Sexta 3 de Maio de 2024

Teoria

IDEOLOGIA

Seminários, cursos e debates buscam resgatar o pensamento e o legado revolucionário de Trotsky

12 Aug 2010   |   comentários

Temos realizado durante o ano uma série de atividades ao resgate de seu pensamento e seu legado revolucionário.

Em tempos em que o capitalismo se encontra ameaçado por uma crise devido a suas próprias contradições internas, e quando a disparidade entre as condições objetivas e subjetivas para a revolução social alcança o paroxismo, a atividade teórica e prática dirigida pelo revolucionário russo constitui um ponto de partida inescapável para pensarmos as tarefas dos revolucionários hoje.

Foi com essa compreensão estratégica que dedicamos, desde o início do ano, uma série de atividades, realizadas nas Casas Socialistas da Vila Madalena e do ABC, e nas diversas universidades onde atuamos, para recuperar e difundir momentos fundamentais da herança deixada por Trotsky.

Nesses seminários, cursos e palestras, que estiveram centrados em resgatar os diversos aspectos que compõem a teoria da revolução permanente, buscamos destacar ao mesmo tempo a pertinência de suas análises e políticas enfocadas em confronto com alguns dos principais processos revolucionários da luta de classes no século passado.

Foram diversos temas, relacionados sobretudo aos principais processos revolucionários que marcaram a primeira metade do século XX: as revoluções russas de 1905 e 1917, a revolução chinesa de 1927 e a revolução espanhola de 1931-1937.

No caso da Rússia, a discussão abarcou as condições históricas que a tornaram a sociedade mais revolucionária do início dos anos 1900; as distintas concepções estratégicas que se formaram diante daquela encruzilhada histórica, e a grandeza e o limite das formulações originais de Trotsky desde sua juventude; o tortuoso processo através do qual se constituiu o bolchevismo, desde o combate ao economicismo na virada do século até a guinada de Lênin em 1917 em direção à tese de Trotsky sobre a necessidade de impor o poder operário (organizado em sovietes) como culminação da própria revolução “democrático-burguesa” na Rússia; a lógica interna mediante a qual as tarefas da revolução democrática se entrelaçariam com as da transição socialista; os desafios da construção socialista frente ao isolamento internacional e as contradições internas sobre as quais a burocracia stalinista se apoiou, entre outras questões.

A revolução chinesa foi discutida como primeira experiência internacional em que o stalinismo atuou como fator para a derrota da revolução, e a partir da qual Trotsky pôde generalizar as teses fundamentais da revolução permanente para o conjunto dos países de desenvolvimento capitalista atrasado.

A revolução espanhola foi abordada a partir de um duplo ponto de vista: por um lado, seu enorme significado internacional, dimensão na qual possuía o condão de barrar o caminho para a Segunda Guerra e abrir uma nova etapa de ofensiva revolucionária das massas em toda a Europa e inclusive na própria URSS (contra a burocracia stalinista); do outro lado, suas lições como processo revolucionário nacional que esclareceu, infelizmente de maneira negativa, devido a sua derrota, a disjuntiva básica segunda a qual a luta revolucionária contra o fascismo criava as condições para a vitória revolucionária socialista dos trabalhadores, ao passo que a derrota da revolução proletária significava o esbatimento das únicas barreiras que poderiam impedir o novo triunfo fascista (desde vez corporificado pelo general Franco, que depois governou até a década de 1970 sobre uma Espanha monárquica).

Enfocamos a riqueza das lições deixadas por Trotsky, em contraste com as diversas estratégias que conduziram o proletariado espanhol à derrota, levadas a cabo por correntes que expressavam praticamente todas as vertentes do movimento operário internacional da época: desde a social-democracia (PSOE), até os anarquistas (agrupados sobretudo na CNT-FAI), passando pelos stalinistas do PC e pelos dirigentes centristas organizados no POUM (partido que chegou a se aproximar de Trotsky, porém contrariou sua perspectiva estratégica nas questões fundamentais da revolução).

Os resultados das atividades de propaganda organizadas pela LER-QI ressaltaram ainda mais a vigência plena dos grandes princípios estratégicos, programáticos e táticos do combate da Oposição de Esquerda e da IV Internacional da época de Trotsky. Por meio dessas iniciativas, que serão seguidas por diversas outras, acreditamos contribuir para a melhor homenagem que podemos fazer ao grande revolucionário russo: construir um partido enriquecido pelo melhor da experiência histórica do movimento operário revolucionário, para contribuir para que os grandes embates da luta de classes que o desenvolvimento internacional prepara possam ser vitoriosos.

Artigos relacionados: Teoria , Partido









  • Não há comentários para este artigo