Segunda 29 de Abril de 2024

Nacional

Não ao PAC da segurança!

Abaixo a violência contra negros e pobres!

07 Jun 2007   |   comentários

A questão da violência urbana segue com tudo dentre aqueles problemas de maior destaque no país. O governo federal, e os estaduais, tentam resolver da maneira mais reacionária como não poderiam deixar de fazer, de acordo com os interesses de classe da burguesia. Para tanto lançam mão de políticas de fortalecimento das forças policiais, que tem significado na prática a militarização das grandes cidades, e também do avanço ideológico de discursos pró redução da maioridade penal e até da pena de morte em algumas ocasiões.

Peguemos como exemplo mais brutal dessas políticas criminosas a ocupação dos morros do Rio de Janeiro pela polícia militar, mais especificamente a do Complexo do Alemão e vejamos o saldo da operação: “Prejuízos de R$ 5 milhões ao comércio local, cinco mil estudantes sem aulas, além de 17 mortos e 60 feridos. Esses são alguns dos resultados das operações da Polícia Militar no Complexo do Alemão, que nesta quarta-feira, 30, completaram um mês mantendo a rotina: dois moradores feridos por bala perdida” [1].

Como já abordamos em edições anteriores desse jornal a própria questão do tráfico de drogas e a situação que ele gera, principalmente nas favelas, está intimamente ligada à barbárie e à miseria capitalista. Em cada nova operação militar podemos perceber a falência da própria classe dominante em tentar resolver as contradições geradas pela sua ordem social. O que vemos é uma crescente violência contra o povo pobre, os trabalhadores e os negros que habitam essas favelas e morros. Como se não bastasse o desemprego, a pobreza e a penúria a que estão condenados, se tornam números de estatísticas da violência urbana, e os que morrem aos montes em meio ao fogo cruzado! Se o aumento da repressão policial não é tentar conter as contradições sociais por meio da força, o que será então? No mínimo é a prova de que a democracia longe de ser o reino da paz, é o próprio estado de guerra, pelo menos para os explorados e oprimidos.

Com o novo PAC da Segurança que Lula quer implementar em parceria com os governos estaduais, está previsto “um gasto de cerca de R$ 16,3 bilhões só em repasses para as polícias estaduais num período de nove anos” [2]. Ou seja, uma gorda injeção de verbas públicas para financiar a militarização de bairros de periferia e favelas, que seria combinado, segundo o governo, com “ações educativas” . Sabemos bem, a exemplo da ação das Forças de Segurança Nacional no Complexo do Alemão o quão “educativo” deverá ser esse plano, principalmente para os jovens negros e operários que habitam esses bairros!

No geral a esquerda, tida como combativa e anti-governista, não tem travado uma luta para coordenar os setores que vem protagonizando greves e ocupações em um combate unitário e efetivo contra os planos do Governo Lula e sequer levanta a voz contra esta militarização dos morros, dos bairros de periferia e das grandes cidades. Passa longe de discutir uma resposta de fundo ao problema da violência urbana.

Neste combate a vanguarda operária organizada desde seus sindicatos deveria tomar a linha de frente na defesa dos mais oprimidos, dos desempregados, dos negros, dos jovens de periferia, e combinar a denuncia das chacinas cotidianas dos morros com uma campanha ampla e de massas contra a repressão do povo pobre e o aumento dos efetivos policias e por um plano operário de saída para crise, incluindo questões chaves como a luta por um grande plano de obras públicas e a escala móvel de salários e horas de trabalho para repartir as horas entre todos os braços disponíveis para trabalhar, salário mínimo do DIEESE, as reformas radicais urbana e rural, etc.

[1Site do Estadão 30 de maio de 2007

[2Idem, 31 de maio de 2007

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