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Nacional

Governo Lula acoberta os assassinos de sem terra: Basta de massacre no campo!

24 Apr 2008   |   comentários

No último 17 de Abril, considerado pelas principais organizações camponesas, a exemplo do MST, como Dia Nacional da Luta Pela Reforma Agrária, uma nova onda de ocupações de terra e bloqueios de estrada tomou as páginas dos principais jornais e meios de comunicação. Como principais demandas dos movimentos, estiveram a “aceleração da Reforma Agrária” e o pedido de punição aos responsáveis pelo Massacre de Eldorado dos Carajás de 1996 que já completou 12 anos.

Esse dia de mobilização também compõe a agenda do “Abril Vermelho” do MST, que ocorre ano a ano desde 2003. De partida, não podemos mais do que nos solidarizar e apoiar a luta dos sem-terra, e seus métodos radicais de ocupação, já que apesar da demagogia de Lula e seu governo o que assistimos é uma situação de extrema penúria e miséria no campo, que cresce a cada ano, além da violência a que estão cotidianamente submetidos os camponeses pobres, sem-terras e trabalhadores rurais.

Em primeiro lugar cabe uma voraz denúncia que ficou, no mínimo, em segundo plano nesta jornada. Há cerca de duas semanas, um novo massacre, em Jacinópolis, Rondónia, deixou um saldo de 15 sem-terra mortos e 20 feridos. Dezenas de jagunços fortemente armados invadiram a ocupação de Campo Novo, na calada da noite em mais um ataque brutal por parte dos latifundiários da região, que estão ligados por mil laços ao governador do PSDB, Ivo Cassol, também poderoso latifundiário e empresário dono das quatro principais usinas hidrelétricas do Estado. Fato não noticiado pela grande mídia e que é mais um flagrante da brutalidade que ocorre nos campos do país e que já matou pelo menos 1.464, dentre camponeses pobres, sem terras e trabalhadores rurais, em pouco mais de 20 anos [1]. A chacina de Jacinópolis é o maior massacre desde Carajás. Este se dá sob governo de Lula e do PT. Mas a direção do MST se recusa a responsabilizar o governo por manter-se completamente atrelada a ele, como se este governo nada tivesse a ver com a liberdade que gozam os latifundiários para organizarem milícias e campanhas contra os sem-terra.

Estamos diante de um quadro de extrema concentração de terras nas mãos de um punhado de latifundiários, num modelo do agronegócio brasileiro muito mais moderno e integrado na cadeia produtiva nacional, até as cidades, mobilizando por ano U$ 36 bilhões só em exportações, representando 33% do PIB anual (“um em cada três reais gerados no país” ) [2]. Nada mais que 2% dos proprietários detêm mais de 55% das terras.

O contraponto do progresso técnico da agricultura nacional é a contraditória existência de milhões de famílias no campo não possuem sequer um hectare de terra para plantar, sofrem com o desemprego ou se submetem a condições de trabalho ultraprecárias, com a utilização em larga escala do trabalho infantil. [3]

A esquerda que se reivindica classista e socialista deve impulsionar, desde a cidade, por meio dos sindicatos e os milhares de operários que dirige, uma campanha nacional de apoio à luta dos trabalhadores rurais e sem-terra contra a repressão e os massacres, buscando apoio entre as organizações democráticas do país. O movimento estudantil, que vem se radicalizando e ocupando as reitorias das universidades, deve tomar para si as demandas do povo explorado e oprimido também do campo, colocando seu conhecimento a serviço da luta social.

Que se forme uma comissão independente de investigação, composta por organizações populares, trabalhadores e camponeses pobres para apurar os culpados de Carajás, de Jacinópolis e de todos os massacres. Confisco imediato dos latifundiários que reprimem os camponeses pobres! O MST deve garantir, com todo apoio dos sindicatos e organizações operárias, a formação de comitês de autodefesa armando os trabalhadores contra a violência dos fazendeiros e seus jagunços.

[1Dados retirados do relatório da Comissão Pastoral da Terra (http://www.mst.org.br).

[2Idem.

[3Sem contar os casos de exploração do trabalho infantil e a existência massiva de mão de obra escrava, que somente em 2006, data do último relatório oficial sobre a questão, foram registrados 6930 denúncias. De acordo com a Folha de S. Paulo, a maioria (52%) dos 5.974 trabalhadores libertados da escravidão pelo Grupo Móvel do Ministério do Trabalho em 2007 (3.131) saíram de usinas do setor sucroalcooleiro. Além do que há cerca de 1,5 milhão de crianças e adolescentes com idade entre cinco e 13 anos trabalhando, especialmente nas áreas rurais.

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