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Nacional

PSOL: Verniz de esquerda e conselheiro da burguesia

09 Feb 2007   |   comentários

Desde a campanha eleitoral do ano passado uma das plataformas principais de HH para a presidência era a redução da taxa de juros, bandeira que a ala da burguesia mais ligada à produção reinvidica historicamente, e que vai na contra-mão dos interesses dos trabalhadores. Não podemos nos esquecer que enquanto os trabalhadores da Volks e da GM lutavam contra o PDV (Plano de Demissão “Voluntária” ) em 2006 em pleno período eleitoral, Heloísa Helena simplesmente defendeu os interesses da patronal junto ao BNDES, ao se colocar a favor dos empréstimos de dinheiro público à montadora alemã.

O Deputado Federal Ivan Valente, reeleito pelo PSOL em 2006 (e eleito pelo PT em 2002) cita no documento “Pela Esquerda: oposição programática ao governo Lula” [1] que “Nossa expectativa em relação ao Governo Lula era a de que um Governo eleito com 62%, em 2002, pudesse promover as mudanças e as transformações que esperávamos (...) desde 1980, o Brasil cresce em média 2,5% a 2,7% ao ano, quando países do mesmo porte e economias que apontam para imensa potencialidade crescem em média 7% a 10% ao ano” . Nesse artigo, em momento algum vemos a necessidade de construir uma alternativa à classe trabalhadora, independente da burguesia e do seu regime de domínio, o capitalismo. Pelo contrário, só há disposição em discutir uma política-economica diferente da política neoliberal de Lula para fazer avançar mais o país... Mas para quem? Exigir um maior crescimento ao invés de colocar a necessidade da classe trabalhadora de tomar em suas mãos o destino de suas vidas para resolver o desemprego e acabar com a exploração só atende os interesses dos próprios capitalistas e seus representantes corruptos do governo.

Esse ano, na votação do Super-simples, lei que desobriga as médias e pequenas empresas a respeitar os direitos mais elementares dos trabalhadores, Heloísa Helena se gaba de ter sido a única a apresentar algumas emendas ao projeto de lei, como se fosse possível achar pontos positivos no ataque desferido por Lula e pelo PT, sem se colocar radicalmente contra os ataques. Ao votar a favor do super-simples os parlamentares do PSOL se colocaram ao lado da burguesia brasileira num ataque direto aos trabalhadores. Da defesa de um novo “modelo económico” , baseado na redução das taxas de juros, o PSOL passa a apoiar diretamente uma medida neoliberal, que é o inicio da reforma trabalhista. Isso não é apenas um erro do PSOL como defende o PSTU, mas um salto de qualidade na adaptação do PSOL à burguesia, inclusive em relação as eleições de 2006. O PSTU é incapaz de fazer uma critica conseqüente ao PSOL na questão do super-simples, pois para isso seria obrigado a fazer uma auto-critica da sua própria adaptação ao PSOL em 2006.

Frente ao PAC, o PSOL reclama aos próprios burgueses do setor privado mais investimentos no país como se isso fosse resolver as demandas da classe trabalhadora. Como exigir do nosso inimigo estratégico de classe mais investimentos por nossas demandas? O PSOL, ao exigir que os empresários “participem mais dos investimentos” trai os interesses dos trabalhadores alimentando a ilusão de que parte da burguesia do país possa cumprir um papel progressivo na luta de classes brasileira.

[1Trecho do texto “PAC do Governo Lula não melhora a vida do povo” . Ver integra no site do PSOL.

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