Sábado 4 de Maio de 2024

Nacional

O governismo avança nas eleições estudantis

Um primeiro balanço para retomar o espaço

05 Jun 2006   |   comentários

Há dois anos, o DCE da UFRJ convocava o “I Encontro Nacional Contra a Reforma Universitária” , a partir de então, começava a construção de uma Coordenação Nacional de Lutas dos Estudantes. Importantes DCE”™s e entidades de base se propõe a construir um alternativa à direção pelega e burocrática da UNE. Dois anos depois, importantes entidades gerais da CONLUTE (DCE”™s da UFRJ, UFG e UEM) retornam às mãos dos governistas. Essa é uma derrota não só do PSTU, mas de todos que constroem esta coordenação. Um balanço do conjunto da Conlute se faz urgente.

No ano seguinte, no Fórum Social Mundial, surgia uma polêmica sobre o funcionamento desta Coordenação, que pode se resumir em se a Conlute deveria organizar-se de “cima para baixo” ou de “baixo para cima” . A proposta aprovada (proposta pelo PSTU) defendia uma coordenação de entidades estudantis e a do Movimento A Plenos Pulmões, uma coordenação baseada em delegados revogáveis com mandatos votados nas assembléias, garantindo a participação das oposições às entidades e o direito de expressar nos materiais as posições de maioria e minoria.

No Encontro da Conlute de 18/08/06, a fração opositora à maioria do DCE Unesp/Fatec, composta por independentes, PSTU e Movimento A Plenos Pulmões, soltava um chamado a unidade da esquerda antigovernista. Naquele momento de crise, o PSOL com sua política eleitoralista adaptada ao regime, impulsionava um outro pólo de reagrupamento dos que rompem com o petismo, a Assembléia Nacional Popular e da Esquerda (ANPE), em vez de se unificar aos demais lutadores na construção das Coordenações Nacionais de Lutas. Para nós, era necessário unificar a vanguarda num mesmo pólo nacional antiburocrático e antigovernista, dota-la de um programa e uma estratégia classista para se ligar às massas e acabar com a influência da burocracia. Este chamado colocava a necessidade da Conlute formar blocos unificados de oposição sem deixar os limites organizativos (UNE ou Conlute) se sobreporem à política e dirigir-se à ANPE pela unificação. Nossa política de unificar a esquerda antigovernista foi derrotada pela política do PSTU como direção majoritária. As perdas dessas entidades de referência nacional no movimento estudantil são frutos de todo esse processo. Se a esquerda antigovernista atuasse unificadamente, com um programa e uma atuação cotidiana radicalmente distinta a da UNE, este resultado poderia ser outro.

É claro que o elemento objetivo da conjuntura em que a candidatura de Lula é a única que decola com dezenas de milhões de votos e o relativo fortalecimento do governo estão pesando, mas acreditamos que essa política que vínhamos defendendo seria muito mais eficaz para enfrentar o governo e as reitorias, principalmente nessa situação de baixa luta de classe e com poucas lutas estudantis massivas. Ter essa política não significaria necessariamente que pudessem se efetivar, já que muitas vezes é o próprio PSOL que é contra, mas cada luta política nesse sentido mostraria como os “divisionistas” do movimento são eles. E pior ainda.... dividem o movimento combativo e não com o PCdoB.

Devemos nos apoiar nos avanços do último Encontro Nacional de Estudantes em que votamos uma organização distinta da qual propunha o PSTU anteriormente. Neste encontro, votou-se uma Coordenação que deve se organizar a partir de entidades e oposições; pautas divulgadas com antecedência para a realização de assembléias ou reuniões abertas para votar as posições e os delegados que defenderão estes mandatos. Nestas reuniões, os delegados da Coordenação votam deliberativamente e os delegados que não comporem a coordenação votam consultivamente. As novas oposições da UFRJ e UFG devem apoiar-se neste Encontro para avançar na construção da Conlute, discutindo na coordenação o direito a voto deliberativo destas oposições que certamente são reconhecidas nacionalmente, assim como o DCE da UEM.

Mas isso não basta, chamamos os companheiros do PSTU a refletirem profundamente sobre essas derrotas, para que possamos avançar na Conlute em uma ruptura profunda com o modo petista de militar que pensa política centrada na conquista dos aparatos. Não queremos com isso igualar os companheiros do PSTU ao PT nem negar a importância das entidades estudantis, mas acreditamos sinceramente que o ME ganharia muito mais se as energias que os companheiros dedicam para as eleições estive centrada, além das lutas específicas e económicas, na luta política, ideológica e estratégica contra a universidade de classes.

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