Segunda 29 de Abril de 2024

Nacional

Frente às ocupações militares nos bairros cariocas

Basta de repressão ao povo pobre e negro!

08 Aug 2007   |   comentários

Desde antes do início dos jogos do Pan, o governador do Rio, Sérgio Cabral, vem lançando uma nova ofensiva de ocupação militar dos morros e favelas da cidade, em especial no Complexo do Alemão e na Rocinha. Durante todo o Pan, um enorme aparato repressivo que conta com cerca de 2 mil homens, dezenas de carros blindados e apoio das Tropas de Segurança Nacional, foi o que garantiu o “espetáculo sem incidentes” e o ambiente “seguro” para receber as delegações de atletas internacionais.

Durante as duas semanas dos jogos, os moradores dessas favelas mal podiam entrar e sair do bairro, e quando o faziam estavam expostos ao fogo cruzado da polícia e dos traficantes. Com o fim dos jogos, uma nova disputa pelo controle do tráfico na favela fez a polícia intervir com peso. O saldo, só no final de semana que seguiu o encerramento do Pan, foi de 10 mortos. O balanço parcial da violência no Rio, só neste ano, não deixa nada a dever à guerra do Iraque ou à ocupação do Haiti: “De acordo com o ISP (Instituto de Segurança Pública), de janeiro a abril foram registrados 2.224 homicídios no Rio. A ONG (Rio da Paz), porém, estima o número de mortes em 3.500 (desde o começo do ano)” [1].

A imprensa burguesa, em ritmo de euforia com os jogos, cumpriu o papel de silenciador desse apartheid social, não deixando transparecer ao mundo o massacre nos morros cariocas. Se depender dos governos federal e estadual, a verdade é que a ocupação policial que transforma as favelas em uma “máquina mortífera” de pobres, negros em sua maioria, terá vindo para ficar. A verba irrisória que Lula irá destinar para a re-urbanização da Rocinha [2] não pode sequer camuflar o verdadeiro investimento que fazem governo e a burguesia para militarizar as grandes cidades.

Sérgio Cabral anunciou recentemente que irá “cercar com um muro de concreto e alvenaria as Favelas da Rocinha, do Vidigal e o Parque da Cidade, na Gávea” [3], como parte do seu plano reacionário, racista, de “combate à violência” . Governos estadual e federal dão as mãos no massacre ao povo negro e pobre, esse é o verdadeiro conteúdo do PAC da segurança. Os mesmos senhores que impõem a barbárie querem varrer com balas a “sujeira” social gerada pelo desemprego e pela miséria capitalista.

Repudiamos essa nova ocupação policial da Rocinha e todo o destinamento de verbas que o PAC prevê para equipar ainda mais o aparato repressivo. A vanguarda operária organizada a partir de seus sindicatos deve tomar a linha de frente na defesa dos mais oprimidos, dos desempregados, dos negros, dos jovens de periferia, e exigir das organizações de massa uma ampla campanha nacional contra a repressão e a militarização das grandes cidades.

[1Folha Online, 04/08/2007.

[2O PAC da Segurança inclui Cerca de R$ 80 milhões para construir escolas, hospitais e pavimentação de vias, que representam mais ou menos 15% do que Lula destinou em verbas para obras do Pan.

[3Site da Revista Época, Agosto 2007.

Artigos relacionados: Nacional , Questão negra









  • Não há comentários para este artigo