Quinta 2 de Maio de 2024

Nacional

BOICOTE às eleições para reitor da USP

O dia 10/11 pode ser a continuidade da luta de estudantes e trabalhadores contra a repressão e a reacionária estrutura de poder da USP

06 Nov 2009   |   comentários

A burocracia acadêmica prepara suas urnas para o segundo turno. Ela sabe que não se trata de apenas uma eleição, mas sim de como armar as bases para um próximo mandato de reitor na USP capaz de calar os estudantes e o Sintusp. Trata-se de um importante dia que será, mais uma vez, uma queda de braços entre governo e a polícia ou os estudantes e os trabalhadores que se colocam em luta desde 2007.
O primeiro turno das eleições para reitor da USP já mostrou para que veio: a soma dos votos brancos e nulos somam 1915, além de 15% de abstenção do processo eleitoral, o que resultou em 1641 votos válidos... para ter Glaucius e Rodas como primeiros colocados. Os dois nomes mais votados para aprofundar as políticas repressivas e elitistas na universidade, assim como a continuidade da perseguição política ao Sintusp.

No segundo turno apenas 330 professores titulares votam. A burocracia acadêmica tenta, com este processo eleitoral, dar um passo essencial para atrelar ainda mais a universidade ao mercado e que o governo teve que, de certa forma, retroceder depois da luta contra os Decretos de Serra de 2007. Mas o governo de São Paulo não pode aceitar uma derrota sem tentar se rearmar contra os lutam contra seus projetos.
A contraposição a este projeto do governo já mostrou-se falida se for, também, por dentro do regime. A consulta, organizada pela Adusp e referendada pelo PSOL, mostra sua cara nefasta quando diz aos que enfrentaram as bombas da PM a mando da burocracia acadêmica em 09/06/09 para que também legitimem a atual estrutura de poder na USP, e como quer a burocracia acadêmica, os setores de esquerda desta mesma burocracia (Adusp) e a nem tão nova burocracia estudantil conformada pelo PSOL, querem, antes de mais nada, ocultar que o que ocorreu no primeiro semestre foi uma expressão da luta de classes que contrapós os projetos do governo para a universidade e o enfrentamento a este iniciado pelos trabalhadores da USP e seu combativo Sindicato. Querem ocultar que para os projetos do governo é fundamental a destruição do Sintusp como um dos sindicatos mais combativos do país.

Em outro nível, vemos hoje correntes que dizem lutar contra a repressão na USP cumprir um papel parecido ao da ADUSP e PSOL quando escondem os fatos políticos. Para o MNN o maior fato do primeiro semestre foi a ocupação do DCE e um dos traidores da greve o Sintusp (enquanto nem uma greve conseguiram organizar no curso onde mais tem peso: FAU). Para que serve esta política hoje? Certamente não pode ser para reorganizar a luta de estudantes e trabalhadores na USP. Conseqüência evidente: a não participação do MNN no ato pelo boicote ao processo de eleições da USP.

Não tendo uma política tão nefasta como a do MNN, que chega a caluniar um sindicato combativo, o PSTU, por via da gestão Nada Será Como antes, canta uma suposta grande vitória na luta contra a Univesp e, ao invés de levar a frente o programa votado na assembléia de trabalhadores da USP assim como na assembléia estudantil da USP (dissolução do C.O., estatuinte livre e soberana, luta contra a repressão e readmissão do Brandão, incorporação dos terceirizados sem concurso público, expansão do ensino público, gratuito, presencial e massivo contra a UNIVESP) preferem buscar uma aliança com o PSOL numa suposta luta pelo programa de Diretas Já. Chamamos mais uma vez os companheiros do PSTU a levar a frente o programa feito junto ao Sintusp como parte da anti-candidatura e do boicote do processo eleitoral ao invés de manterem-se invariavelmente seguindo a política de unidade com o PSOL.

Ao contrário das perspectivas debatidas acima, achamos que o dia 10/11 é a continuidade da luta dos estudantes e dos trabalhadores do primeiro semestre, contra a repressão e a pela real democratização da universidade. O dia 10/11 pode ser um novo momento para colocar, com força, que os estudantes e trabalhadores estarão unidos contra a repressão na USP, em defesa do Sintusp e por uma real democratização da universidade.

Lutamos por um movimento estudantil combativo, aliado aos trabalhadores e revolucionário que lute pela real democratização da universidade, pela dissolução do Conselho Universitário e por um governo tripartite com maioria estudantil que seja parte de colocar a universidade a serviço dos trabalhadores e do povo pobre. E é neste sentido, também, que estamos discutindo, junto a militantes do Movimento A Plenos Pulmões e estudantes independentes, chapas para o processo das eleições estudantis no curso da Letras e da Ciências Sociais da USP que se coloquem ativamente nesta atual luta na universidade e neste sentido, como setores ativos na construção do boicote do processo eleitoral. E é a serviço desta luta que formaremos estas chapas.

O segundo turno do processo eleitoral pode, mais uma vez, ser um momento no qual os estudantes da USP e das estaduais paulistas coloquem-se como referência aos estudantes nacionalmente na luta pela real democratização das universidades e contra a repressão e o uso da força policial contra todos aqueles que se colocam contra os projetos do governo Serra para a universidade e suas medidas repressivas. Estas não são distantes das mesmas medidas utilizadas pelo governo Lula na repressão ao MST e nas forças policiais apoiadas pelo mesmo no atual massacre que ocorre nas favelas do Rio de Janeiro, tendo como principais vítimas a população pobre e os trabalhadores. É com o olhar da luta de classes aberta na universidade no primeiro semestre que chamamos as correntes que se dizem combativas, os estudantes e os trabalhadores da USP e das estaduais paulistas que estiveram em luta no primeiro semestre a fazer do dia 10/11 um grande ato pelo boicote do processo eleitoral.

Flavia Vale, estudantes da Ciências Sociais USP e dirigente da Ler-qi

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