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Teoria

FORMAÇÃO POLÍTICA

O Manifesto Comunista para trabalhadores e trabalhadoras

08 Jul 2012   |   comentários

Nos dias atuais, em que uma grave crise de econômica, similar à aberta em 1929, vem evidenciar o aprofundamento da total e irreconciliável contradição existente entre o modo de produção capitalista, em franca decadência, e as forças produtivas despertadas desde a época do desenvolvimento e da consolidação do próprio capitalismo como novo modo de produção, uma tarefa especial se destaca dentre as muitas tarefas importantes colocadas para os revolucionários; esta é a tarefa de promover o reencontro ideológico da vanguarda, e depois também das massas oprimidas, com a estratégia da revolução socialista, e com o horizonte do comunismo.

Dai a importância de reunir setores da vanguarda operária, para estudar e discutir o conteúdo do Manifesto Comunista de Marx e Engels, escrito há mais de 160 anos, mas que será sempre atual enquanto vivermos sob a opressão da sociedade capitalista.
Nestes dias em que a burguesia lança mão de todos os meios que dispõe para tentar convencer o proletariado e as demais classes exploradas e oprimidas, de que elas não têm outra saída a não ser o desaparecimento na barbárie resultante da ruína para onde o capitalismo agonizante segue arrastando toda a humanidade, é não só possível, mas também, necessário resgatar a historia da luta de classes e demonstrar para a vanguarda e às massas que existe sim outra saída e que essa saída é perfeitamente viável, pois depende tão somente da ação consciente, organizada e revolucionaria das classes exploradas e oprimidas.

É possível e necessário ensinar à vanguarda operaria e às próprias massas, a historia da própria burguesia, que, na sua época, ante a decadência e a ruína da nobreza, do clero e do seu modo de produção feudal, se ergueu como classe revolucionaria, tomou o poder político e ofereceu à humanidade um novo modo de produção que não só superou o feudalismo decadente, mas também permitiu um impulso e um desenvolvimento, até então inimaginável, das forças produtivas.
O legado científico de Marx e Engels, contido no Manifesto, nos ensina que nada do existe foi obra de alguma divindade, e que, tão pouco é produto natural do desenvolvimento histórico das diferentes formas de organização social experimentadas pela humanidade. O Manifesto ensina e permite ensinar, que a opressão e a exploração a que o proletariado está submetido sob o modo de produção capitalista, assim como todas as crises, miséria e barbárie decorrentes disso, foram produtos da vitória da luta revolucionaria da burguesia, organizada como classe ascendente, contra a nobreza e seu modo de produção feudal, ou seja; da vitória da burguesia em sua época revolucionaria, contra a nobreza e clero decadentes, emergiu o capitalismo em substituição ao feudalismo.

A compreensão desse fato pelos trabalhadores, ganha importância de primeira magnitude, pois permite compreender também que se a burguesia, quando foi classe revolucionaria, pôde conduzir o feudalismo à sepultura e impor o seu novo modo de produção, o proletariado enquanto nova classe revolucionária, pode da mesma forma conduzir o capitalismo decadente à sepultura e erguer sob suas ruínas um novo modo de produção alternativo à barbárie e à exploração e opressão capitalista, ou seja, o modo socialista de produção. Este, por sua vez, será somente a transição para uma sociedade nova, completamente livre dos entraves morais, ideológicos, políticos que um mundo regido pelo lucro nos impõe. Uma sociedade comunista, onde, como Marx já dizia: “De cada um segundo suas capacidades, a cada um segundo suas necessidades”1.

Contra a fatalidade histórica apregoada pela propaganda burguesa, o manifesto opõe a ação consciente das classes em luta. Contra as teses dos que, no passado pretendiam reformar o capitalismo e dos que no presente pretendem humanizá-lo, o manifesto opõe a tomada revolucionaria do poder pelo proletariado em escala mundial, a abolição das fronteiras nacionais e a expropriação de todos os meios de produção, como condição para planificação da economia e para liberação das forças produtivas em todo o seu potencial.
Com essa perspectiva, de ajudar amplos setores da vanguarda a romperem o domínio ideológico a que estão submetidos pela propaganda anticomunista desenvolvida pela burguesia, por mais de oito décadas, a reconquistarem a confiança na luta de classes e abraçarem a esperança no futuro comunista da humanidade, que estamos tentando fazer com que o maior número possível de trabalhadores se apropriem dos ensinamentos do Manifesto Comunista e entendam porque e para que os proletários de todo o mundo devem se unir.

