Palavra Operária

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O Conselho de Segurança da ONU decidiu no dia 14 de outubro renovar o prazo para a manutenção das tropas, que ocupam o Haiti desde 2004, após a destituição do então presidente Jean-Bertrand Aristide. Sob o comando das tropas brasileiras, a MINUSTAH deve ficar por pelo menos mais um ano cumprindo o seu verdadeiro papel que é propagar a repressão ao povo haitiano, coibindo toda forma de manifestação política que se contraponha aos interesses do imperialismo.

Antes mesmo da renovação do prazo, Luiz Carlos da Costa, o segundo homem do comando das tropas, declarou que o contingente militar deve permanecer no Haiti até 2011 para garantir o que ele chama de “um novo governo com tranqüilidade” . Tranqüilidade que significa a expansão das transnacionais explorando a força de trabalho sob condições semi-escravas (com salários de 1 dólar e 75 centavos por dia), em que os trabalhadores haitianos passam o dia sob a tensão de ter seguranças fortemente armados dentro das fábricas, além de uma permanente perseguição a toda tentativa de organização.

O secretário geral da ONU, Ban Ki-moon, no relatório apresentado nesta semana, defende a manutenção das tropas afirmando que: “A atuação continuada da Minustah ainda é indispensável. Como ficou claro nos eventos de abril, o componente de segurança da missão continua tendo uma participação crítica garantindo a estabilidade do país” . Os eventos de abril foram massivas manifestações do povo haitiano contra a fome ’ situação tão extrema que o povo começou a comer tortas de lama ’, chegando a derrubar os portões do palácio do governo. A estabilidade da qual Ban Ki-moon se orgulha significou seis mortes e o ferimento por bala de 190 pessoas, chamadas de bandidos pelo presidente Rene Préval ’ um fantoche do imperialismo que defende a permanência das tropas e promove a implantação das empresas super exploradoras no país. Enquanto o povo haitiano passa fome, o governo paga 1 milhão de dólares por semana de dívida externa e faz promessas infundadas de melhoras.

Ao anunciar a renovação do prazo, hipocritamente, a Organização das Nações Unidas declarou que "condena vigorosamente as graves violações contra as crianças afetadas pela violência armada, bem como o estupro e outras formas de abuso sexual às garotas". O que a ONU não diz e finge não saber é que são os seus próprios soldados os principais promotores de estupros, prostituição infantil e outras atrocidades. Temos denunciado através do Jornal Palavra Operária a impunidade desses atos, como é o caso de uma adolescente haitiana que denunciou em 2006 ter sido estuprada dois anos antes por um soldado brasileiro e nada foi feito.

No último dia 10, organizações políticas e movimentos sociais convocaram um dia de manifestações internacionais contra a renovação do prazo das tropas no Haiti. No Brasil, correntes petistas, ou seja, ligadas ao governo Lula, fizeram um chamado (“Governo Lula, não renove o mandato das tropas” ), mas sem nenhuma denúncia direta da responsabilidade que tem Lula sobre as atrocidades contra o povo haitiano, e mantendo toda sua submissão ao governo petista.
Frente à renovação do mandato da MINUSTAH, devemos fortalecer as denúncias e manifestações pela retirada das tropas. É somente com a luta do povo haitiano combinada a uma forte mobilização internacional que o imperialismo e os governos subservientes se verão obrigados a retirar as tropas. Por isso, consideramos muito importante dar continuidade à campanha votada pela Conlutas em seus encontros, denunciando aos trabalhadores o papel nefasto do imperialismo, da ONU e do governo Lula.

Fora as tropas do Haiti! Não ao pagamento da dívida externa! Pela auto-determinação do povo haitiano!

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