Segunda 29 de Abril de 2024

Teoria

SAIU A SEGUNDA EDIÇÃO PELA CENTELHA CULTURAL

Natureza atormentada: marxismo e classe trabalhadora

18 Jun 2012 | Lançamento da segunda edição - ampliada - deste livro de Gilson Dantas. Leia abaixo prefácio e sumário.   |   comentários

Lançamento da segunda edição - ampliada - deste livro de Gilson Dantas. Leia aqui o prefácio e sumário.

Prefácio

Dois textos integram este livro. Ambos estão articula­dos dentro de um único objetivo: estimular o debate sobre a devastação ambiental – sobre o tema ecológico – a partir de um ponto de vista que, procurando ir às raízes do problema, possa suscitar perspectivas de solução e, em especial, a convicção de que dentro das normas de funcionamento da sociedade como ela é hoje, a devastação ambiental não terá fim.

A degradação ambiental da natureza nos atinge a todos, uns mais do que outros, no entanto o debate em torno desse problema planetário está atravessado por enormes ilusões que terminam sendo funcionais para que as coisas continuem como estão, prossigam em seu caminho sinistro. Das crises tipo Fukushima até a contaminação e degradação dos mares, das águas, dos ares, da terra e dos alimentos de diferentes formas, não existe um único espaço vital onde os resíduos químicos, fí­sicos e biológicos não estejam degenerando a qualidade da vida humana pelo planeta afora e atormentando a natureza.

A primeira parte deste livro ocupa-se de discutir aquelas ilusões, dentre elas a das melhorias graduais e parciais, isto é, a crença de que “as coisas estão melhorando” e que ONGs e novas legislações terminarão por nos conduzir para o caminho ecologicamente correto, revertendo os descaminhos atuais.
A outra ilusão, igualmente nefasta porém muito mais su­til e envolvente, inclusive para setores da própria esquerda e de certo marxismo, é a de que o sistema capitalista é reformá­vel; em outras palavras, estamos aqui diante da crença – ali­mentada pela mídia, pela escola e pelos ideólogos da ordem – de que cedo ou tarde conseguiremos reformar o capitalismo para que ele se torne menos destrutivo ou então comece a em­preender uma nova jornada em direção a uma produção não destrutiva e uma preocupação positiva com relação à preser­vação da natureza.

Um dos objetivos deste livro vem a ser o de contribuir para abrir os olhos na direção oposta: o capitalismo é irrefor­mável, pelo voto, pelas boas intenções de um ou outro político, pela ação de todas as organizações não-governamentais juntas.

Nada pode se opor de maneira eficaz à sede de lucro dos gran­des oligopólios capitalistas.

Se forem confiscados, tornados públicos e controlados pelos trabalhadores e pela sociedade, teremos saída, se isto não ocorrer, marcharemos para todo tipo de barbárie, inclusi­ve a ambiental.

Esta é a tese deste livro, que evidentemente não se encon­tra sozinho ao enfocar a questão ambiental nesta perspectiva e que, em sua segunda parte, procura incorporar outras vozes, do campo do marxismo revolucionário, para que diagnóstico e tratamento da doença ambiental encontrem amparo teórico, político e filosófico. Ao final, será estabelecido o diálogo crítico com o marxismo degradado, aquele que unilateralizou a força crítica do pensamento de Marx e que sob a forma dos mal cha­mados partidos comunistas (na verdade stalinistas) tampouco encaminharam soluções para o problema ambiental.
Naquele ponto do livro serão discutidas certas unilatera­lizações do pensamento marxista assim como a questão da de­vastação ambiental nos países auto-proclamados comunistas, as mal-chamadas repúblicas populares. Sem esse necessário balanço não há como falar em marxismo e nem retomar o foco mais adequado para o enfrentamento consequente da crise am­biental, social e política.

Nas duas partes do livro, ainda que de forma preliminar, será abordada a questão da estratégia revolucionária para que possamos – a humanidade trabalhadora –, finalmente, nos por de acordo com a natureza, desenvolvendo uma tecnologia e uma produção que de uma vez por todas, não vise o lucro e nem a produção pela produção e sim a cooperação entre os ho­mens e destes com a natureza.

Ao final deste livro temos três notas sobre a concepção de natureza em Marx, que fizeram parte das reflexões do grupo de estudos de ecologia e marxismo (GEEM), da UnB, no verão de 2010, sob nossa coordenação.

Sumário

Prefácio 05

Natureza atormentada, marxismo e classe trabalhadora 07

Rachel Carson: denunciando a devastação ambiental 50 anos atrás 10

Capitalismo e degradação ambiental sem fim 19

Chernobil e Fukushima 24

Reformas e ecologia 30

Não é o marxismo estúpido! 37

Classe trabalhadora, estratégia e luta ecológica 44

Ecologia e o resgate de Marx: uma necessidade premente para o debate sobre a crise ambiental 49

1. Introdução: o resgate de Marx (elos de continuidade) 50

1.2 A retomada 54

2. Marx e o meio ambiente 59

2.1 A concepção filosófica sociedade-natureza 63

2.2 A falha crescente na relação sociedade-natureza:
a insustentabilidade do desenvolvimento capitalista 71

2.3 A agricultura. A terra 82

3. Uma polêmica: Marx unilateralizado 89

4. Meio ambiente e stalinismo 93

Apêndice: Notas sobre a concepção de natureza em Marx

Marx, a devastação do solo na agricultura capitalista de
larga escala e a questão da falha metabólica na relação
sociedade-natureza 105

Nota sobre a concepção de natureza em Marx e Epicuro 115

As leituras anti-ecológicas do Manifesto Comunista 129

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