Depoimentos de trabalhadores e trabalhadoras que estão participando do grupo de estudos sobre o “Manifesto Comunista”:

O curso sobre o manifesto comunista que estou fazendo com diversos companheiros da LER-QI, tem superado minhas expectativas. Primeiro no sentido de mostrar a imensa importância do manifesto, além de ser um documento extremamente atual, o curso dissipou um preconceito meu, onde julgava o manifesto como sendo escrito de uma forma panfletária. Pelo contrario, passamos em um documento sucinto a ter uma visão geral de como se formou e atua as classes burguesa e operária. Ao contrario, o curso nos revela o manifesto como um dos documentos primordiais para a formação de nossa classe. Muito importante ressaltar, que a leitura e releitura do manifesto se faz muito mais proveitosa quando é acompanhada de discussão criando para mim um grau muito maior de entendimento, para mim está sendo essencial esse formato do curso.André, trabalhador da USP

O Manifesto Comunista é um documento que embora tenha mais de cento e cinquenta anos é muito atual e importante para a classe trabalhadora, de modo que me atrevo dizer que deveria ser disciplina obrigatória em escola pública. Isso ajudaria à juventude a desmistificar o surgimento da classe trabalhadora e, também colaboraria com a formação política/critica de toda uma geração de trabalhadores. Os ensinamentos do Manifesto são de uma importância a qual se renovam através dos anos, explicando de maneira clara e objetiva os acontecimentos históricos do surgimento da classe trabalhadora e como isso se desenvolve nos dias atuais.Eusébio, trabalhador da USP
O curso sobre o Manifesto Comunista tem sido essencial para meu entendimento histórico sobre o surgimento do capitalismo, do comunismo, das classes e da luta entre elas. A leitura e discussão com os companheiros têm sido muito importantes para esse entendimento e também para a visualização da atualidade do manifesto. Além disso tudo, tenho percebido com o decorrer do curso, que a teoria é imprescindível para uma prática coerente.J, trabalhadora da USP

Entramos agora na segunda metade do estudo sobre o Manifesto Comunista e me foi surpreendente a atualidade deste texto escrito há mais de 160 anos. Obtivemos um olhar histórico sobre os conflitos entre as classes oprimidas e os opressores, pudemos entender que os conflitos e as grandes mudanças/revoluções não acontecem o aconteceram ao acaso, mas por grandes mudanças nos meios de produção e nas relações de trabalho. O trabalho é essencial para a vida do trabalhador. Os problemas e as dificuldades dos trabalhadores não podem ser vistos como uma questão pessoal, como muitos trabalhadores vêem ainda, infelizmente. Há toda uma herança histórica para a condição oprimida dos trabalhadores. Somente uma união maciça entre trabalhadores de todos os setores da produção capitalista e de todos os países do mundo possibilitará vencer esta exploração capitalista do trabalhador. No âmbito da USP, onde trabalhamos, vemos cada vez mais ataques contra os estudantes e trabalhadores. O direito democrático dos trabalhadores e estudantes se organizarem em sindicatos e diretórios acadêmicos para lutarem com força política contra o projeto neoliberal, elitista e excludente de privatização da universidade pública é cada vez mais criminalizado por um reitor imposto pelo governo estadual conservador com largo apoio da mídia e da polícia militar (criada na época da golpe militar). Todos estes a serviço das classes dominantes, dos interesses das grandes indústrias, do capital. Em suma, este curso foi para mim muito importante. Foi um elemento organizador dos meus anseios para uma sociedade justa e igualitária. Um elemento importante para contrapor a idéia difundida pelos meios de comunicação que defendem “o fim da História”, ou seja, o fim dos conflitos, o fim da luta de classes, a vitória soberana do poder daqueles poucos que detêm os meios de produção e da exploração sem fim das classes trabalhadoras. É muito importante que este Manifesto escrito no longínquo ano de 1848 seja difundido mais e mais por toda a classe trabalhadora. Nas famílias, nos sindicatos, nas escolas, nas periferias. Todos nós que dele tomamos conhecimento mais aprofundado, passamos a ter responsabilidade de divulgá-lo o máximo que pudermos para conseguirmos combater a exploração do homem pelo homem, a má distribuição de renda que gera tanto a fome como o desperdício.R, trabalhador da USP

Eu acho que a aprendizagem do curso é muito boa, porque além da gente tá relembrando o passado, a gente tá também aprendendo com o passado, que mudou muitas coisas, que ficou melhor pra burguesia, mas para os trabalhadores tá tudo na mesma, só o que muda é como funciona o feudalismo pro capitalismo, mas em termo de como foi o surgimento, de porque aconteceu, é sempre o crescimento em cima dos trabalhadores, e nos estudos a gente vai lembrando como a gente vai poder aprender a luta pelos nossos direitos e direito de todos. O que me chama muita atenção no livro é que eles vão mudando, vai tendo a melhoria de cargos, dessas coisas, e penso que deve ser exemplo e que aqui poderia ser como é na fabrica de Zanon, todo mundo recebendo o mesmo salário, fazendo todas as coisas. Poderia ser um exemplo pra gente no mundo inteiro. Lendo o manifesto, penso que se não lutarmos pros nossos direitos, vai tudo ser a mesma coisa, porque a burguesia tem muito poder e vai fazendo do jeito que quer. O manifesto tá sendo uma lição pra gente, quanto mais a gente estuda, mais a gente vê coisa importante para que tenha forca de vontade de luta pelo mundo inteiro, porque não é só Brasil, Estados Unidos, mas um mundo inteiro que passa as mesmas coisas.Silvana, ex-trabalhadora terceirizada da USP que participou da greve da Dima em 2007

1 Karl Marx. Crítica ao Programa de Gotha. Escrito em 1875, publicado em 1891.

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