam-se direitos democráticos conquistados há anos, como ocorre hoje com a nova lei impulsionada pelo Partido Popular retrocedendo no direito ao aborto no Estado espanhol. Os planos de ajuste passaram na Europa graças à cumplicidade das direções sindicais, algo que favoreceu o crescimento de forças da direita mais reacionária, inclusive algumas abertamente fascistas. Apesar disto, a economia segue de conjunto um crescimento anêmico. Ainda que hoje pareça primar certa desmoralização em setores das massas porque as primeiras batalhas não bastaram para frear os ajustes em curso, se está acumulando muita raiva que pode estourar a qualquer momento, como vimos a poucos dias no Estado espanhol em Gamonal, Burgos, onde uma rebelião popular freou uma grande negociata dos empresários da construção. Possivelmente, o descontentamento popular tenha expressão nas próximas eleições européias com a derrota dos oficialismos e com o crescimento dos níveis de abstenção, e também com uma maior intensidade da luta de classes”.

Finalmente, o deputado bonaerense da FIT disse, a respeito da situação em nosso país, que “na campanha de outubro dissemos que vinha o ajuste e não nos equivocamos. O Governo está levando adiante o ajuste que reivindicavam as patronais e a direita, atacando diretamente o poder de compra do salário com a desvalorização e a inflação. Mas aos capitalistas nada é suficiente, e vão por mais. Ademais, há nestes dias um salto na presença repressiva nas manifestações e na criminalização dos lutadores. Inclusive chegou-me uma intimação judicial por ter estado o piquete operário na Panamericana durante a massiva paralisação geral do dia 20 de novembro de 2012. E pretendem dar um exemplo com a nefasta condenação aos petroleiros de Las Heras. Durante a viagem difundimos sua situação e impulsionamos o chamado a fazer ações em consulados e nas embaixadas argentinas neste dia 5 de fevereiro, em consonância com a marcha que faremos em Buenos Aires. Para frear o ataque ao salário e os embates repressivos, creio que seria central um reagrupamento de todos os setores combativos da classe operária para impor um plano de luta aos burocratas sindicais.”

Artigos relacionados: Internacional









  • Não há comentários para este artigo