Sábado 27 de Abril de 2024

Movimento Operário

ELEIÇÕES SINTUSP

Trabalhadores da USP mostram respaldo à gestão combativa e classista no Sindicato

11 Dec 2013 | Importante participação da base nas eleições garante legitimidade para que o Sindicato continue avançando na luta pela unidade e independência política dos trabalhadores   |   comentários

As recentes eleições no SINTUSP, que se encerraram no último dia 28/11, reafirmaram o rumo combativo e classista na direção do Sindicato, com o comparecimento de cerca de 60% dos filiados, 93% deles a votar na Chapa “Sempre na Luta”, que concorreu como chapa única frente à desistência de participar do processo do setor que faz oposição pela direita, ligado ao PSOL. Nós da LER-QI mantivemos nossa aliança com o coletivo “Piqueteiros e Lutadores” (que tem suas principais referências no companheiro Magno de Carvalho e na companheira Neli Wada) por considerar positivo o balanço da atuação do Sindicato, pela importância do programa classista que viemos batalhando para forjar, e por considerar que as divergências que mantemos, por mais que toquem pontos importantes, devem continuar sendo debatidas com o conjunto da categoria e da vanguarda operária e popular, e não impedem de maneira nenhuma a atuação comum à frente deste Sindicato que é uma referência merecida como ferramenta de luta da nossa classe. Além disso, dessa vez entraram na chapa ativistas ligados ao PSTU e ao movimento Negação da Negação, novos na categoria.

É importante observar que essas eleições ocorreram em um contexto bem particular. Por um lado, todas as mudanças que ocorreram no país após as grandes manifestações de massas no mês de junho, e que colocam desafios novos e maiores para toda a esquerda revolucionária e os sindicatos classistas. Por outro, uma situação interna na USP marcada por três anos da política da gestão Rodas, que foi de tentar combinar a repressão aos setores combativos, e a manutenção e ampliação do trabalho precário via terceirização, com a concessão de benefícios econômicos aos trabalhadores efetivos – como os “bônus” de fim de ano, ou algumas melhoras no “plano de carreira”. Tudo isso com o intuito de tentar “domesticar” essa categoria combativa, e apagar sua grande tradição para os setores mais novos da categoria, já que de fato vem ocorrendo uma importante renovação desde os últimos concursos públicos, e uma parte dos novos funcionários cai na armadilha de imaginar que todas as conquistas e concessões obtidas possam ter vindo de outro lugar que não da própria luta da categoria e da sua ferramenta de combate, o SINTUSP.

Outro fato que poderia ter complicado mais o cenário das eleições foi o fato de haver somente uma chapa, frente à incapacidade de montar uma chapa da oposição pela direita ligada ao PSOL – que sobre isso não só não assumiu nenhuma responsabilidade, nenhuma autocrítica de sua política recuada, como jogou a culpa de sua fraqueza não na reitoria, mas na direção combativa do sindicato, com argumentos absurdos. É uma oposição que se diz de esquerda, mas que não se submete às decisões de assembleia e fez campanha de boicote à eleição, numa posição pró-patronal contra o Sindicato - ao contrário de, legitimamente defenderem uma posição de voto nulo, mas nunca boicotando um processo eleitoral de uma entidade operária. De todo modo, o que é claro é que, sem a competição entre chapas com programas e propostas distintas, o debate político na categoria “esfria”, e a tendência “natural” poderia ser de um maior esvaziamento do processo eleitoral.

Nossa corrente, que conta com figuras reconhecidas na categoria como os companheiros Marcelo Pablito (do Restaurante da Física), Diana Assunção (da Fac. De Educação), e companheiros mais novos como Bruno Gilga (da FFLCH, eleito este ano para o Conselho Universitário), e que impulsiona junto a trabalhadores independentes e de outras categorias o Boletim Classista, ainda que considere o Sintusp um sindicato classista, principalmente por sua atuação frente os processos da luta de classes, seu programa pela unidade das fileiras operárias e vários pontos de seu estatuto, é parte de uma ala no Sindicato que luta para fazer avançar os elementos de classismo na categoria. É nesse marco que, entre outras coisas, queremos abrir a discussão no próximo congresso dos trabalhadores da USP sobre a proposta de que a diretoria do Sindicato passe a incluir todas as chapas que se apresentem nas eleições, com peso proporcional à votação de cada uma delas, pois é a forma mais democrática de expressar as diferentes posições existentes na base da categoria.

Mas o grande fato, é que apesar de todos esses elementos descritos acima, a categoria respondeu ao chamado às eleições, e a Chapa ‘Sempre na Luta’ recebeu praticamente a mesma quantidade de votos que teve nas últimas eleições, antes da gestão Rodas, uma demonstração vigorosa de reconhecimento da base à gestão combativa e classista do SINTUSP.

Uma nova situação impõe novos desafios

Esse é um grande ponto de apoio para responder aos desafios da nova situação no país, após as mobilizações de massas de Junho que desmascararam os governos do PT e PSDB. Um dos principais é ligar a luta dos trabalhadores com nossos métodos de greve e piquete, à luta daquela juventude que tomou as ruas, levantando as respostas necessárias às demandas que foram levantadas pela juventude em junho, como a necessidade da estatização de todo o transporte público, sob controle dos trabalhadores e usuários, única forma de conseguir transporte de qualidade, com passe livre, acabar com os descontos nos nossos salários e com a corrupção! Para isso, é preciso superar o obstáculo da burocracia sindical, que ainda dirige as grandes centrais e a maioria dos sindicatos, e atua pra que isso não possa acontecer, pois o que eles defendem são os interesses do governo e dos patrões.

Fortalecer o trabalho de base e a filiação de novos companheiros e companheiras

Lutamos por um sindicato cada vez mais democrático. Para isso, é preciso fortalecer a participação dos trabalhadores nas assembleias e no Conselho de Diretores de Base, o que exige proximidade do sindicato com os trabalhadores. Por isso viemos defendendo propostas como a rotatividade dos diretores sindicais, e que todo diretor liberado volte a trabalhar após um período, como nosso companheiro Marcelo Pablito fez no último ano.

Mas isso não é tudo. Frente à importante renovação que vem ocorrendo na categoria, com muitos companheiros se aposentando e outros tantos entrando pela via dos últimos concursos, e também frente ao amplo espaço que se expressou durante o processo eleitoral, com muitas companheiras e companheiros demonstrando interesse em fortalecer o Sindicato como ferramenta de luta, achamos que a resposta tem que ser uma contundente campanha de filiação, que ajude a levar a todas essas novas camadas de trabalhadores um pouco do que o Sindicato tem acumulado como tradição de luta, que se expressa não apenas na memória dos companheiros mais antigos, mas também no programa e nos estatutos classistas que o Sindicato defende.

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