Sexta 19 de Abril de 2024

Juventude

PLENÁRIA DO MOVIMENTO A PLENOS PULMÕES

As lições de 2007 e as perspectivas para as próximas lutas

11 Dec 2007 | No último dia 24 o Movimento a Plenos Pulmões realizou uma grande plenária na nova Casa Socialista da Vila Madalena, que contou com mais de 90 estudantes da PUC, Fundação Santo André, USP, Unesp, Unicamp, outras universidades e um companheiro do DCE da Federal de Juiz de Fora. A plenária expressou como as mobilizações dos estudantes nacionalmente abrem espaço para os setores combativos do movimento estudantil. Além da presença de diversos estudantes e várias universidades, o debate da plenária mostrou uma grande politização forjada nos processos de luta. Pudemos discutir as lições do movimento estudantil francês, a crise da universidade e do movimento estudantil, as lições das lutas no Brasil e qual o programa e ferramentas que precisamos para derrubar a universidade elitista e racista.   |   comentários

Movimento Estudantil Francês 2007

É necessário um movimento internacionalista e anti-imperialista!

Na plenária pudemos avançar num ponto que para nós é uma grande debilidade do movimento estudantil, que é o internacionalismo. Fizemos uma áudio-conferência com uma estudante brasileira na França, para debater as lições que o movimento estudantil francês pode nos dar das lutas heróicas que travou no último período.

Vimos que os ataques que o governo Lula tem feito no Brasil não estão descolados de um projeto global de ataque as universidades, que o movimento estudantil francês tem respondido buscando uma aliança com os trabalhadores que também estão em luta e protagonizaram uma greve muito dura contra os ataques aos seus direitos. Os estudantes franceses iam fazer barricadas e piquetes junto aos trabalhadores ferroviários, concretizando o que temos como uma de nossas principais bandeiras: a aliança operário-estudantil.

Vimos também que o movimento estudantil no Brasil pode aprender com os estudantes franceses que começa a ter como tradição uma organização democrática a partir das assembléias de cada universidade, que tiram delegados para compor um comando nacional de greve e unificar as lutas.

Contra a política dos governos e reitorias

É necessário discutir um programa que dê resposta à crise da universidade e do movimento estudantil

Partindo das lições da França, discutimos que no Brasil era fundamental que nosso movimento tivesse se unificado nacionalmente a partir da auto-organização dos que lutam, e buscado a aliança operário-estudantil para obter verdadeiras vitórias.

Vimos que não podemos mais nos adaptar a uma luta meramente defensiva de dizer que somos contra os ataques do governo. Este ano, o carro-chefe da política do governo para o ensino superior foi o REUNI. Que consiste em aumentar as vagas nas universidades federais, porém em um marco de responder a necessidade que possui hoje um setor da burguesia monopolista que diz precisar de um novo se setor de trabalhadores mais qualificados. Para fazer frente a isso, temos que levantar um programa de luta por uma universidade a serviço da maioria da população: os trabalhadores e o povo pobre, tirando a bandeira da democratização da universidade das mãos do governo e da burocracia da UNE.

Temos que partir de reivindicar mais vagas nas universidades públicas e mais verbas, dizendo claramente que a única maneira de ter vagas para todos que querem estudar na universidade é estatizando as particulares e acabando com o vestibular.

No marco da luta por essa saída de fundo, discutimos que é necessário levantar um programa de transição, que parta de questionar o conjunto do sistema educacional no país, que faz uma verdadeira tesoura: os estudantes das escolas públicas sucateadas são obrigados a ir para as universidades particulares se quiserem fazer um curso superior (quando têm condições financeiras de pagar as mensalidades) e os estudantes das escolas particulares podem pagar caríssimos cursinhos para entrar na universidade pública. Nesse sentido, abrimos o debate sobre a necessidade de que lutar para que as vagas que existem hoje na universidade pública seja para estudantes de escola pública, com cotas proporcionais ao número de negros em cada estado.

Para levar à frente uma luta como essa, discutimos que é necessário unirmos o movimento estudantil que se concentra nas universidades públicas com estudantes das universidades particulares, que são ignorados pelo movimento estudantil de esquerda, mesmo sendo em grande parte dos trabalhadores e filhos de trabalhadores que conseguem estudar, buscando também se aliar com os secundaristas.
No ano que vem, vamos lançar um Manifesto Programático com essa discussão, com o objetivo de aportar para darmos uma resposta pela esquerda à crise da universidade, para tentar aportar na construção de um movimento estudantil efetivamente novo, no conteúdo e na composição social. Fazemos um chamado a todos os que se interessem a que discutam conosco esse programa que estamos elaborando e nos ajude nessa grande tarefa.

Construir um bloco nacional combativo na Conlute e na Frente de Luta contra a Reforma Universitária

A unificação do movimento estudantil nacionalmente é um problema que nos deparamos nas mobilizações, ocupações e greves. É urgente lutar para que se forme uma coordenação nacional combativa e democrática. A Conlute (Coordenação Nacional de Lutas, dirigida majoritariamente pelo PSTU) e a Frente de Luta (dirigida majoritariamente pelo PSOL e PSTU), lamentavelmente, não têm cumprido esse papel. Por isso, votamos na Plenária uma política de impulsionar um bloco junto com outros setores que concordem com essa perspectiva.

Para nós, é chave que essa unificação se dê pela base, através da auto-organização, que lutemos pela aliança com os trabalhadores e por um ME que se ligue ao conjunto da população discutindo um projeto de universidade a serviço das lutas dos trabalhadores e do povo pobre. Chamamos as organizações, grupos combativos, entidades e todos os estudantes combativos do país para construir esses blocos junto conosco.

Formar um pólo ideológico nas universidades!

Queremos travar uma batalha ideológica nas universidades, em defesa dos trabalhadores e das ideologias que defendem a revolução. Como parte disso, discutimos na nossa plenária a importância de discutir os currículos dos cursos, para combater a ideologia burguesa que se expressa em cada aula que temos. Além disso, vamos fazer um curso de férias no início de 2008, sobre os 40 anos de 1968, para retomar as tradições do movimento estudantil francês e brasileiro, a arte que se inaugura nesse período, as ideologias que surgiram a partir daí, entre outras questões.

Chamamos todos que quiserem construir e participar do curso para entrar em contato nos envie um email para [email protected]

O Movimento A Plenos Pulmões é composto por militantes da LER-QI e independentes

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