Sábado 27 de Abril de 2024

Nacional

O Movimento Estudantil combativo frente às Eleições

10 Aug 2006   |   comentários

Milhões de trabalhadores e estudantes estão recebendo em suas casas doses cavalares de campanha. A grande mídia publica diariamente notícias a respeito da corrida eleitoral. Com isso, se abre um processo de politização da sociedade em que a política nacional será o tema mais presente na boca da população.

Frente a esse cenário, o movimento estudantil (ME) combativo não pode ficar passivo. A UNE, que desde a eleição de Lula defende este governo como seu, já declarou seu voto e está fazendo campanha para Lula. Devemos atuar ofensivamente neste período para colocar nossas demandas intrinsecamente ligadas a este processo. O ME combativo já tirou lições de que, para levar a luta pela educação pública para todos a serviço dos trabalhadores, é necessário ganhar a simpatia e o apoio ativo de amplos setores da população, especialmente dos trabalhadores e das classes médias menos abastadas. Este é um momento decisivo para colocarmos todas as nossas reivindicações na ordem do dia.

Os estudantes das estaduais paulistas já têm uma grande experiência com o parlamento. Semestralmente organizamos caravanas à Assembléia Legislativa pelo aumento de verbas para a educação. Nestas manifestações, vemos aplausos a qualquer que seja o deputado que fale por um aumento de verbas miserável à educação, seja do PT, PCdoB ou até do PFL! A presença de um deputado revolucionário deveria servir, não para contar como mais um voto favorável ao aumento, já que sabemos que pelo parlamento não é possível conquistar nossas demandas, mas para diretamente da tribuna denunciar toda a lama que envolve o parlamento e desvia verbas da educação. Mais do que isto, deputados revolucionários poderiam ser grandes alavancas de agitação em nossas universidades. Colocar seus mandatos realmente a serviço das lutas, implicaria nestes se colarem às nossas assembléias, se submeterem a elas.

Imaginem o papel que poderia cumprir Heloísa Helena nas greves por verbas das estaduais e federais no último ano, ou até do deputado Ivan Valente, para o qual vários setores da Adusp e do DCE-USP fazem campanha. Se a bancada do PSOL se colocasse como verdadeiros parlamentares socialistas, nossas tarefas de propaganda e agitação seriam facilitadas e o movimento se engrossaria. Mas infelizmente estes parlamentares estão longe da posição que necessita o ME combativo; não apenas se adaptam ao cretinismo parlamentar e a democracia burguesa como são os setores que dentro da Frente de Esquerda ficam felizes em saber do apoio de burgueses como Garotinho que tanto atacou os trabalhadores e a educação.

Se o ME luta contra as demissões em massa na Varig, GM e Volks poderemos dar um passo além do que tanto discutimos no ME sobre a necessidade imperiosa em se aliar com os trabalhadores. Com a defesa das reivindicações do movimento negro, demonstraremos concretamente como o ME, ao contrário do que nos ataca a mídia burguesa, não é corporativista e nem defende a universidade só para si. E devemos ser ofensivos em relação à campanha em defesa dos povos árabes contra Israel, inclusive porque lutamos diariamente contra os planos do imperialismo à educação e uma derrota militar dos EUA-Israel mudaria nossa correlação de forças para combater os ataques em nosso próprio território.

Ao mesmo tempo, nossa luta por mais verbas não pode ficar parada durante as eleições, muito pelo contrário. Devemos aproveitar o momento de politização gerado pelas eleições para chegarmos ao conjunto dos estudantes e ganhar os trabalhadores para nossa luta, e a Frente de Esquerda deve colocar suas candidaturas a serviço desta mobilização. Somente assim poderemos ter confiança de que os parlamentares eleitos de fato vão utilizar o parlamento para potencializar esta luta.

Uma atuação como esta nas eleições potencializaria as lutas em curso sendo um verdadeiro contraponto à burguesia, que se aproveita do momento das eleições para desferir seus ataques. As candidaturas da Frente de Esquerda devem como eixo estas questões já levantadas e as principais posições votadas no ENE (Encontro Nacional de Estudantes) e no CONAT (Congresso Nacional de Trabalhadores) que representam as demandas dos trabalhadores e do ME. Infelizmente, não é isso que vemos Heloíza Helena fazer. E, pior que isto, o Manifesto da Frente de Esquerda, assinado pelo do PSTU, contém vários questões que se contradizem com as resoluções que votamos junto com os militantes deste partido no ENE e no Conat.

A Conlute (Coordenação Nacional de Lutas dos Estudantes) deve se colocar nestas eleições exigindo dos candidatos da Frente de Esquerda que coloquem suas campanhas a serviço das nossas reivindicações e das lutas dos trabalhadores. Colocando nas eleições uma alternativa aos planos da burguesia, nossas lutas por verbas nas estaduais e federais poderiam ganhar um corpo muito mais sólido, rompendo as barreiras do entre a universidade e os demais setores explorados e oprimidos da sociedade.

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