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A 70 ANOS DO ASSASSINATO DE TROTSKY

LER-QI organiza importante homenagem a Leon Trotsky

27 Sep 2010 | Cerca de 200 pessoas se reuniram na sede da Apeoesp em São Paulo no dia 25 de setembro para renderem homenagem a Leon Trotsky a 70 anos de sua morte pelas mãos de um assassino stalinista. Estiveram presentes setores que protagonizaram algumas das lutas mais importantes do último período em nosso país, como trabalhadores da USP, Unesp e Unicamp, e os estudantes da Unesp, que tiveram um papel chave na greve das estaduais paulistas no início do ano. Além destes, estiveram presentes trabalhadores metroviários, professores, operários da indústria calçadista, aeroviários, trabalhadores terceirizados, da Sabesp e outras categorias, além de estudantes de universidades como a Fundação Santo André, USP, PUC-SP, Unicamp e UFRJ, e também jovens intelectuais. A homenagem a Trotsky impulsionada pela LER-QI contou com a saudação internacional de figuras como Manu Georget, militante do NPA e dirigente operário francês que atuou na ocupação com controle operário da produção da Phillips Dreux, e de Salvador Lou, que chamou à ações de solidariedade com a greve geral no Estado Espanhol marcada para acontecer em 29 de setembro.   |   comentários

O ato iniciou-se com a intervenção de Simone Ishibashi, dirigente da LER-QI e diretora da revista Estratégia Internacional Brasil, que destacou os desafios colocados na situação internacional pela continuidade da crise capitalista, que segue golpeando os Estados Unidos e a Europa, e ameaça o cenário de estabilidade nacional e as ilusões gradualistas que este gera. Ressaltou também a necessidade de impulsionar uma forte campanha em defesa das conquistas da revolução cubana, contra a ofensiva imperialista e a política de ataques aos trabalhadores anunciada pela burocracia castrista.

Claudionor Brandão, diretor do Sintusp demitido político e membro fundador da LER-QI interveio ressaltando a importância de atuar na luta de classes de modo a forjar uma nova tradição no movimento operário, que avance no sentido da independência de classe, rompendo os limites da luta meramente reivindicativa e do sindicalismo de pressão. E que para que a classe trabalhadora possa se colocar em cena não apenas como sujeito de luta, mas como sujeito revolucionário, é necessário que esta se lance ofensivamente à construção do partido revolucionário.
Andrea D’Atri, fundadora do movimento Pão e Rosas da Argentina e dirigente do PTS, organização irmã da LER-QI naquele país, partiu de reivindicar as lutas que hoje se dão entre os estudantes, tanto secundaristas como universitários, e dos novos fenômenos que estão se desenvolvendo no interior do movimento operário, expressados, sobretudo no sindicalismo de base, que está avançando em questionar a burocracia sindical. Com este pano de fundo, Andrea colocou a perspectiva do PTS em sua atuação não apenas nas lutas econômicas, como também na luta política e teórica, visando forjar os oficiais, generais e soldados do futuro partido leninista na Argentina.

Val Lisboa, dirigente da LER-QI, partiu de resgatar um balanço histórico de um dos principais momentos de inflexão vividos pela classe trabalhadora do país, marcado pelas grandes greves do ABC entre os anos de 78-80. Neste sentido, resgatou a política levada adiante pela esquerda que ao invés de lutar pela criação de um partido revolucionário que expressasse o mais avançado daquele processo, terminaram reféns de Lula, que levou a que as distintas correntes, em diferentes graus, se adaptassem à democracia burguesa. Assim, reafirmou a necessidade de aprofundar esta reflexão para orientar os passos da esquerda em nossos dias.

Daniel Bocalini, membro do Centro Acadêmico de Ciências Sociais e do DCE da Unesp de Marília, e militante da LER-QI, iniciou sua intervenção saudando todos os jovens trabalhadores que estavam presentes no ato e aos estudantes, sobretudo da Unesp, que neste ano lutaram contra a terceirização e em defesa do direito de greve dos trabalhadores das universidades estaduais paulistas. Porém, ressaltou que a tarefa histórica da juventude e do movimento estudantil é muito superior, já que não deve se contentar em se superar as direções burocráticas e governistas como a UNE, mas ter em mente o que dizia Trotsky quando afirmava que a revolução russa foi feita pelas mãos dos jovens de 18 a 30 anos.

Maíra Viscaya, membro do Diretório Acadêmico da FAFIL da Fundação Santo André e dirigente da LER-QI, frisou a importância da juventude trabalhadora e da aliança operário estudantil, e saudou as ações de solidariedade ativa aos trabalhadores impulsionadas por setores da juventude ali presentes, como as mobilizações contra o fechamento da fábrica Phillips de Mauá. Concluiu defendendo que além das demandas estudantis era necessário que esta juventude que hoje desperta para a vida política lute também contra todas as opressões, como as que se dão contra as mulheres, os negros e os homossexuais, como parte indissolúvel da luta contra o capitalismo.

O ato prosseguiu com a fala de Gilson Dantas, militante histórico do trotskismo no Brasil e integrante da LER-QI, que partiu de resgatar sua própria trajetória, para delinear as contradições abertas durante o período do pós II Guerra Mundial com a emergência da ordem de Yalta, colocando como neste momento apesar dos acordos vigentes entre o imperialismo e o stalinismo, a emergência de processos revolucionários como na China, Cuba, Coréia do Norte e Vietnã foi uma prova à qual as distintas correntes trotskistas não conseguiram responder. Ressaltou a importância do resgate não dogmático do legado de Trotsky para romper a política de apoiar direções quaisquer para revoluções quaisquer, e a atualidade deste debate em nossos dias para se restabelecer os fundamentos estratégicos capazes de responder aos desafios anunciados.

O último orador, Edison Salles, diretor da revista Iskra e dirigente da LER-QI, resgatou a trajetória e o legado político, teórico e programático de Leon Trotsky, sintetizados na formulação da teoria da revolução permanente, na luta contra a burocratização da URSS e contra o stalinismo, na análise e programa de combate frente ao surgimento do nazi-fascismo, no calor dos processos abertos frente à emergência da II Guerra Mundial, e no legado do programa de transição, base para a fundação da IV Internacional. Edison também reivindicou um legado pouco lembrado pela esquerda atual, o da luta dos trotskistas brasileiros que na década de 30 se enfrentaram com os integralistas, e a necessidade de disseminar as reflexões e os combates dados por figuras como Mario Pedrosa, Fulvio Abramo e João da Costa Pimenta.
Como encerramento do ato, em meio a muita emoção, os presentes fecharam a homenagem cantando a Internacional.

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